Recentemente escrevi sobre a recente condenação da Tesla e do Autopilot como parcialmente responsável por um acidente fatal, e como a Tesla puxou todo o gênero de manobras (arrisco ilegais) para tentar fugir à condenação...tudo menos aceitar o acordo de 60 milhões de dólares proposto pela família da vitima antes de ir a julgamento que saiu completamente furado. Mas isso não interessa - a verdade é que esta decisão é um primeiro tiro no porta-aviões da Tesla e em outubro um segundo tiro/processo que decorre nos tribunais da Califórnia poderá seriamente abrir esse rombo que é a pretensão de que a Tesla tem um produto valido.
Creio que há quase uma década que a Tesla promete automóveis capazes de se conduzir sozinhos aka autônomos - há várias compilações online de Musk a dizer "condução autônoma para o ano" para quem quiser ver. Mas enquanto adia a promessa a Tesla vende versões dessas tecnologias a milhares de pessoas por todo o mundo - o Autopilot e o Full Self Driving. É isto que faz a Tesla uma das empresas mais valiosas no mundo, porque não é uma empresa que constrói automóveis é uma empresa de tecnologia tal como a Microsoft ou Nvidia.
Mas esta diferença entre promessas e a realidade tem consequências - todos nós certamente já lemos noticias de acidentes fatais que envolvem Teslas, e há cada vez mais provas que esses acidentes acontecem porque as pessoas acreditam na Tesla e Musk quando vendem algo chamado "full self driving" ou condução totalmente autônoma e "Autopilot" ou piloto automático. Curiosidade: inicialmente sobre este ultimo sistema - os engenheiros da Tesla chamavam-no de "Copilot" mas Musk ordenou que fosse batizado "Autopilot".
Há um processo a decorrer na California aberto pela California Department of Motor Vehicles que se arrasta desde 2022 e que acusa a Tesla de enganar os consumidores sobre as capacidades de condução autónoma do "Autopilot" e "Full Self-Driving". Este processo deverá terminar em outubro e se condenada a Tesla terá que indemnizar os seus clientes, fica proibida de vender veículos durante 30 dias na California (o seu maior mercado nos EUA) e abre as portas para uma enxurrada de outros processos legais.
E tudo porque Musk teima que câmaras (Tesla Vision) bastam quando toda a restante concorrência (Waymo e por diante) usa o altamente preciso Lidar (lasers) para analisar o próximo, radares menos precisos para ver ao longe e câmaras para unir as duas primeiras tecnologias. Tudo para que a Tesla possa dizer que vende um automóvel elétrico autônomo a um preço acessível - como tudo nos EUA, é tudo acerca do dinheiro.
Citando diretamente o juiz de Florida que condenou a Tesla: "Tesla acted in reckless dissregard of human life for the sake ou developig their poduct and maximizing profit" ou Tesla agiu com total desrespeito à vida humana em prol do desenvolvimento de seu produto e da maximização do lucro.
Se querem números concretos sobre as consequências da "maximização do lucro" acima citada - a Tesla usava câmaras e radar até outubro de 2022, altura em que passou só a usar câmaras. Segundo analise de dados da NHTSA pelo jornal Washington Post de 2019 a 10/2022 nos Model Y e 3 foram registados 34 eventos de travagem fantasmas, mas nos restantes 3 meses de 2022 foram registados 107 eventos de travagem fantasma.
Se o processo na Florida responsabilizou o Autopilot por um acidente, se perder este processo na California ficará legalmente provado que a Tesla mentiu acerca das capacidades autônomas dos seus veículos e que o "Autopilot" e "Full Self-Driving" são tecnologias falhadas. As duas tecnologias em que o valor da Tesla (e por ligação a fortuna de Musk) está assente.
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