Novo Peugeot 208 - ensaio

Não é todos os dias que somos convidados para conduzir um novo automóvel antes deste chegar ao mercado, mas foi isso que me aconteceu - fui convidado para conhecer antes de toda a gente o novo Peugeot 208!


Sendo um automóvel muito importante para a Peugeot não havia grande escolha senão aceitar. E no caminho para o evento refletia sobre a importância do novo Peugeot 208. Por onde começar? Bem, comecemos pelo inicio...costuma funcionar.

Índice:
- Preludio
- Primeiro Contacto
- Interior
- Tecnologia
- Condução
- Conclusão


Preludio
Era uma vez (todas as grandes historias começam com "era uma vez") o Peugeot 205: apresentado em 1983 foi um enorme sucesso, era bonito, compacto por fora mas espaçoso por dentro, mas acima de tudo, independentemente do que estava debaixo do capot, dava um prazer de condução que mais nada no mercado da altura era capaz – era extremamente divertido de conduzir.


Os números confirmam-no: o 205 só deixou de ser produzido em 1998 tendo sido produzidas mais de 5 milhões de unidades. A Peugeot tentou substitui-lo com o 106 em 1991 e o 306 em 1993 separando o publico do 205 para este 2 modelos mas sem sucesso - as pessoas continuavam a rumar aos stands procurando o 205.

O Peugeot 205 era a receita perfeita e quando enfim tiveram que o substituir, criaram o 206 de raiz, mas seguindo a mesma receita do 205 atualizada ao século 20.


E sabem que mais? Conseguiram ter mais sucesso com o 206 que com o 205: em 2008 já tinham sido produzidas 6.2 milhões de unidades! E mesmo com o 207 já no mercado, o 206 continua disponível no mercado (206+) nos 4 cantos do mundo - da Europa à China, do Irão à América do Sul.

Chegamos ao "mas" desta historia - o 207.

O design em cunha não foi o mais apreciado e as preocupações com a segurança fizeram-no ganhar peso. Peso que as suspensões não conseguiam digerir e os motores não conseguiam lidar. O prazer da condução tinha-se perdido.


E eis-nos novamente numa encruzilhada - a Peugeot precisa de substituir o 207 com algo totalmente novo, fresco, capaz de capturar a imaginação do público: especialmente a "geração Smartphone", um público novo que deseja individualidade, estilo, gadgets e tecnologia acima de potência ou practibilidade.


Mas ao mesmo tempo recuperar os que, tal como eu, viam a Peugeot como uma espécie de Lotus do dia-a-dia, automóveis capazes de dar aquele tipo de prazer que apenas se sente pelos fundilhos das calças.


Acrescentemos uma pitada da crise actual juntamente com a necessidade de não só substituir o 207 mas reformar o 206 globalmente, e temos uma ideia do campo de minas que a Peugeot tem que atravessar - sinceramente, a zona desmilitarizada entre as 2 Coreias seria mais fácil de atravessar.

O Peugeot 208 não pode apenas “acompanhar”, tem que esmurrar a concorrência e o status quo diretamente na cara! Já vi as muitas fotografias da apresentação oficial, mas como será ao vivo e atrás do volante? Será que a Peugeot fez o mesmo que a Renault fez com o Megane ou a Volkswagen com o Golf e apenas colocou um fato brilhante num modelo anterior? Ao menos não fizeram como a Fiat que simplesmente decidiu não fazer nada...


Primeiro contacto
Tendo chegado cerca de uma hora antes do início do evento, tinha o centro de imprensa só para mim, incluindo um novo Peugeot 208 3 portas cinza metalizado. E se a primeira impressão é a mais importante, como posso eu descrever o que vi?

Olhar para este 208 pela primeira vez fez-me recordar quando em criança parti um termómetro de vidro. O mercúrio pingou para o chão de cerâmica da casa de banho e fez uma esfera perfeita do que é basicamente um metal mas reflectia a luz e imagens de forma intrigante. Tentei partir aquela esfera metálica com 2 palitos de plástico e a forma como se partia e voltava a fundir era simplesmente impressionante e orgânica. Ao olhar para este 208 pela primeira vez da ideia que alguém pegou numa grande bola de mercúrio e tentou esculpir um automóvel neste metal tão peculiar.

A grelha flutuante com o contorno cromado por cima da grelha preta atrai a nossa visão - parece estar a morder a parte interior do para-choques.

Flanqueada pelos faróis rasgados com LEDs e um tubo luminoso no interior (algo semelhante ao que a BMW faz) e tudo enquadrado pela curvatura no capot a frente parece ter sido esculpida à mão.

A Peugeot pode usar o leão como logótipo há muito tempo mas creio que é a primeira vez que vejo um automóvel tão felino como este. Agressivo mas sem violência.

A curvatura do capot abre à medida que sobe no capot e continua pelo tejadilho criando uma nervura central, uma juba que flui até à traseira ladeada por 2 lombas.

A superfície vidrada lateral é sublinhada por uma linha cromada que se estende dos espelhos retrovisores até ao pilar C como um longo stick de hóquei ajudando a marcar o perfil de todo o 208 - atlético sem ser musculado.


Ao contornar apercebemo-nos que o tema felino continua nos laterais esculpidos por um U invertido, que cria 2 nervuras que fluem até à traseira. Uma para nas cavas marcadas e outra que se prolonga até aos faróis traseiros. Sensual sem ser sexual.

Estes em forma de boomerang ou uma garra cravada encaixam perfeitamente no design. E ao contrário da traseira do 207 que parece ter sido inspirada num lanço de escadas, esta é fluida e agradável.

A ponteira do escape que devia estar oculta (esta oculta no 5 portas mas visível no 3 portas) - estraga um pouco a simetria da traseira. Um detalhe para mim importante - tirando o logo e-Hdi na mala dos modelos equipados com esta tecnologia (4 dos 5 diesel) não há qualquer outra indicação exterior do que esta debaixo do capot ou no interior.

Não há aquela pretensão de entrar na guerra "o meu é maior que o teu" - Design sem exibicionismo. Ao contrário da Citroen não fizeram um C3 e um DS3, fizeram 1 automóvel belo para todos.

Corta completamente com o design em cunha do 207, a linha é muito mais apurada e adoro os flancos com as nervuras laterais - moderno e mesmo sensual. Mas acima de tudo, divertido: não tenta ser elitista ou o pico do design. Acho que no fundo o 208 não se leva muito a sério.

Interior
Abrindo a (ligeiramente pesada no 3 portas) porta o 208 sabe receber - o interior é moderno, elegante, acolhedor e consigo encaixar os meus 1,84 metros costas largas confortavelmente nos lindos assentos dianteiros de couro perfurado.

Sentado no lugar do condutor temos um conjunto de instrumentos de fácil leitura à nossa frente que parece flutuar em cima do tablier.

Combinando 2 mostradores analógicos (para a velocidade e conta-rotações) e um ecrã digital no meio capaz de dar vários tipos de informação (GPS, radio, etc) transmite confiança e robustez. Quase parece tirado de um Audi se me é permitida a ousadia.

O tablier em 2 partes é uma bela peça de design repleto de aplicações cromadas e plástico preto piano um pouco por todo o lado e coloca o ecrã táctil mesmo ao alcance do condutor. Simplesmente um bom sítio para se estar.

O novo ecrã táctil é um golpe de génio - é que além deste ecrã, a consola tem apenas mais 4 botões: 2 botões da climatização, o do fecho das portas e o dos 4 piscas - tudo o resto esta neste ecrã táctil de grande dimensão fácil de usar como um smartphone.
Nele temos o computador de bordo, algumas regulações do automóvel, rádio, telemóvel via Bluetooth, GPS, controlo sobre todas as hipóteses de conectividade (Bluetooth, tomada USB, streaming de áudio direto) e tudo pode ser controlado diretamente no ecrã táctil ou pelos botões no volante.

Mas ao estar bem organizado e virado para o condutor é de fácil uso e esta disponível de série logo no 2º nível de equipamento.

Algo que notei foi a ausência do leitor de CD's - só disponível como opção e é instalado dentro do porta-luvas. O porta-luvas é espaçoso e se escolher incluir ar condicionado (recomendo) é refrigerado - se optar pelo leitor de CDs perde bastante espaço no porta-luvas. Uma opção a ponderar com cuidado.

Mas não há forma de ignorar o elefante na sala - sentado atrás do pequeno volante tirado do mundo dos karts notei algo de estranho: apesar de colocar o assento na posição mais baixa possível notei que não era capaz de me sentar como normalmente faço.

Como o 208 é acima de tudo um citadino a Peugeot parece que optou por uma posição de condução elevada que pode dar uma boa visão periférica mas bastante estranha. Decididamente algo a investigar melhor.

 Ao nível de espaço interior há boas e más notícias - o espaço para os passageiros dianteiros é amplo e há mais espaço para as pernas dos passageiros traseiros, mas se optar pelo tecto de vidro só vai conseguir levar pessoas atras até aos 1,80 metros de altura. Que não é um problema para mim, porque não me vejo noutro assento se não no do condutor.

Quase todos os automóveis franceses nos habituaram ao longo do tempo de pequenos “toques” ou características "especiais" que não passam na maioria das vezes de exercícios de design com pouca aplicação prática - estranhamente inicialmente não encontrei nada disso no interior do 208...até encontrar a função "mood light". Trata-se de um pequeno botão por debaixo do combinado de instrumentos com o desenho de um candeeiro de mesa (a sério!).

Que no inicio não percebi o que fazia, mas quando as luzes exteriores baixavam via-se que acendia uma luz azul muito calma por debaixo dos instrumentos, outra no suporte de copos e, no modelo equipado com o tecto de vidro, duas linhas luminosas ao longo do tecto de vidro!

Depois de um dia cansativo atrás do volante a regressar a casa, é uma função capaz de acalmar a alma. Se fosse possível mudar a cor conforme o estado do humor do condutor juro que provavelmente compraria um 208 só por essa função!

Voltando à Terra, o interior oferece muitos arrumos nas portas e no tablier - a minha primeira dica é que se for como eu e não gosta de conduzir com os bolsos cheios é deitar fora o suporte copos: por debaixo deste esta um tapete de borracha e fica uma espécie de compartimento ótimo para ter os óculos de sol, smart-phones, carteira, etc.

As portas são um pouco pesadas, mas soam sólidas quando se fecham (novamente algo raro para um automóvel francês) e é possível sair dos lugares traseiros mantendo a dignidade...se bem que não havia nenhuma rapariga em mini-saia para testar essa teoria.

Os bancos dianteiros têm memória e voltam facilmente a posição anterior. É também no interior onde alguma da magia se perde - o tablier em si é uma bela obra de design, mas vemos também onde os contabilistas meteram o nariz e escolheram plásticos duros e menos agradáveis ao toque nas partes baixas do tablier e nas portas.

A parte superior é em plástico moussado ou até coberta com couro cozido mas porque estragar com plásticos mais básicos? Atrás também temos sinais de "economias" - os pontos de ancoragem dos cintos de segurança traseiros estão à vista e os trincos dos cintos não estão integrados na base do assento traseiro, andam "solta" no banco.

Outro detalhe, se bem que não sei se é economia ou apenas para não estragar o design exterior: os vidros traseiros do 3 portas não abrem.

E também não tem aquelas pegas por cima da janela para ajudar a sair - provavelmente para assegurar que apenas os jovens dinâmicos e saudáveis comprem o 208. Serão estes pormenores suficientes para estragar o 208?

Tecnologia
Pela ficha técnica, a Peugeot não poupou esforços para que o 208 não fosse apenas uma cara linda - graças a múltiplos desenvolvimentos e o extenso uso de aço de grande resistência VHSS (Very High Strength Steel) e UHSS (Ultra High Strength Steel) no chassis e alumínio em partes da suspensões e mesmo o uso de assentos menos espessos a Peugeot conseguiu reduzir um dos piores inimigos dos consumos e prazer da condução - peso.

Com o mesmo motor 1.4 Hdi, o 208 pesa menos 110 quilogramas que o 207 e entre as versões de entrada de gama essa diferença é de menos 173 quilogramas - estamos a falar de 1 Jó Soares a menos dentro do carro! Com o motor de 3 cilindros a gasolina o 208 pesa apenas 975 kg, o que é um feito - que eu saiba o automóvel mais leve no mercado é o Mazda2 e pesa 1000kg.

O uso de aço mais resistente permite oferecer mais segurança com menos, menos comprimento - com apenas 3,98 metros de comprimento o 208 é 7 cm mais curto (a frente recua 6 cm e traseira 1 cm) que o 207 que substitui - mas curiosamente o espaço interior cresceu bem como a capacidade da mala.

Assim o 208 fica entre o Yaris e o atual Clio. Relativamente a escolha de motores e caixas de velocidades, o 208 poderá ter:
A Diesel
- 1.4l HDi 68 cv 160 Nm, cx manual 5 velocidades
- 1.4l e-HDi 68cv 160 Nm, cx 5 velocidades pilotada
- 1.6l e-HDi 92cv 230 Nm, cx manual 5 velocidades
- 1.6l e-HDi 92cv 230 Nm, cx 6 velocidades pilotada
- 1.6l e-HDi 115cv 270/285 Nm(overboost), cx manual 6 velocidades
A Gasolina:
- 1.0l VTi 68cv 95 Nm, cx manual 5 velocidades
- 1.2l VTi 82cv 118 Nm, cx manual 5 velocidades
- 1.4l VTi 95cv 136 Nm, cx manual 5 velocidades
- 1.6l VTi 120cv 160 Nm, cx manual 5 velocidades
- 1.6l THP 156cv 240/260 Nm(overboost), cx manual 6 velocidades

Todos os Peugeot 208 (na Europa) vão receber 6 airbags de série (2 frontais, 2 laterais à frente e 2 de cortina) e uma série de letras: ESP de série, incluindo controlo de tração (ASR), controlo de estabilidade (CDS), assistência à travagem de emergência (EBFD) e distribuição eletrónica de travagem (EBFD).

Mas como será que somados todos estes desenvolvimentos e esforços dá o prazer de condução que muitos procuram? E a posição de condução será que funciona mesmo?

Condução
Enfim chegou o momento - se este Peugeot 208 não conseguir fazer-me sorrir ao volante então não passa de uma cara linda cabeça oca como as Misses Mundo. Para isso vou levar o 208 por um percurso que me leva de Cascais ao topo da serra de Montejunto com uma boa dose de condução de cidade, um pouco de A1 e IC2, a subida tortuosa até ao topo da serra e a descida até ao Cabo da Roca. E como seria de mau gosto levar uma faca para um tiroteio fiz-me ao modelo mais apetitoso disponível - o 1,6 Hdi em vermelho! Nice.

Mas antes de partir resolvi colocar em prática a explicação do designer de interiores para encontrar a posição de condução certa. Ao colocar o assento um pouco mais alto e baixar o volante é possível ler o combinado de instrumentos por cima do volante e como (ao contrario da maioria dos automóveis) a circunferência do volante esta centrada com o centro do volante permite realmente uma condução mais dinâmica e agradável.

E ao ser mais pequeno é preciso um movimento muito mais pequeno das mãos e braços para virar o volante. Permite manter os braços mais direitos, o que facilita a circulação sanguínea melhorando o conforto ao volante. Não é um exercício gratuito, funciona mesmo!

O primeiro obstáculo foi o transito da 2ª circular e estradas com mais buracos que a cara de um teenager. Mas acho que os técnicos da Peugeot passaram muito tempo em Portugal durante o desenvolvimento do 208 porque posso dizer que conseguiram! Digere as irregularidades das estradas muito bem, e mesmo tendo feito pontaria propositada a algumas irregularidades a minha coluna não sofreu nada comparando com o 207, especialmente a baixa velocidade.

Outro ponto para a Peugeot é o ótimo start-stop que instalaram. Confesso que odeio os start-stop - usam o motor de arranque, vibram demais em cada arranque e alguns demoram tempo demais (e já vi vários a falharem arranques). Este não usa o motor de arranque, mas sim uma tecnologia micro-hibrida com um alternador reversível (o que quer que isso signifique...) que arranca o motor quase sem vibrações e muito rapidamente. Para terem uma ideia do quanto discreto este sistema é, nos primeiros quilómetros de segunda circular estranhamos a luzinha azul "Eco" a acender no tablier e só ao fim de algum tempo é que percebemos que se tratava do start-stop a funcionar - a luzinha era mais intrusiva que o funcionamento do Start-stop.

E sim, pode desliga-lo via um botão no tablier, mas até eu que quando entro num automóvel com start-stop a primeira coisa que faço é desliga-lo, neste sistema eu não o desligaria. Na autoestrada a caixa de 6 velocidades e o vasto binário permitem rodar a 120km\h mal fazendo as 2.000 rpm mantendo mesmo uma boa resposta, mas a principal a alegria começa quando saímos da A1 e apanhamos o IC2.

Em poucas palavras: preciso e eficaz. As curvas eram despachadas com grande facilidade e agilidade, muito melhor que o 207. A redução de peso e a direção assistida em conjunto com uma caixa de velocidades precisa permitiam um ritmo acelerado sem grandes problemas.

Mas a verdadeira surpresa estava reservada para a subida de Montejunto onde o 208 mostrou a sua "piece de resistence": ágil, equilibrado é uma perola de se conduzir e demonstra o trabalho de génio que foi feito no acerto do chassis.

Bastava um toque no volante para ele mudar de direção, atravessava as curvas como se seguisse em carris e a única coisa que me fazia levantar o pé era o medo - se sai-se da estrada provavelmente só no Verão é que nos encontravam!

E seria chato dizer que tínhamos desfeito o carro...Era divertido e leve ao volante - equilibrado acima de tudo. Dei por mim a sorrir ao volante!

E conseguiram-no fazer sem sacrificar o conforto - o 207 era mais pesado e o acerto das suspensões era terrível para estradas em mau estado e para as nossas vertebras. É difícil encontrar um bom equilíbrio entre um comportamento ágil, desportivo e conforto, mas conseguiram-no no 208.

A direção pode ser de assistência elétrica mas é incisiva e direta. O motor é suave, pouco ruidoso graças a um bom trabalho na insonorização e isolamento das vibrações - só mesmo puxando por ele é que se nota o ruido.

Infelizmente ele levou-me rapidamente ao destino...e não me deixaram voltar para trás para repetir! Pena! 

Outro detalhe digno de nota - tendo conduzido o 208 posso dizer que é o automóvel menos chato de todos - os sons dos vários avisos foram feitos para se ouvirem sem irritar o condutor. Por exemplo, não há sensor de peso no banco traseiro para não chatear o condutor para que este ponha o cinto atrás para a carteira ou saco que tenha atirado para lá.

O som dos "piscas" não fere os avisos e o GPS só dá as mensagens na altura certa e não nos esta constantemente a chatear para "manter à esquerda" sempre que passamos por um cruzamento que não temos que sair. A tecnologia está lá para nos ajudar mas ao mesmo tempo não está lá, esta oculta e só se manifesta quando é necessário e quando o faz é de forma pouco intrusiva.

Conclusão
Cheguei ao evento com a questão se a Peugeot iria jogar pelo seguro ou arriscar - com grande alegria vejo que os Franceses decidiram não seguir silenciosamente na noite.

O novo Peugeot 208 prova que as vezes para avançarmos temos que andar para trás - recuperou o prazer da condução, é muito mais alerta e fácil de conduzir sem comprometer o conforto. Tudo num design moderno, agradável e com toda a tecnologia que se espera de um automóvel do século 21.

Sei que a beleza depende de quem vê, mas gostei muito do design exterior e interior. E sim, tem alguns problemas como alguns plásticos usados no interior, carroçaria exposta demais, a posição de condução exige largar maus hábitos (sempre complicado nas pessoas) e outros pequenos detalhes, mas não chegam para quebrar o encanto. É uma grande (enorme) melhoria face ao anterior 207 e uma grande pedra no sapato da concorrência atual (Polo e Cia) e futura (Clio 4 estás a ouvir?). Se estiver a procurar um automóvel neste segmento fará um grande erro se não o incluir na sua lista de possibilidades. Faça um test-drive que não se vai arrepender.

Tendo conduzido vários posso recomendar 2 deles - a gasolina o 1.2l VTI de 82 cavalos e a diesel o 1.6 E-HDi de 6 velocidades e 115 cavalos.

1.2 VTI 82 cavalos
Podem esquecer o que pensam sobre os atuais 3 cilindros do mercado - este é muito suave, silencioso em ritmo normal e quase sem aquela vibração característica dos 3 cilindros.

Esta é a escolha acertada para os que andam quase exclusivamente na cidade todos os novos diesel trazem filtro de partículas, algo que não gosta de passar muito tempo na cidade e é caro de reparar. Este modelo que conduzi pesava apenas 975 quilogramas e pode ser apenas um 1.2 litros mas mostrou-se capaz de circular a velocidades de cidade estáveis em 5 velocidade quase sem vibrações.

Verdade que não é um corredor e é necessário as vezes puxar pelas rotações para fazer uma ultrapassagem, mas é muito elástico e a direção leve associada ao chassis equilibrado permite zigzaguear pelo trânsito. Tendo conduzido já os 3 cilindros da VW posso dizer que este novo 3 cilindros da PSA faz os do grupo Volkswagen um pouco agrícolas. Não esquecer que estes 3 cilindros da PSA vão estar também nos próximos Mini - se a BMW gosta deles...


1.6 E-HDi 6 velocidades 115 cavalos
Talvez o mais multiuso da gama 208 (a versão de 92 cavalos também é boa) já que a caixa de 6 velocidades associada ao binário disponível permitia facilmente viajar a 120km\h quase às 2.000 rpm.


Esse mesmo binário e elasticidade permitia conduzir em estrada nacional em 5ª ou 6 ª e fazer ultrapassagens com a maior das facilidades. Mesmo na cidade desembaraça-se muito bem - principalmente graças à nova geração do start-stop e ao ótimo acerto do chassis da Peugeot.


Muito bem dotado em termos de equipamento (ABS, ESP, airbags q.b., vidros elétricos, volante e banco do condutor reguláveis em altura - desde do modelo base) para o preço que vão praticar (que será basicamente os mesmos do 207 que substitui).


Olhando um pouco mais à frente, os novos motores de 3 cilindros a gasolina (1.0 e 1.2 VTI) são atualmente atmosféricos mas no futuro próximo vão receber turbo e injeção direta e start-stop. E claro...o GTI regressa em breve!


Durante a apresentação questionei o responsável sobre outras versões (o 207 oferecia 3 e 5 portas, o descapotável CC e carrinha) e se a Peugeot iria entrar no mercado dos SUVs compactos que o Juke inaugurou com grande sucesso. A resposta foi que não podiam dizer tudo já, ou seja, sim um SUV (ou CUV) deve mesmo fazer parte dos planos. É um modelo obrigatório - o Nissan Juke e Opel Moka já cá estão e a Renault prepara o Captur.


Para terminar apenas queria dizer - Parabéns Peugeot, onde raio é que andaram este tempo todo?!

13 comentários:

  • Peter J says:
    26 de abril de 2012 às 02:22

    Antes de mais parabéns Turbo, excelente artigo...

    Contudo acho que partiste logo com demasiado positivismo para este modelo, quase não apontas erros/falhas!
    Sim, eu também simpatizo com ele :)
    Hoje decidi ir ao stand da Peugeot só para ficar a conhecer visto que me chamava tanto à atenção (pena não o ter conduzido)...
    Estou de acordo com [quase] tudo o que li aqui...
    Só há duas coisas que gostaria de dizer:
    - no stand pude ver a versão 3p Active (versão intermédia) e devo dizer que parte do charme se desvaneceu... não há cromados nos caixilhos dos vidros nem na alavanca das velocidades e o volante é em plástico. Pena porque o 1.4, 95cv de 5p Allure (versão superior) custava 20.000€.
    - o segundo ponto, e que me deixou MUITO desapontado foi o tão falado volante de pequeno diâmetro que a Peugeot quis introduzir. Acho que aqui reside a maior falha do carro (sim Turbo, estou aberto a mudanças)! Não conduzi o carro, mas não consegui de todo achar uma boa posição. Os bancos são bons, mas o volante tapa os instrumentos... Baixei o banco todo e o volante tapava, baixei então o volante e para conseguir ver completamente os instrumentos o volante estava a 4cm do meus joelhos. Levantei o banco e não consegui posicionar o volante numa posição que conseguisse ver os ponteiros em posição de descanso...

    No entanto acho que é muito agradável à vista e tem grande probabilidade de ter o sucesso do 206, mas o diâmetro do volante...

  • Turbo-lento says:
    26 de abril de 2012 às 13:05

    Apontei varias falhas - a qualidade dos plásticos nas partes baixas, os cintos a solta atrás, os vidros traseiros não abrirem no 3 portas, a carroçaria exposta demais, não terem pegas para ajudar a sair do carro, o leitor de CDs ser opção (mas isso sou eu a ser velho), se tiveres mais que 1,80 metros vais ter problemas atrás, e por acaso esqueci-me de citar a chapeleira que parece ser de papel maché.

    Não falei sobre a caixa pilotada porque só a conduzi na versão de baixas emissões que não fez muito o meu género.

    Sobre os cromados é preciso jogar entre o nivel de acabamentos e os extras, mas ao menos seja na 3 ou 5 portas temos essa hipotese de escolher os acabamentos. Nao como no C3 que só DS3 tem todas as possibilidades e mais uma - democracia no estilo e design.

    Já sobre o volante foi preciso o designer de interiores explicar-me a posição correcta. E sou um tipo grande e consegui arranjar posição. É uma boa ideia, mas creio que como estamos todos habituados aos volantes maiores e posição de condução variadas pode custar a habituar. Como escrevi, inicialmente desconfiei desta combinação, mas depois de correctamente instruído e bastante tempo ao volante posso dizer que funciona.

    Mas o que me conquistou foi o prazer de condução - se não fosse isso teria escrito algo completamente diferente. O pessoal mais "velho" sabe do que estou a falar...

    A Peugeot podia ter jogado pelo seguro e apenas actualizado o 207 - mas não o fez. Ainda bem...

  • Marco C. says:
    26 de abril de 2012 às 15:51

    Tenho um 207, contudo não trocava o meu 207 pelo 208... Apenas vi o 208 no stand de várias cores e 3 e 5 portas e esteticamente é de longe mais bonito. Tem a vantagem dos leds diurnos, mais leve, mas considero o 207 apesar das criticas que lhe foram dadas devido ao pouco sucesso (não sei se foi do modelo ou se foi da marca que não soube usar o modelo). O 207 melhor do que o 208.

    Pode ser que com a saida do modelo mais desportivo mude de opinião, mas não é fácil...

    Nem percebi qual foi a ideia do 207 Brasileiro que depois foi colocado na Europa como 206+ (feito...)

    Tanto mexeram no 207 que a 1ªversão do 207 ainda é a mais bonita... Mas os Engenheiros é que sabem :)

  • Anónimo says:
    27 de abril de 2012 às 10:56

    A pergunta que tenho para ti Turbo é simples - se fosse o teu dinheiro, comprarias um Peugeot 208?

    Dora

  • Besedaeste says:
    27 de abril de 2012 às 19:42

    De longe, o melhor artigo que já li sobre um automóvel. Seja na net, em revistas, na tv... Fabuloso. Parabéns Turbo! Excelente.

    Sobre o 208, confesso que, pessoalmente, não me suscita grande curiosidade. Não provocou em mim a vontade de o ir ver ao vivo e de entrar, tocar... mas sim, acho que é um automóvel bonito, jovem, apelativo!

    Espero é que as versões mais básicas não fiquem muito feias, com os pára-choques pretos, tampões nas rodas, pneus estreitos... porque acho que iria perder algum do charme! Especialmente se sair uma versão "XAD". A ver vamos!

  • Turbo-lento says:
    28 de abril de 2012 às 14:40

    Marco, creio que o "problema" com o 207 é que tentaram fazê-lo mais agressivo, masculino mas a meio o publico mudou - a geração smartphone ou ipad, que não estava interessada em nada disso. Tambem a preocupação com a segurança, o que causou o engordar e crescer em demasia que afastou muitos dos fãs dos "pequenos" peugeot.
    O 206+ (que é um 206 com look 207) foi a resposta da Peugeot aos Dacia e outros low cost. Mas o 208 vai substituir o 206+, inclusivamente vai ser fabricado em vários países incluindo no Brasil creio apartir de 2013. O que é uma óptima noticia para os nossos leitores brasileiros - que vão poder ter um automóvel capaz de ter as 5 estrelas euroncap a um preço aceitável. Algo que as leis protecionistas do governo brasileiro não permitem.

    Dora, se eu estivesse a procura de um automovel neste segmento a minha short-list seria:
    -honda Jazz
    -toyota Yaris
    -VW polo
    -Peugeot 208
    E estou curioso por saber a resposta da Renault: o Clio 4 estreia em Setembro.
    Mas o 208 é de longe o que mais me faz sorrir ao volante e para mim isso é metade do caminho para o comprar...

    Besa, creio que não vai haver versão com para-choques a preto...
    Mas sim, as versões mais acessíveis não vão todo aquele detalhe, mas a verdade é que tem detalhes para todos os gostos e carteiras. Acima de tudo, tens sempre um dos melhores comportamentos que já vi...isto se não forem para a versão de baixas emissões: os pneus eco assustavam um pouco.

  • Anónimo says:
    29 de abril de 2012 às 20:29

    Caixa pilotada?

  • Turbo-lento says:
    30 de abril de 2012 às 11:41

    Há as caixas manuais e há as automáticas. As pilotadas são caixa manuais mas que é a electronica que faz mudança. O condutor tem a escolha de selecionar a velocidade numas manetes no volante ou simplesmente deixar a electronica decidir quando mudar.
    Mas é uma manual sem pedal de embraiagem.
    Não falei muito nela porque só conduzi a versdão de baixas emissões com essa caixa e as definições são diferentes para os outro modelos. A velocidade de mudança melhorou bastante (já não se conta até 5) e em plano funcionou bastante bem, mas em subidas as vezes demorava demais o que obrigava a acelerar mais antes de mudar para compensar a queda de rotação. mas como disse, era a versão de bx emissões - diferente das restantes.

  • Alberto Silva says:
    2 de maio de 2012 às 14:42

    Artigo de excelente nível, parabéns!

    Fico também satisfeito por ver que a Peugeot voltou a criar carros que dão prazer conduzir, particularmente curvar, "categoria" de onde andou arredada desde que o 306 saíu de comercialização. Também acolho com satisfação ver que a marca deixou o caminho do aburguesamento no estilo que vinha a trilhar, do qual o 407 coupé é um perfeito exemplo, esperando que os seus modelos voltem a conquistar pela sua elegância, e quem sabe, o 406 Coupé venha a ter um descendente de que se possa orgulhar!

  • Turbo-lento says:
    2 de maio de 2012 às 20:42

    Faltou uma coisa no artigo - agradecer ao André Coelho do http://inversu.com/ pelas grandes fotografias que mandou. Grande André, Obrigado

  • Carlos says:
    17 de maio de 2012 às 00:57

    Já testei e fiquei muito agradado com a versão 16 HDI 90CV! Muito bonito por fora e por dentro. Consegui encontrar a posição de condução, mas não é fácil adaptar-nos, principalmente porque de inicio senti um certo desconforto.
    De resto o carro é muito agradável de conduzir, com um painel de instrumentos com toda a informação que precisamos. Enfim, muito bom e diferente do meu 207 HDI 1.4. Estou mesmo decidido em trocar.... Sábado vou conduzi-lo de novo, o de 3 e o de 5 portas é é o que estou mais inclinado!

  • SILVYO ALVES says:
    22 de setembro de 2012 às 13:27

    TENHO UM PEUGEOT XSI 205 E A LUZ QUE CLAREIA O PAINEL DE BORDO NÃO FUNCIONA. JÁ ABRI E NÃO CONSEGUI NADA. O QUE DEVO FAZER? ALGUÉM PODE ME AJUDAR?
    ABRAÇOS
    SILVYO ALVES - RJ
    EMAIL: SILVYOALVES@IG.COM.BR

  • rogerio says:
    31 de julho de 2013 às 14:35

    Já tive um carro frances , o scenic automático 2.0 top de linha, um carro fantástico para a época, e agora comprei o 208 pelos elogios que tenho visto na net não foi um mal negócio, Quando a desvalorização, já foi a época que carro era investimento agora e objeto de consumo.