Explicar a a parceria Rivian e Grupo Volkswagen

O objetivo de todas as startups modernas é desenvolverem algo que ninguém tem e esperar que desperte a atenção de um construtor (automóvel neste caso) estabelecido para que a adquire - neste caso não é uma compra completa, mas uma parceria entre a Rivian e o Grupo Volkswagen que entrar à cabeça com com 5 mil milhões de euros, mas acredito que é o primeiro passo para o grupo VW absorver a Rivian. Vamos por partes.

Perceber a parceria
Como já vem saber a Rivian e o grupo Volkswagen assinaram uma parceria (joint venture) com os alemães a entrarem com 5 mil milhões de dólares para acederem ao atual hardware e software da Rivian, além de criarem a próxima geração destes sistemas.

O lado da Rivian é fácil de perceber: precisa do dinheiro para montar a fabrica necessária para produzir os recentemente apresentados R2 e R3 anunciados para 2026. O dinheiro chega na altura certa - a Rivian acabou de sair financeiramente do vermelho numa altura em que as vendas de elétricos estão a desacelerar e como disse precisa de uma fabrica nova.


O lado da Volkswagen é mais complexo. Quando apresentaram os novos R2 e R3 a Rivian disse que os queria comercializar na Europa e Ásia, mas não tem qualquer rede de distribuição ou/e reparação nestes mercados. Porque não produzir e comercializar os Rivian na Europa e Ásia como Rivians ou Volkswagens aproveitando a rede já existente? Mas até nos EUA a este acordo é interessante - a Volkswagen está em vias recuperar a Scout nos EUA para veículos de lazer e pickups 100% elétricas...porque não aproveitar a plataforma e sistemas da Rivian?

A seguir na lista esta o acesso completo ao software da Rivian para tentar resolver os problemas da unidade interna do grupo VW para o software: a Cariad. Desde a sua criação que a Cariad só dá dores de cabeças, prejuízos e atrasos - a catástrofe do sistema MIB3 e o atraso do lançamento dos modelos baseados na plataforma PPE (Porsche e-Macan e Audi Q6 e-tron) são apenas alguns exemplos. Segundo o CEO da VW Blume a Rivian será um suplemento para acelerar a estratégia de software. Reduzindo os custos e tempo de desenvolvimento da Cariad, mas a responsabilidade da próxima arquitetura que ira unificar os sistemas operativos em todo o grupo Volkswagen ficará nas mãos desta joint venture. Eventualmente a Cariad irá desaparecer na insignificância

Claro que o mais fácil é identificar as vantagens de uma parceria e outra coisa é implementar - a Rivian desenvolve tudo internamente com uma equipa simples e ágil, enquanto...é tudo menos isso, é mais metódica e habituada a múltiplos fornecedores externos. Será que conseguem concretizar?


Concluindo
A Volkswagen tentou (e continua sem conseguir) implementar a unidade de software que precisa para o automóvel do futuro e depois de múltiplos problemas decidiram que o melhor era fazer acordos com startups que criaram de raiz todo o seu software e modo de operar de uma folha em branco adaptado a este futuro - neste caso a Rivian. 

A Volkswagen traz escala e dinheiro, e a Rivian traz a propriedade intelectual que desenvolveu que agora ira ser usado nos futuros R2, R3 e em breve modelos da VW. 

Está previsto que os primeiros veículos desta joint venture saiam em 2028 com sistemas da Rivian (software, computadores e cablagem) mas já decorreram testes de compatibilidade com modelos atuais da Audi. 

Mas como disse acredito que isto vá mais longe - a Volkswagen esta com esta parceria a colocar o pé na porta e dependendo de como corre vejo perfeitamente os alemães a comprarem a Rivian por completo. Além de terem a unidade de software que sempre queriam adquirem mais um construtor automóvel para o grupo. Faz sentido. 

 Não podia acabar sem dar os parabéns à VW e Rivian porque não havia qualquer rumor desta aliança que certamente apenas avançou depois de testarem e assegurarem que o software e hardware da Rivian era compatível e útil ao grupo Volkswagen. Manter um segredo é muito difícil, e segundo vários artigos as negociações começaram em agosto do ano passado.

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