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Adeus Takata: 1933 - 2017

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E assim chega ao fim a Takata - sinceramente, desde que a historia dos airbags explodiu (literalmente) e com o que se descobriu fico admirado que tenha durado até 2017. Uma empresa que começou em 1933 a produzir cabos de para-quedas entrega agora os papeis de falência sendo os seus bens comprados por 1,588 mil milhões de dólares pela Key Safety Systems (KSS).

A atual Takata será dividida em 2 empresas - a parte boa (que inclui fabricação de volantes e cintos de segurança) transita já para a KSS, enquanto a fabricação dos airbags ainda continua Takata (numa das subsidiarias) até serem fabricadas todas as unidades de substituição necessárias e depois será encerrada. Pelo meio a Takata (não a KSS) ainda terá que chegar a acordo com construtores e consumidores que a processam nos tribunais. 

É importante recordar que até agora já há 17 mortes e 180 feridos atribuídos a estes airbags e calcula-se que a empresa arrisca uma conta final de 10 a 50 mil milhões de dólares por este debáculo.

Segundo a KSS a transição deverá ficar completa durante os primeiros 4 meses de 2018 e a marca Takata será enterrada quando terminar a substituição dos seus airbags - numa cova fundo coberta com cal espero.

A substituição a nível mundial dos airbags continuará e deverá terminar em 2020...talvez. Digo "talvez" porque há um busílis - os airbags da Takata explodem com tal violência que projetam estilhaços metálicos para o interior do veiculo. Isto porque usam nitrato de amónio que por alguma razão (acha-se que combinação de idade e humidade) se degradam explodindo mais violentamente que o desejado. Ora estes airbags com nitrato de amónio estão a ser substituídos por outros airbags com nitrato de amónio excepto que com um químico dissecador que absorve a humidade a temperaturas mais altas...pois, "e será que são seguros" perguntam muito bem. Pois, a Takata tem até ao fim de 2019 para provar que estes novos airbags são seguros e se não o fizer terá que recolher e substituir esses também...ou seja, isto ainda pode demorar!


Para quem acabou de chegar e só agora ouviu falar disto (onde é que andou) creio que o melhor é fazer uma curta cronologia. Para mais detalhes clique na tag Takata.
1933 - Takezo Takada funda a Takata Co para produzir partes de para-quedas;
...
Fim dos anos 90 - a Takata começa a desenvolver e produzir airbags com ativadores de nitrato de amónio;

Inicio dos anos 2000 - alguns gestores são informados de ativadores a explodirem violentamente. Resultados de testes foram alterados para ocultar estes acontecimentos dos clientes;

2003 - Takata informada de um airbag ter explodido ao ser ativado num automóvel na Suiça. Oculta a noticia e não informa ninguém;

2004 a 2008 - a Takata é informada de vários airbags a explodirem violentamente, determina que a causa deverá ser variabilidade de qualidade na produção. Emails internos de executivos da empresa da altura indicam que se discutiu a manipulação de dados de testes;

2008 - A Honda recolhe em todo o mundo 4.000 Civics e Accord devido a airbags que explodem com violência projectando estilhaços metálicos para o interior;

2009 - Executivos de topo da Takata descobrem que dados de testes falsificados foram fornecidos a pelo menos um construtor. Nada é feito;

2010 - Honda recolhe mais automóveis;

2013 - Toyota, Honda, Nissan, Mazda e BMW anunciam a recolha global de 3,4 milhões de automóveis por causa de airbags Takata;

2014
Maio - Takata diz a NHTSA que o problema poderá estar na exposição prolongada a humidade elevada e variabilidade na qualidade da produção;
Junho - Toyota, Honda, Nissan e Mazda expandem recolha global para 10,5 milhões de automóveis; NHTSA abre investigação ativa. Takata fecha-se em copas e não fala de problemas com os ativadores de airbags;
Outubro - A NHTSA expande a recolha nos EUA para 7,8 milhões de automóveis;
Novembro - o jornal New York Times noticia que a direção da Takata ordenou os técnicos que destruíssem resultados de testes comprometedores;

2015
Fevereiro - a NHTSA multa a Takata 14.000 dólares por dia até que esta comece a colaborar com a investigação;
May - NHTSA indica que a Takata admite que "alguns" ativadors são defeituosos. Mais recolhas são iniciadas: Chrysler, Mitsubishi, Subaru e General Motors juntam-se à lista. Recolha ultrapassa as 31 mil unidades;
Novembro - Takata aceita parar a venda e fabrico dos ativadores com nitrato de amónio sem o agente dissecante. Toyota anuncia deixar de comprar ativadores da Takata. Honda acusa a Takata de falsificar resultados de testes de segurança a airbags fornecidos;

2016
Maio - NHTSA ordena a recolha de mais 35 a 40 milhões de ativadores de airbags;
Julho - Honda indica que auditoria inicial prova que a manipulação de dados dos testes de segurança aos airbags produzidos pela Takata era prolifera;

2017
Janeiro - Takata admite ser culpada e aceita pagar uma multa de mil milhões de dólares. 3 executivos são acusados de fraude;
Maio - Takata apresenta prejuízos anuais de 79.6 mil milhões de yenes, o 3º ano consecutivo em perda;
Junho - Takata inicia processo de falência e processo de ser absorvida pela Key Safety Systems.

Takata - luz ao fim do túnel enfim?

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A NHTSA está a estudar a possibilidade de ordenar a recolha de mais 70 a 90 milhões de airbags da Takata nos EUA - para referencia foram, nos EUA até agora recolhidos 29 milhões de airbags. Ou seja, somando tudo estamos a falar de 120 milhões de activadores de airbags nos EUA que podem explodir e ferir (potencialmente de forma fatal) os seus passageiros. Quantos automóveis exactamente não se sabe porque um automóvel pode ter vários airbags da Takata. 

Todos estes airbags usam nitrato de amónia, que se viram o McGyver conhecem o seu poder explosivo - e graças a todas as mentiras e destruição de provas por parte da Takata é provavelmente que muitos não venham a ser recolhidos e continuem à espera de fazer a sua vitima como uma mina anti-pessoal esquecida no campo de batalha. As acções da Takata também torna dificil, se não impossível, encontrar a razão exacta porque é que estes airbags explodem desta forma: a Takata alterou varias vezes a receita e ocultou tudo o que torna o exercício ainda mais complicado, e não permite aos reguladores ordenar correctamente uma recolha. 

Mas estes 120 milhões são então aqueles que a NHTSA pensa ser perigosos - mas quantos airbags é que a Takata fabricou com este activador de Nitrato de amónio? Segundo declarações à Reuters a Takata produziu 260 a 285 milhões de airbags entre 2000 e 2015 que foram vendidos em todo o mundo (se bem que metade ficaram nos EUA) - e como escrevi antes, logo em 2000 surgiram os primeiros problemas. 

Um consorcio de 10 construtores automóveis chamado Independent Testing Coalition (Toyota, Honda, Fiat Chrysler, BMW, Ford, General Motors, Mazda, Mitsubishi, Nissan e Subaru - os mais afetados pelo debáculo da Takata) que foi formado para investigar os airbags da Takata concluiu (com base em testes feitos pela Orbital ATK que constrói sistemas de foguetões para sistemas de defesa militar e industria aeroespacial) que é a combinação de 3 factores que causam a explosão violenta dos airbags: segundo este grupo é o facto que os detonadores de nitrato de amónio foram instalados em estrutras/suportes incapazes de manter a humidade fora dos detonadores (especialmente em climas húmidos) e repetidos ciclos de variação de temperatura (normais das estações do ano mas que significa que quando mais velho o detonador pior fica).
Estes 3 factores juntos: nitrato de amónio, suportes mal concebidos e exposição a calor e humidade criaram esta situação. A Takata já veio a publico dizer que estas conclusões estão de acordo com os testes que efectuou com o Fraunhofer Group. 

Mas, sim há sempre um "mas" - estes testes apenas cobrem 4 dos designs da Takata usados em "apenas" 19 milhões de automóveis e considerados perigosos até Maio de 2015, daí para diante é uma incógnita. Ainda não testaram os airbags que usam o nitrato de amónia em conjunto com químico dissecante que a Takata usou nos últimos airbags - ou seja, o nitrato de amónio se calhar até pode ser seguro. Mas há uma contagem decrescente - se até ao fim de 2019 a Takata não provar que o nitrato de amónio é seguro a NHTSA ira, nos EUA, ordenar a recolha de todos os airbags da Takata com esse químico e aí estamos a falar dezenas de milhões de unidades mais

Mas a investigação da ITC continua - vão agora testar os componentes de substituição e os tais novos detonadores com dissecante. 

Seria simples terminar por aqui, mas claro que há mais uma coisa para complicar ainda mais o cenário - é que a qualidade dos airbags produzidos variava bastante, que segundo documentos internos continuou até decorrer de 2014. Entre os problemas identificados estavam limalhas metálicas dentro da estrutura do airbag, encaixes internos incorretamente montados ou soldados, detonadores defeituosos e componentes internos dobrados ou danificados. Todos ou alguns destes problemas teriam permitido o acumular de humidade no interior contaminando o detonador com os resultados conhecidos. Num memorando interno de 2010 um gestor da Takata mostrava-se preocupado na necessidade de encontrar uma forma de controlar a humidade nestes sistemas e temia que a empresa não fosse capaz de assegurar a segurança dos componentes. Nesse mesmo ano surge um email do controlo de qualidade de pré-produção em que dizia não saber porque é que todos os lotes produzidos falhavam o controlo de qualidade. 

Para ajudar não há airbags de substituição em número suficiente - a Takata contratou a concorrente Autoliv para fabricar elementos de substituição e essa empresa diz que talvez até ao fim de 2017 consiga produzir airbags suficientes. Isto se não forem ordenadas mais recolhas.

Sim, nem uma telenovela portuguesa conseguiria fazer melhor...

Airbags que matam - by Takata

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Tenho seguido com grande atenção o debáculo da GM e da ignição defeituosa que tem todos os elementos de uma tragédia grega - mortes, mentiras, advogados e politica em algo difícil de acreditar que está a acontecer nos tempos modernos. Infelizmente perdi a linha a outro debáculo que decorre em paralelo e com o mesmo cenário: falo da Takata e dos milhares de airbags defeituosos que ao invés de salvar vidas podem matar.

Para quem nunca ouviu falar a Takata é um fornecedor japonês de componentes automóveis principalmente de componentes de segurança como cintos de segurança e airbags e não é propriamente estranha a manobras ilegais - em 2013 3 executivos da Takata deram-se como culpados por tentarem combinar preços com concorrentes para o fornecimento de cintos de segurança às fabricas americanas da Toyota, Subaru, Honda, Mazda e Nissan, sendo a empresa condenada a pagar uma multa de 71.3 milhões de dólares.

Mas com os airbags passamos de crime de colarinho branco a homicídio: ao invés de encherem como deviam estes podem explodir e projectar estilhaços a grande velocidade para dentro do automóvel - e isto já começou em 2001! Mas 13 anos mais tarde parece que nem Takata nem construtores automóveis perceberam de onde vem o problema. O problema é amplificado porque devido aos preços que pratica fornece muitos dos grandes fabricantes de automóveis.
 
Cronologia de uma tragédia
Creio que a melhor forma de ilustrar o problema é uma cronologia desde o inicio:
2001
O arranque da tragédia grega Takata - segundos os registos federais a Takata lançou a primeira recolha de airbags instalados em Isuzu's devido a um defeito de fabrico que faria os airbags explodir violentamente.

2008
Durante 7 anos nada surgiu mas em Novembro de 2008 tudo recomeça com com a Honda a ordenar a recolha de 4.000 automóveis depois de ter descoberto que tinham airbags com deflagradores que explodiam com força excessiva e espalhavam estilhaços metálicos em todas as direcções. Apartir deste ano começa o efeito bola de neve.

2009
Em Maio surge a primeira fatalidade - Ashley Parham morre ao volante de um Honda Accord quando tem um pequeno acidente no parque de estacionamento de um liceu. O airbag explodiu e projectou estilhaços que feriu Ashley no pescoço e matou-a. O caso foi abafado com a Honda e Takata a pagarem à família da vítima.
Em Dezembro mais uma vitima mortal - Gurjit Rathore estava ao volante do seu Honda Accord quando teve um pequeno toque a baixa velocidade próximo da sua casa, mas o airbag explodiu e os estilhaços atingiram várias artérias no seu pesçoco. Ela morreu da hemorragia em frente aos seus 3 filhos.

2013
Em Abril Toyota, Honda, Nissan e Mazda ordenam a recolha de 3,4 milhões de automóveis em todo mundo devido a airbags da Takata. Em Setembro surge a terceira vítima mortal: Devin Xu morre ao volante do seu Acura TL ao ser atingido na face por múltiplos fragmentos provenientes do interior do airbag. Em Agosto um condutor de um Honda perdeu um olho quando o airbag deflagrou e um pedaço de material perfurou o olho direito e cortes na face que precisaram de 100 pontos. Algo que veio a repetir-se em Abril de 2014 um condutor sofreu ferimentos semelhantes, não perdendo a vista porque usava óculos.
 
2014
Em Junho, quando o número de automóveis recolhidos atinge os 10,5 milhões em 5 anos, a NHTSA começa oficialmente a investigar o problema. Em Outubro surge a 4a vitima fatal quando a senhora Hien Thi Tran morre devido à explosão do seu airbag num Honda Accord. A causa de morte inicial foi de esfaqueamento no pescoço e só mais tarde é que se fez a ligação ao airbag - infelizmente esta senhora comprou o seu automóvel em segunda mão e nunca recebeu a informação da recolha.
 
Em Novembro o New York Times cita 2 funcionários da Takata que afirmam que a empresa testou secretamente airbags em 2004, mas depois de os resultados terem sido apresentados à direcção nada foi feito e todos os registos e conclusões foram destruídos. Segundo estes funcionários depois de um acidente em 2004, a Takata começou a recolher airbags de automóveis em sucatas para os testarem. Tudo feito depois dos horários de trabalho e fins de semana para que não houvesse registos e testemunhas. Alegadamente encontraram 2 airbags com rachas em componentes internos. Começou-se a trabalhar numa solução mas o trabalho teria sido interrompido e toda a informação destruída. Segundo as fontes anónimas o vice-presidente da Takata tinha conhecimento destes testes - um problema é que a Takata afirma que apenas começou a investigar o problema em 2008.
Mas segundo estas fontes os problemas de controlo de qualidade vão mais longe e deram vários exemplos - numa situação uma empilhadora deixou cair um contentor de componentes de airbags e não foram inspecionados antes de os colocarem na linha de montagem. Noutra situação descobriu-se que camiões de transporte de componentes estavam a deixar entrar água e mesmo depois de se ter descoberto uma solução não foi aplicada devido à pressão para assegurar o ritmo de produção.
 
Claro que a Takata veio disputar esta noticia do New York Times - segundo eles os testes que fizeram foi na procura de rupturas nos sacos insufláveis/almofadas e não de rupturas nos deflagradores como noticiado.
 
Ainda em Novembro surge também a 5ª vitima fatal e primeira fora dos EUA - segundo o New York Times uma mulher grávida morre au volante de um Honda City quando o airbag deflagrou num acidente. Este acidente arrancou outra recolha de 170.000 automóveis Honda na Europa e Ásia.
 
 
Concluindo
E tal como a GM terá uma visita ao senado americano. Que se sentir tentado a traçar um paralelo há um factor muito importante sobre como ambas as empresas lidaram com a situação - Mary Barra deu o corpo ao manifesto, já o CEO da Takata Shigehisa Takada simplesmente pirou-se.
 
A verdade é que ninguém sabe exactamente o que há de errado com estes airbags do inferno. Depois da recolha de 2001 a Isuzo disse que o deflagradores eram potentes demais. Em 2013 a Honda disse que "era possível que o deflagrante não estivesse conforme as especificações". Já quando a NHTSA estudou as recolhas de Novembro de 2009 e Maio 2010 (que a Takata disse que o problema tinha sido causado pela exposição dos deflagrantes a humidade) concluiu que a mais provável origem do problema vinha de um problema da produção doas pastilhas do deflagrante que não eram suficientemente densas e daí susceptíveis a combustão excessivamente violenta. E segundo o NHTSA nenhuma das recolhas entre 2008 e 2011 tinha algo a haver com condições atmosféricas - algo que choca com muitos "peritos" que dizem que com a humidade acumula-se com o tempo e isso causa a explosão. Depois de os airbags terem deflagrados não é possível saber o que errado há com eles.
 
Os americanos estão a recolher e analisar airbags para tentar descobrir algo que possa justificar este comportamento. Esperemos que alguém chegue a uma conclusão - desde 2008 até este momento, mais de 11 milhões de automóveis de 10 construtores diferentes (se bem que a Honda é o maior cliente e todas as vitimas mortais foram em Honda's) foram recolhidos devido a estes airbags.

Honda conspira com a Takata?

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A Honda pode ter dado um monumental tiro no pé expondo-se a ser considerado cúmplice da Takata em todo este debáculo dos airbags. Segundo a Reuters em Agosto de 2009 a Honda fez a ligação entre 1 morto e 4 feridos (a contagem até essa altura) com os airbags da Takata e pediu em segredo uma alteração aos airbags e não disse nada a ninguém, incluindo as autoridades. Ou seja, temos a possibilidade que a Honda sabia e compreendia os riscos dos airbags da Takata muito antes de 2014 quando começou a recolher grandes números de automóveis. Arrisca-se agora a sentar-se ao lado da Takata como cúmplice no banco dos réus de muitos processos legais. Isto, pessoalmente, é dizer pouco: a tal como a Takata, a Honda pode ter sangue nas mãos.
Esta modificação, que surge em documentos internos da Takta e Honda entre 2009 e 2011, basicamente resume-se a acrescentar aberturas para evacuar o gas gerado excessivamente. A lei americana obriga a que os construtores automóveis comuniquem riscos de segurança e ações tomadas para os evitar à National Highway Traffic Safety Administration.

A Honda diz que não precisava de comunicar o redesenhar do airbag porque o risco de segurança era "um erro de produção da Takata" e não um "erro de design do componente". Que o pedido de alteração era uma proteção para futuros erros de produção e não um admitir que havia algo de errado com os airbags. A Honda começou a instalar estes detonadores de airbags em apenas alguns automóveis em 2011 e ainda o faz.

A NHTSA ainda não se disse nada sobre se a Honda tinha ou não obrigação de avisar as autoridades sobre esta alteração.

A Takata apenas confirmou que testou e implementou (produziu) várias versões do activador melhorado com base nos pedidos de um cliente do sector automóvel. Recusou-se a identificar o cliente ou comentar as afirmações da Honda. Mas vale a pena relembrar que a Honda é a maior cliente e até detém parte da Takata.

A desculpa da Honda de problema de fabrico versus design é um pormenor que não cola - é como dizer que é um problema do fornecedor não seu, logo não têm que falar acerca disso. Não, a Honda (e qualquer outro construtor automóvel) é responsável por todos os componentes dos seus automóveis logo responsável por comunicar se houver um problema sério com um qualquer componente.
E se era necessária alteração do componente estão a concordar/admitir que há algo de errado com esse componente e neste tipo de sistemas tinham a obrigação legal de informar as autoridades. Prova disso é que desde 2008 a Honda já recolheu 8.5 milhões de automóveis devido a airbags da Takata e automóveis da Honda já foram associados a 9 mortes e 90 feridos nos EUA - mas todas ocorreram em automóveis com os airbags pré-alteração

Takata mata mais um e arranca nova recolha

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Foi confirmada que a morte em Dezembro de um homem ao volante de um Ford Ranger na Carolina do Sul foi devida a um airbag lateral da Takata que explodiu violentamente demais. É a décima morte associada aos airbags da Takata mas a primeira sem ser a bordo de um Honda.
Segundo a NHTSA, destes 5 milhões de automóveis agora a recolher 1 milhão contêm airbags laterais semelhantes aos desta Ford e os restantes 4 milhões são veiculos da Honda, Ford, Mercedes, BMW, Mazda, Saab e Audi/Volkswagen que vão também ser inspecionados como resultado de testes a airbags da Takata. Neste momento a Takata sozinha causou a recolha de 24 milhões de automóveis só nos EUA, sem contar os afectados na EUA. 

Mas não acaba por aqui, como ainda ninguém conseguiu concluir definitivamente qual é o problema (não ajuda a Takata ter falsificado e destruído informação) a NHTSA já disse que se a Takata não provar definitivamente até 2018 que o uso de nitrato de amónio é seguro em airbags que irá obrigar à recolha de mais automóveis - segundo a NHTSA esta-se a falar de dezenas de milhões de automóveis! 

Isto ilustra um ponto muito interessante - os riscos de grande parte da industria usar um unico fornecedor para um determinado componente. É por isso que Volkswagen andou anos a desenvolver e testar a plataforma modular MQB - se tivesse um problema iria afectar milhões de automóveis. Curioso que os organismos como a NHTSA e EuroNCAP testam os automóveis completos, mas não testam determinados componentes individuais - será que este debáculo da Takata vai despoletar testes a componentes como airbags, sistemas de ABS, pneus e outros? 

E nesse tema a Takata vai reunir-se com os construtores para negociar ajuda financeira e desmontar alguns rumores sobre os produtos da empresa - é que a empresa japonesa pode ser vir a ter que compensar os construtores automoveis pelas recolhas que estão a ser feitas e como disse acima a conta não pára de crescer. Segundo uma fonte interna a Honda e Nissan já foram contactadas para essa reunião.
Não há grandes detalhes mas o mais certo é termos a Takata a oferecer generosos descontos em componentes por troca das "ajudas".

Só não acerto no EuroMilhões com a Takata

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Recentemente escrevi sobre a falência da Takata e do processo que irá correr até ao enterro numa cova funda coberta com cal - principalmente sobre a substituição a nível mundial dos airbags que continuará e deverá terminar em 2020. Talvez...
Na altura escrevi "talvez" porque isso dependia se os airbags de substituição fossem seguros - a única diferença entre os airbags que explodiam e os novos de substituição é que estes têm um químico dissecador que absorve a humidade a temperaturas mais altas (acha-se que combinação de idade e humidade torna o nitrato de amónio instável). Ora apenas a Takata usa nitrato de amónio em airbags portanto não há forma de saber se isso basta.

A NHTSA determinou que a Takata tem até ao fim de 2019 para provar que estes novos airbags são seguros e se não o fizer terá que recolher e substituir esses também...Pelos vistos segundo a Reuters isso pode vir a acontecer.

Poucos dias depois da NHTSA anunciar que testes aos novos airbags da Takata indicaram que 2.7 milhões de um total de 100 milhões de unidades de substituição estavam defeituosas (tendo sido trocado o agente dissecador para outro composto) vários especialistas em explosivos estudaram o problema e parece (novamente, segundo especialistas em explosivos) que a adição do tal agente dissecador pode simplesmente adiar o problema - não o resolve.

Keiichi Hori, supervisor para o sector automóvel na Japan Explosives Society (sociedade japonesa de explosivos), disse que o agente dissecante pode reduzir mas não elimina o risco de explosões descontroladas. O problema é que o nitrato de amónio é volátil demais e até ex-funcionários da Takata dizem que isto é apenas uma manobra de ganhar tempo, que mais cedo ou mais tarde também estes airbags vão ter que ser recolhidos por alguém. Claro que nessa altura a Takata já não existe e isso significa que os construtores automóveis vão ter que pagar a conta.

Quanto tempo? Os airbags originais que iniciaram toda esta telenovela não explodiam imediatamente após a tal exposição ao calor e humidade - em média parece que estes airbags tinham mais de 5 anos de uso antes do nitrato de amónio se tornar volátil demais e explodir violentamente. Estes novos airbags podem ser estaveis durante mais tempo, quanto mais tempo é uma boa pergunta.

A única luz ao fim do túnel (curiosamente vem dos Americanos) é que a Takata tem até 2019 para provar que estes novos airbags são seguros e na ausência de tal prova até esses tais 100 milhões de novos airbags de substituição vão também ter que ser recolhidos.

Apenas para relembrar, 13 mortes estão confirmadas a estes airbags da Takata, com mais 4 ainda a ser investigadas mas fortes indicações de serem também por estes airbags.

Takata - telenovela continua

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Há muito que esta recolha dos airbags da Takata tornou-se na maior recolha automóvel e pelas ultimas noticias vai continuar a crescer com mais recolhas anunciadas no Japão e EUA (na Europa também provavelmente mas não comunicaram esses números) e vai demorar anos até terminar esta telenovela - a sobrevivência desta empresa parece cada vez mais difícil. Para referencia, em apenas ano a Takata perdeu 75% do valor de mercado.

Em Março a Takata apresentou os seus resultados do ano anterior e teve uma perda de 121 milhões de dólares - que não inclui a totalidade dos custos da recolha dos airbags, que tem sido suportado pelos construtores. Mas tal como o Titanic a Takata tem um icebergue no seu caminho - um icebergue de 9 biliões de dólares que é o que poderá vir a ter de pagar em custos de recolha se se chegar à conclusão que a empresa é culpada por todo este debáculo. O factor importante é que a empresa não tem 9 biliões de dólares portanto pode ser terminal.

Americanos e Takata confirmam recolha de mais 35/40 milhões de airbags
O Departamento de transportes norte-americano e a Takata confirmaram que vão ser recolhidos mais 35 a 40 milhões de airbags produzidos pela empresa japonesa até 2019. Que somam aos já recolhidos: só nos EUA já foram recolhidos 24 milhões de automóveis e um total de 28.8 milhões de airbags em 14 construtores automóveis - agora 17.
Esta decisão é baseada nas conclusões da NHTSA e investigadores sobre porque é que os ativadores da Takata explodem tão violentamente - é uma combinação de idade/tempo e flutuações de temperaturas ambientes que degrada o nitrato de amónio utilizado nos airbags.
Esta recolha não inclui os airbags que foram produzidos mais tarde com um dissecante (substancia que absorve humidade) - ainda não surgiram acidentes com estes, mas a NHTSA já veio dizer que também está de olho nestes

Mas não acaba aí - o governo japonês pediu a recolha de 7 milhões de airbags em automóveis vendidos no Japão. "Pedido" porque é uma medida preventiva e se os construtores cumprirem, só no Japão, 20 milhões de automóveis terão sido recolhidos por causa dos airbags da Takata.

Takata - mentirosa compulsiva?

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Há pouco tempo escrevemos como a Takata tinha falsificado/alterado resultados de alguns testes de qualidade de airbags destinados à Honda - e a ideia era que foi algo feito apenas para alguns modelos de airbags, mas agora segundo uma auditoria interna veio-se a descobrir que afinal era pratica normal os engenheiros apagarem os resultados de testes para reduzir a variabilidade da performance dos airbags - não porque eram maus resultados mas porque os resultados que sobravam eram melhores.
O relatório completo da auditoria ainda não é conhecido mas parece que poderá ser o prego final no caixão do negócio de airbags da Takata - a Honda (a maior cliente da Takata) já disse que os modelos em desenvolvimento não usam airbags deste fornecedor.

Mas não foi só nos relatórios dos airbags da Honda - algumas semanas atrás engenheiros da Takata (atuais e ex-engenheiros) disseram em deposições a tribunal (num processo de morte por airbag de 2000) que a Takata também "editou" relatórios para a Toyota, Nissan e General Motors. Em particular as declarações de Kevin Fitzgerald, que deixou a Takata em 2014 - em 2005 ele detetou que um seu colega chamado Shinichi Tanaka tinha editado os resultados dos testes de um airbag para a Nissan e participou o facto aos seus gestores e advogados da empresa. E qual foi a medida corretiva que aplicaram? Promoveram Shinichi Tanaka para chefe de Kevin Fitzgerald...a sério.

A Takata ainda não se pronunciou sobre estas declarações. Esta primeira auditoria interna apenas focou os airbags da Takata enviados para o mercado norte-americano e está quase terminada - mas não é o fim: em seguida a auditoria continua para os airbags distribuídos mundialmente que poderá demorar mais 3 meses.

Takata - novidades

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Todos falam e opinam sobre o dieselgate e o grupo Volkswagen mas poucos falam dos airbags da Takata que nem bombas relógios à nossa frente à espera de uma desculpa para explodirem e encherem o habitáculo de estilhaços metálicos - um problema que teve a sua primeira fatalidade em 2001. Apesar do problema afetar automóveis na Europa, apenas a NHTSA parece estar a investigar a situação e chegou à conclusão que durante os 6 anos que investiga este problema a Takata em dificultado deliberadamente as suas investigações.
Aparentemente ao invés de colaborar com a investigação, a Takata tem fornecido informação incompleta ou incorreta aos investigadores, e a NHTSA multou a Takata 70 milhões de dólares e pode ir até aos 200 milhões se certas condições não forem cumpridas - incluindo terminar as reparações dos 19 milhões de airbags (nos EUA) até 2019. E por que é que demora tanto tempo a substituir airbags? É preciso fabrica-los porque não há airbags suficientes no mercado.

A Takata terá um supervisor independente pelos próximos 5 anos e terá de deixar de usar o nitrato de amónia nos seus airbags - ainda não há uma conclusão definitiva que o problema é este explosivo, mas há pistas suficientes para a NHTSA proibir a sua produção. A idade e humidade ambiente também parecem ter forte influencia. Já 8 mortes confirmadas e cerca de 100 feridos com estes airbags.

Pelo meio (segundo a Detroit News) a Honda, uma das empresas que inicialmente apoiou a Takata quando isto explodiu (literalmente), já disse que vai deixar de trabalhar com a Takata. Não me surpreenderá se outros não seguirem o exemplo.

Takata sabia desde 2000 dos airbags defeituosos

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Se há algo que me revolta (além de João Galamba) é que ninguém fala da Takata que matou 11 pessoas e cada vez mais provas surgem de que sabiam do problema e encobriram tudo - mas a Volkswagen merece arder no inferno para toda a eternidade pelo dieselgate. Perdoem a tirada ao estilo Antigo Testamento, deve-se a mais uma noticia de que a Takata sabia/suspeitava de que algo de errado e destruiu provas.
Não é primeira vez que esta acusação vem a publico - em Novembro de 2015 o Wall Street Journal noticiou que a Takata ignorou avisos de empregados preocupados com a manipulação de dados de testes enviados à Honda em 2000; agora é o New York Times que cita testemunhos de um ex-funcionário da Takata, que fazem parte de um processo legal que envolve um Honda Civic de 2001, em que este revela que ao tentar examinar peças de um airbag que falhou em testes para a Honda em Junho de 2000 descobriu que tinham sido destruídos por ordem do então vice-presidente da engenharia na Takata Al Bernat. 

Primeira regra de quando tentas encobrir algo - destrói as provas.

O melhor foi a resposta do advogado da Takata a esta acusação - disse que não é verdade e que pelo contrário o airbag passou nos testes. Só dois problemas com essa resposta: primeiro é que destruíram as provas materiais e segundo a Takata já admitiu que falsificou resultados de testes!!!

Takata - mais 12 milhões de airbags acrescentados à lista

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A telenovela Takata continua a crescer a olhos vistos, 8 construtores anunciaram que vão recolher mais 12 milhões automóveis no mercado norte-americano devido a airbags da Takata - desta vez airbags laterais do passageiro dianteiro, até agora eram airbags de condutor.
Mas não é só nos EUA, no Japão o ministério dos transportes ordenou a recolha de mais 7 milhões de automóveis equipados com airbags da Takata.

E o final parece próximo para a Takata, pelo menos na sua forma actual - o fundo de investimentos KKR & Co está a negociar para entrar no capital da Takata e tomar conta da empresa - tendo em conta a história recente, não vai ter que entrar com muito dinheiro para comprar a Takata.

Takata volta a matar

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Depois de um período de calma a Takata voltou às noticias - um camião que transportava detonadores/ativadores de airbags com nitrato de amónio da Takata esteve envolvido num acidente rodoviário e explodiu matando um mulher.
Este é o mesmo tipo de ativador/detonador de airbag usados nos airbags que estão a ser recolhidos por todo o mundo. Para terem uma ideia da explosão a vitima mortal era uma mulher de 69 anos que estava à porta da sua casa próxima da explosão e depois de 2 dias à procura dela chegaram à conclusão que o seu corpo foi despedaçado na explosão.

E há mais - o jornal The New York Times publicou um artigo interessante sobre como no final dos anos 90 a Takata entrou no mercado dos airbags com um modelo que era 30% mais barato que a concorrência. Impressionada a General Motors foi ter com a Autoliv, que até à altura usava airbags deles, para ver se estes podiam apresentar um preço comparavel ao da Takata.

Surpreendidos pela diferença de preço a Autolive testou os airbags e chegou à familiar conclusão que não eram seguros, que explodiam e projetavam estilhaços metálicos durante os testes. E apesar de terem mostrado todas essas provas à GM, a marca americana decidiu mesmo assim comprar os airbags da Takata. 

Até agora não houveram problemas com os airbags da Takata em automoveis da GM (tem sido principalmente automoveis da Honda) e a marca americana não quer falar nisso porque segundo eles "isto foi na velha GM, e nós somos a nova GM", ou seja, é um problema da empresa falida não da que saiu da falência.

Takata volta a matar

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11 vítimas mortais por airbags Takata confirmadas - segundo a Takata houve mais uma vitima desta vez na Índia envolvendo um Honda Civic de 2007.
E a Honda vê-se a recolher mais 2.23 milhões de automóveis por causa dos airbags da Takata - neste caso o airbag lateral do condutor PSDI-5 - segundo a Takata, no total foram produzidos e vendidos 3,9 milhões destes airbags, os PSDI-5 podem explodir violentamente causando ferimentos potencialmente fatais aos ocupantes do automóvel.

Neste momento, nos EUA até Dezembro já estavam com ordem de recolha 19 milhões de automóveis para um total de 23 milhões de activadores de airbags feitos pela Takata e na semana passada já tinham sido acrescentados mais 5.1 milhões de airbags laterais do condutor incluindo os acima citados - portanto quase 30 milhões de airbags.

Takata - mais noticias

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De repente começou-se a falar da Takata e dos airbags defeituosos em Portugal - algo que já aqui tínhamos falado, mas houveram algumas actualizações neste debáculo que é importante falar e esclarecer alguns pontos porque recebi alguns emails e porque mais ninguém parece interessado em falar no tema como deve ser.

Antes de mais, o mais importante é que depois de meses da andaram a dançar em torno da questão a Takata aceitou enfim que afinal o problema era dos airbags e não apenas "de erros na manipulação de componentes durante a fabricação que na presença de humidade elevada em alguns estados que afectava alguns airbags" - isso significa que aceita que mais de 34 milhões de automóveis podem ter airbags defeituosos. 
Mas fica pior - é que a Bloomberg esteve a investigar porque é que este problema afecta apenas automóveis produzidos antes de 2008, e pelos vistos descobriu que em 2008 a Takata percebeu que havia algo de errado com o seus airbags e mudou secretamente a receita do químico usado. Mas não disse nada a ninguém ou tomou medidas para retirar os airbags defeituosos do mercado. Simpáticos...

Pode parecer simples, é apenas necessário substituir airbags: isso é um problema porque simplesmente não há airbags suficientes no mercado - ainda têm ainda de ser fabricados, o que significa que a troca poderá demorar anos.
Nos EUA, esta recolha afecta automóveis da BMW, Chrysler, Daimler Trucks, Ford, General Motors, Honda, Mazda, Mitsubishi, Nissan, Subaru e Toyota - e nos próximos dias eles vão anunciar que modelos são afectados nos EUA. 

E então na Europa?
Não há uma informação que diga exactamente que este ou aquele automóvel tem airbags defeituosos da Takata, mas pesquisando por recolhas em curso em Portugal que incluem a possibilidade de airbags que podem explodir violentamente e encontrei estas informações sobre os Honda Civic e Jazz e Toyota.

No resto da Europa também só encontrei estas recolhas com a informação "Airbags que geram pressão excessiva e que podem projectar fragmentos de metal": 
- na Alemanha os Nissan Pathfinder, Patrol, Pick-up, Terrano 2, X-Trail produzidos entre 2000 e 2003;
- no Reino Unido os Honda Accord (JHMCL7**03C208010 a JHMCN2**04C201797), Civic (1HGEM2**03l600323 a 1HGEM2**04L600407 e JHMES9**03S200092 a JHMES9**04S201251), CR-V (SHSRD8**03U107168 a SHSRD8**04U209338), Jazz (JHMGD1**03S211931 a JHMGD5**04S201690) e o Stream (JHMRN1**03C200525 a JHMRN3**04C200767;

Irei ficar atento a esta questão e actualizar se necessário.

Takata ocultou provas propositadamente?

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O Wall Street Journal publicou um artigo em que acusa a Takata de saber dos problemas com os seus airbags desde a decada passada e que destruiu provas de testes internos.

Segundo o WSJ, que esteve a rever documentos submetidos pela Takata no ambito da investigação, os engenheiros americanos daquela empresa tinham preocupações relativamente a dados de testes "alterados/manipulados" durante o período de 2000 a 2010 - segundo estes os colegas japoneses estavam a enterrar resultados não conformes de testes e a alterar outros resultados de testes de validação feitos para provar que airbags estariam conforme as especificações do construtor. Estes memorandos chegam a indicar a Honda como a empresa que recebeu estes relatórios manipulados.

A Takata já respondeu afirmando que o artigo do WSJ refere informação que não tem nada a ver com os airbags defeituosos, que num caso o actuador do airbag foi corrigido e noutro nem chegou a ser produzido. Já relativamente à manipulação dos resultados de testes acusa os seus trabalhadores de o fazer para cumprir datas limite para produção.

Se o WSJ está ou não a misturar as coisas (não me surpreenderia sendo um jornal do senhor Rupert Murdoch) mas a verdade é que a Takata admite que os seus trabalhadores falsificaram testes de segurança e conformidade em airbags. E não pense que é só nos EUA porque estes airbags chegaram cá.

Airbags Takata - vídeos

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Outro debáculo que seguimos com grande atenção foi o da Takata e dos milhares de airbags defeituosos que ao invés de salvar vidas podem matar - ao invés de encherem como deviam estes podem explodir e projectar estilhaços a grande velocidade para dentro do automóvel - e isto já começou em 2001! E a Takata sabia disso e tentou encobrir todo este problema - que resultou na maior recolha de sempre do mundo automóvel. Encontrei esta reportagem da 60 Minutes Australia e 2 outros vídeos interessantes: uma simulação da Toyota de como explodem e outro sobre equipas moveis da Honda que percorrerem os concessionários de automoveis à procura destes airbags.



Simulação da explosão de um airbag Takata


Equipas moveis da Honda procuram e substituem airbags Takata in loco

Lista da Takata pode crescer

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Como todo os burburinho em torno da Volkswagen e o DieselGate é fácil esquecer que há outros escândalos com a industria automóvel a decorrer, e este até envolve automóveis na Europa - os airbags da Takata.
Segundo a  Bloomberg o regulador americano esta a ponderar expandir a recolha dos airbags e contactou 7 construtores que podem estar afectados - de Julho até agora a NHTSA contactou a Volkswagen, Tesla, Mercedes, Jaguar Land Rover, Suzuki, Volvo Trucks e a Spartan Motors empresas que a Takata identificou como terem fornecido airbags com nitrato de amónio. Neste contacto a NHTSA quis saber se as marcas preparavam a sua própria recolha e se uma fosse ordenada pela NHTSA que problemas poderiam ter. A carta seguiu a semana passada e as marcas têm 21 dias para responder.

Até agora estão contabilizados 8 mortos e mais de 100 feridos devido a estes airbags que explodem sem provocação e com força excessiva levando à projecção de fragmentos metálicos dentro do habitáculo do automóvel. Ainda não se concluiu com toda a certeza sobre a razão destas explosões violentas, mas o consenso parece ser que este explosivo (que apenas a Takata usa em airbags) torna-se muito instável com a idade e humidade elevada. Para mais informação cliquem na tag Takata.

Ford larga Takata

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Da ultima vez que falamos da Takata esta estava em maus lençóis tendo perdido completamente a Honda e com a Toyota, Mazda, Subaru e Mitsubishi também a contemplar a possibilidade. Pois parece que os lençóis ficaram ainda piores porque a Ford acabou de anunciar que também que ira deixar de usar airbags da Takata. 
Algo compreensível quando descobrimos que temos que recolher 1.509.535 automóveis equipados com airbags da Takata que até agora estavam conformes e agora não estão. No total mais de 19.2 milhões de airbags estão a ser recolhidos nos EUA, mas também chegaram à Europa. Claro que recolher os airbags é apenas uma parte da história - é que estamos todos muito revoltados com a Volkswagen e o escândalo das emissões que ninguém fala da Takata que tinha conhecimento de problemas com os seus airbags desde 2004 mas ao invés de avisar as autoridades ordenaram a destruição de dados e provas.

Takata - 4 Construtores chegam a acordo

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Mais noticias da Takata e dos seus airbags explosivos - 4 construtores chegaram a um acordo de 553 milhões de dólares para encerrar processos de compensação por perda de valor comercial de quase 16 milhões de automóveis com airbags defeituosos da Takata instalados.
A Toyota entrou com 278,5 milhões, a BMW com 131 milhões, a Mazda com 76 milhões e a Subaru com 68 milhões de dólares. Ainda há processos idênticos a decorrer contra a Honda, Ford e Nissan mas ainda não há acordos ou julgamentos.

Para quem não tem seguido o debáculo dos airbags da Takata (clicar na tag Takata para todos os posts sobre este tema) o explosivo no interior que é suposto gerar o gás que enche o airbag explode com tal força que atira estilhaços metálicos para o interior do automóvel - até agora foram atribuídas 16 mortes e mais de 180 feridos a estes airbags, que estão a ser recolhidos por todo mundo: aproximadamente 100 milhões de airbags em 19 grandes construtores automóveis.

É até agora a maior recolha de automóveis de sempre por defeito de um componente.

Toyota, Mazda, Nissan e Honda recolhem airbags

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O problema com as economias de escala - quando algo corre mal, corre muito mal. Exemplo claro disso a recente ordem de recolha mundial de 3,4 milhões de automóveis da Toyota, Nissan e Honda devido a airbags defeituosos fornecidos pela empresa Takata Corp. A Toyota esta a recolher 1,73 milhões de automoveis produzidos entre Novembro 2000 e Março de 2004 (destes 490.000 estão na Europa), a Honda esta a recolher 1,14 milhões de unidades (64.000 na Europa), a Nissan 480.000 unidades e a Mazda 45.463 unidades.

Curiosamente já não é a primeira vez que oiço o nome da Takata associado com problemas - em 2012 a Honda recolheu pouco mais de 427 mil automóveis devido a problemas com airbags da Takata. Mas há outros clientes a quem a Takata entregou airbags defeituosos mas recusou identificá-los - isto porque no Japão e EUA estas acções são publicas enquanto na Europa ainda não há legislação que o obrigue. Mas na lista de clientes da Takata está a Ford e Daimler\Mercedes portanto fique atento à sua caixa de correio. 

Pelos vistos alguns airbags instalados no passageiro dianteiro podem, em caso de acidente, não encher completamente ou incendiar-se devido a um problema com a substancia que enche o airbag.

Regularmente abordamos aqui no 4R1V estas noticias, mas esta recolha estava noticiada por todo o lado normalmente associada a textos alarmistas e negativos quando é o oposto. Temos construtores a preocuparem-se e a vigiar a qualidade dos seus produtos ao longo do tempo e a tomarem as suas responsabilidades - não a fugir dos problemas e depois voltar como comentador politico na RTP a dizer que não teve culpa nenhuma.

Os componentes automóveis são desenvolvidos com especificações muito exigentes e testados à exaustão - e normalmente o problema é quase sempre humano. Neste caso, o que aconteceu foram 2 erros humanos durante a produção - um trabalhador esqueceu-se de activar um sistema que detectava produtos defeituosos e um erro no armazenamento de componentes fez com estes fossem expostos a humidade. É também um sinal dos tempos - com a guerra de preços os construtores dependem cada vez mais de uma mão cheia de fornecedores e quando algo corre mal num destes fornecedores o impacto é grande. Agora percebe-se porque é a Volkswagen andou anos a testar a plataforma MQB antes de a pôr no mercado.