Com as más notícias do grupo PSA, estava curioso pelos resultados da Renault - e parece estar a aguentar-se bem melhor: anunciou que conseguiu limpar a divida da sua secção automóvel e terminou o ano positivo ao som de 1,49 mil milhões de euros, nada mal comparando com os quase 300 milhões de divida de 2011. Mas a verdade é que as vendas globais da Renault caíram, em 2012, 6,3% no mundo e 19% na Europa - a maior queda de um construtor na Europa cujo mercado em si caiu 7,8%. Como conseguiram?
A secção automóvel da Renault teve um prejuízo de 25 milhões de euros em 2012, mas o resultado final foi positivo pela venda das ultimas ações que a Renault tinha na Volvo (6,5%) por 924 milhões de euros. A Renault espera ao eliminar a divida do sector automóvel melhorar o rating de credito (da Moody's, Standard and Poor's, Fitch e companhia) da sua unidade financeira RCI Banque e assim reduzir juros a pagar. Enquanto continua com o seu plano plano estratégico - que inclui cortar 7.500 empregos até 2016 em França, aumentar a produtividade dos trabalhadores, recuperar da Alpine e lançamento da marca de luxo Initiale Paris ajude a manter o cenário atual.
A Renault prevê uma primeira de metade de 2013 fraca, com alguma melhoria para os últimos 6 meses. Com o novo Clio e novos Dacia a Renalt espera aumentar as vendas globais em 2013 e chegar ao fim do ano na mesma situação de início: positivo. Mesmo com a quebra de vendas na Europa estimada em 3% para este ano, a Renault estima que o mercado mundial de automóveis e camiões/comerciais ligeiros cresça 3% e em países como a Índia esse número pode crescer 11%. E a pensar na Índia a Nissan-Renault esta a desenvolver uma plataforma de um automóvel pequeno direcionado aos que vão comprar o primeiro automóvel com o desenvolvimento a ser feito pelo mesmo responsável pelo desenvolvimento do Dacia Logan Gerard Detourbet.
Outro mercado chave é a Russia - Carlos Ghosn diz que a unidade Russa (AvtoVAZ) tem sido a mais lucrativa e espera que esse crescimento venha trazer equilíbrio as operações em geral. E para "ajudar" nesse crescimento a Nissan, Renault e a UniCredit SpA estão a criar uma unidade de credito automóvel na Russia.
E enquanto a Renault conseguiu navegar as águas tormentosas, a PSA...não: anunciou um prejuízo de 6,5 mil milhões de euros! Anunciaram também um plano de recuperação mas sinceramente inclui alguns detalhes não muito "realistas" - subir "o nível"/premium da Peugeot?!
Apesar do Peugeot 208 estar a ter muito sucesso em vários mercados e o Peugeot 2008 parece ter tudo para vingar a verdade é que sofre nos restantes segmentos a verdade é que esta muito limitada ao mercado europeu e tem a concorrência da Citroen e da sua gama DS - o DS3 esta por todo o lado, mas os DS4 e DS5 continuam um pouco tímidos no número de vendas. Ou seja, ambas as marcas da PSA querem o mesmo sector premium mas nenhum com muito sucesso. Mas continuam ambas sem uma marca low-cost que possa, tal como a Dacia, vingar na Europa e nos mercados emergentes. Algo que como falei acima, manteve a Nissan e Renault à tona.
O plano de recuperação da PSA define como alvo 50% das vendas fora da Europa até 2015 e duplicar a produção via a cooperação global com a GM, e conseguir um share de 13% do mercado. Parece um pouco difícil de conseguir, mas ainda falta um pedaço para 2015 e não sabemos o que a PSA pode estar a esconder na manga. Pessoalmente espero que consigam.
E nem tudo são más noticias para a PSA - a União Europeia aprovou o financiamento de mais de mil milhões de euros ao Banque PSA, desde que seja feita uma restruturação completa - não só do banco como da PSA. ou seja, a União Europeia percebe que a França quer ajudar a PSA mas como não o pode fazer (e não o faz) diretamente logo não levanta objecções.
Mas isto é um tiro no escuro e só deve haver um tiro - duvido que a União Europeia permita mais ajudas a PSA, especialmente porque esta ajuda deve ter tido forte oposição dos alemães e a haver mais construtores a precisar de ajuda a União Europeia teria que fazer o mesmo para todos.
Mas a PSA ainda tem os sindicatos e o próprio governo francês a pressionar para não haver despedimentos ou encerramentos de fábricas. Se bem que já conseguiu acordo com alguns sindicatos para a transferência de 1.500 trabalhadores da fábrica de Aulnay para Poissy. Curiosamente apenas um sindicato continua a bater o pé - a CGT francesa. Este sindicato continua a recusar o fecha da fábrica em 2014 que pode custar 8.000 empregos e a sucessão de greves nas ultimas 3 semanas tem paralisado completamente esta fábrica.
Bom.