Fitch lembra-se do que me escapou

A Fitch conseguiu arranjar mais uma razão além da incompatibilidade franco-alemã para que não seja possível a fusão Opel-PSA - é que não resolve os problemas que afectam todos os construtores Europeus: sobrecapacidade, resistência política à reestruturação e guerra de preços.

E se a situação não for resolvida durante 2012/2013, a industria automovel Europeia terá no fim de 2013/inicio de 2014 a mesma situação da Ford e GM tiveram em 2005-2008. O problema é que as regras europeias não permitem os mesmos mecanismos aplicados nos EUA.

E já que estamos a falar de construtores automóveis franceses, a Renault parece estar a lidar melhor com a crise que a PSA. Ambos estão a sofrer com a queda de vendas na Europa, capacidade produtiva excessiva, e concorrência agressiva de outras marcas. E tal como os restantes construtores o plano de ação passa por livrar da produção excessiva, assinar parcerias/alianças com outros construtores e entrarem em novos mercados.
Mas a Renault parece estar a sair-se melhor já que depende menos da Europa e tem a associação entre construtores mais duradoura de sempre - com a Nissan, com a qual divide os custos de desenvolvimento. Algo que a PSA só deve conseguir com a GM daqui a 5 anos (se durar tanto) e não consegue descolar na China. Olhando só para os números, a Renault pode ter tido uma grande quebra de lucros mas ainda esta acima da linha de flutuação, ao contrário da PSA que nos primeiros 6 meses de 2012 declarou prejuízos de 819 milhões de euros. Carlos Tavares já disse que tendo em conta que a estratégia actual da Renault passa por fazer mais com menos ou melhor com menos (“to do more with less or better with less").

E ambas as marcas estão em reuniões desde Setembro para, pelo menos segundo a Reuters, duplicar as sinergias actuais. Curioso que Ghosn tomou conta desta aliança Renault-Nissan logo no início em 1999 quando a Renault teve que amparar a Nissan e agora é a vez tropeçar e ser amparada pela Nissan que esta em crescimento. Um alargamento da aliança significaria uma redução substancial de todo o tipo de custos - actualmente partilham certas plataformas e tecnologias mas são marcas completamente separadas.

Mas o upgrade desta aliança deve ser para passar a ser um holding e não uma fusão - algo que duvido que o governo francês permita. O mais certo é que todos os produtos desta aliança vão ser "invisíveis" - logística, electrónica e desenvolvimento de automóveis.

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