Zero estrelas EuroNCAP para o Renault Zoe

A grande historia do momento no mundo automóvel parece ser o mau...ok, péssimo resultado do Renault ZOE nos testes do EuroNCAP e dos ligeiramente menos péssimos resultados do Dacia Spring: conseguiram respetivamente 0 e 1 estrela. Mas, como tudo na vida, é preciso contesto e nem tudo é assim tão linear. Já agora os Fiat Panda em 2018 e o Punto também receberam zero estrelas na altura.
Esta não é a primeira vez que o Zoe passa pelos testes do EuroNCAP - ele foi testado pela primeira vez em 2013 e obteve nessa altura 5 estrelas, mas se os protocolos de teste do EuroNCAP são apertados a cada 2 anos (portanto já passou por 5 evoluções e em média cada evolução do EuroNCAP custa 1 a 2 estrelas à pontuação) o ZOE pouco mudou desde então: as pessoas tendem a esquecer que apesar do continuo melhoramento o ZOE já cá anda há uma década e já não consegue cumprir os requisitos atualmente exigidos. Mas isso significa que é perigoso? Não.
Segundo o relatório do EuroNCAP é a ausência de série em todos os modelos do sistema de travagem automática de emergência (apenas de série no nível mais elevado do equipamento Exclusive, opcional no Limited e Intens, e não disponível no Zen), lane assist também opcional e ausência de controlo de sonolência que levou à pontuação de 14% nas ajudas de segurança resultado que leva zero estrelas nessa categoria e segundo as regras do EuroNCAP se levares um zero numa das 4 categorias de teste dá automaticamente zero no fim. Segundo a Renault o ZOE já estava programado receber esse sistema de travagem de série a partir de Março 2022. O ZOE era suposto ter sido substituído em 2019 mas a Renault vai mantê-lo em produção até que o novo 5 esteja pronto.

Se o EuroNCAP tem razão para fazer barulho mas também é uma posição um pouco hipócritas - se testas por padrões modernos automóveis mais velhos vais ter estes resultados, especialmente porque em 2021 o EuroNCAP não testou nenhum automóvel com mais de 3 anos de vida. O ZOE esta a mostrar a sua idade.


E o Dacia Spring?
É mais ou menos a mesma situação que o ZOE - o Dacia Spring começou a vida como o Renault Kwid inicialmente lançado para os mercados emergentes em 2015, foi atualizado uma vez recebendo uma mecânica elétrica e rebatizado como o Renault K-ZE para os mesmos mercados e agora foi atualizado mais uma vez para a sua estreia no mercado europeu como um Dacia. Apesar das atualizações o Spring é não só (também) penalizado pela falta de ajudas à condução (porque são dispendiosas) e porque como todos os automóveis pequenos não há simplesmente material/carro suficiente para absorver a energia dos impactos.

Se de uma forma ou outra é importante que não troquemos segurança por ecologia, também é preciso apresentar contexto.

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