Carro aprende com o PC

Porque é que a industria automóvel esta em tão grandes sarilhos? O problema não é (apenas) a crise mundial - a verdade é que o modelo de negocio dos construtores esta, tal como as editoras de musica e cinema, desactualizadas, obsoletas.

A industria automóvel devia reorganizar-se em diferentes empresas especializadas na construção de diferentes componentes e sistemas...como os fabricantes de computadores.
Empresas como a HP, IBM, Dell usam quase todos os mesmo motor x86 (venha ele da Intel ou AMD), os chips gráficos vêem da Nvidia ou ATI, os discos rígidos vêem da Seagate, Maxtor ou ou Hitachi e todos utilizam sistemas operativos Linux ou Microsoft. Resultado? clientes satisfeitos, computadores baratos e não se vê construtores de PC's a pedirem ajudas de governo.
Um construtor de computadores tanto pode construir um desktop de topo para os gamers ou um portátil eficiente para os utilizadores moveis recorrendo aos componentes já disponíveis no mercado. E o que isso tem a haver com os construtores automóveis? Será produtivo cada construtor fabricar os seus "próprios" motores? Será que não é melhor eliminarmos as inefeciencias e sobre-produção e dividir os grandes construtores em empresas especializadas? Além da economia (será possível controlar a produção de acordo com a economia global), existiria uma melhor qualidade.

A industria informática conseguiu algo de extraordinário - em pouco tempo conseguiram standartizar todos os interfaces de todos os componentes para que cada fornecedor possa competir pelo melhor equipamento mas todo compatível. Correspondência automóvel? Será possível trocar o motor velho e poluente de um carro antigo por um motor mais moderno e eficiente por suportes/ligações padronizadas? Ou mudar os estofos de tecido por uns de couro por suportes "plug and play"?Interfaces/ligações padronizadas reduziria custos e acelerava a inovação ao criar um mercado mais eficiente para os fornecedores. A padronização pode até baixar os preços dos automóveis.
E eliminaria-se um problema - quanto maior a empresa, maiores as possibilidades de falir.
A crise é má, mas em cada crise há a capacidade de mudar aquilo que na bonança se resume a "em equipa vencedora não se mexe".

5 comentários:

  • Desalinhado says:
    23 de março de 2009 às 15:27

    Excelente ideia... nunca tinha visto a industria automóvel desse prisma, ao criar um padrão a que todos teriam a que se sujeitar, poderiamos construir o nosso carro, escolhendo o chassis, o motor, sistema de suspensão, etc... Verdade seja dita, à um século atrás nos states, existiam os contrutores de chassis e motores, e os carroçadores (não me parece muito bem esta palavra mas voces compreendem a ideia)

  • Nelson Cruz says:
    23 de março de 2009 às 16:45

    Concordo perfeitamente. Não faz sentido cada marca desenvolver motores e caixas de velocidades que são essencialmente iguais. É um desperdicio de recursos.

    Se houvesse 2 ou 3 fornecedores desses componentes, isso iria trazer grandes eficiências, e permitiria aos fabricantes concentrarem-se no resto.

    E com tantos acordos de partilha de motores e plataformas, até me parece q a industria está a caminhar para lá.

    Nos EUA tb tenho ideia q nos anos 50 e 60 cada marca usava motores standardizados. Ou seja, num carro da GM podia-se instalar qq motor da GM (ainda q o compressor tivesse q ficar de fora do capot :D).

  • anarquista_duval says:
    24 de março de 2009 às 00:09

    Não sei isso será facilmente aplicável à indústria automóvel: um PC dura 4 anos, mas um carro dura até 15, e grande parte dos lucros dos fabricantes de veículos vêm do pós venda, do valor que cobram a mais pelas peças de origem.

    O que se passa hj em dia é k já existem 2 ou 3 fornecedores no mercado para cada àrea (e não são poucas), só que desenvolvem produtos específicos para cada fabricante; estes limitam-se a montar os componentes, e a desenvolver motores.

    Como disse o Sergio Marchinne da Fiat, num futuro próximo uma marca para subsistir, tem k vender pelo menos 6 milhoes de veículos, creio eu.

    Aí o exemplo do grupo Volkswagen é interessante: tem uma gama que atinge a maior parte de segmentos de mercado, e que é feita toda com as mesmas peças: como reduz o nº de componentes novos, os custos são menores (o Exeo deve ter sido baratíssimo).

    Ou seja, no futuro próximo vamos ter meia dúzia ou menos de fabricantes que fazem carros diferentes mas com partes iguais.

    Mas daí até ao conceito de carro "open source"...

  • anarquista_duval says:
    24 de março de 2009 às 00:14

    Ah, mas concordo plenamente com a última frase...

  • Unknown says:
    29 de março de 2009 às 04:09

    Sim...e seria o inicio do fim do desenvolvimento automovel...
    e o design nisto tudo...
    E não só mas também existe o problema de patentes...entre outros muitos problemas que isso implicaria...
    Acho que deveria-mo nos concentrar mais em tecnologias para um combustível que seja mais eficiente e amigo do ambiente, visto que até agora é mesmo das poucas coisas que todos os veículos tem em comum...