Maus resultados na Stellantis

Os resultados da primeira metade de 2024 da Stellantis foram publicados e não são boas noticias - lucros caíram quase para metade depois de ótimos resultados de 2023. Citando Carlos Tavares "os resultados da empresa para o 1º semestre de 2024 não estão à altura das nossas expectativas, refletindo o difícil contexto industrial e as nossas dificuldades operacionais".

O volume de negócios caiu 14% para 85 mil milhões de euros mas os lucros caíram 48% para 5,6 mil milhões de euros relativamente ao primeiro semestre de 2023. O principal problema é o mercado norte-americano onde tiveram uma queda de vendas de 18% (culpam a descontinuação dos Dodge Charger e Challenger, e dos Jeep Renegade e Cherokee), mais que a queda de 6% nas vendas na Europa e América do sul. Mas o pior é a rentabilidade - a margem operacional era acima de 14% no primeiro semestre de 2023, mas caiu agora para 10% na 1ª metade de 2024. Continua a ser um bom número para um grupo principalmente de marcas generalistas, mas vai no sentido errado.

Nem tudo são más noticias - a Stellantis continua a dominar os comerciais ligeiros na Europa, esta em crescimento em África e Médio Oriente (em ambos mercados cresceu 3%), e já tem múltiplas novidades em 2024 em vários mercados (Peugeot 3008 e 5008, Lancia Ypsilon, Maserati Grecale Folgore, Ram 1500 e o Citroën Basalt. Mas já anunciaram algumas medidas para o futuro próximo:
- lançar 20 novos modelos em 2024;
- reduzir produção nos EUA;
- cortar preços nos EUA;
- medidas decisivas nas operações;

O que significam as "medidas decisivas nas operações"? O CFO referiu principalmente redução de stocks e logística nos EUA onde o grupo faz a maior parte dos seus lucros e tem a maior queda de vendas (-18%).

Mas também surgiram ameaças de que a Stellantis poderá abandonar marcas que não deem lucro. Quando a Stellantis foi fundada em 2021 a direção disse que iriam investir em todas as suas marcas (Citroen, Fiat, Opel/Vauxhall, Peugeot, Abarth, Ram, Dodge, Chrysler, Jeep, Lancia, DS, Alfa Romeo e Maserati) durante um período de 10 anos antes de considerar descontinuar alguma delas - passaram apenas 3 anos e já estão a falar em fechar marcas. A Reuters cita Carlos Tavares a dizer que marcas não lucrativas vão ser encerradas. Não disse quais, mas correm rumores de que a Maserati pode ser vendida e a Lancia e DS encerradas. Eu acrescentava a Chrysler já que atualmente apenas venda a monovolume Pacifica que além de velha está constantemente a ser recolhida para corrigir problemas.

A situação da Maserati parece ser a mais clara: o CFO da Stellantis Natalie Knight admitiu que no futuro próximo a Maserati poderá ter uma nova casa ("There could be some point in the future when we look at what’s the best home for [Maserati]"). Para referencia a Maserati vendeu na 1ª metade de 2024 6.500 automoveis contra 15.300 no mesmo perido em 2023.

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