Creio que com o "apagão ibérico" a tecnologia V2G (Vehicle to grid) tem mais interessados e começa a estar disponível em cada vez mais veículos, do pequeno Renault 5 aos maiores Hyundai Ioniq 5. Mas pouco se sabe ainda sobre o impacto nas baterias dos automóveis elétricos - a RWTH Aachen University e o ISEA Institute (Institute of Systems and Applied Electronics) apresentaram um estudo que parece indicar ter um efeito negligenciável.
Já há vários estudos sobre o desgaste das baterias de tração, mas estes apenas consideram o seu uso para mover o veiculo, mas com a tecnologia bidirecional V2G adicionamos a possibilidade de vender a eletricidade da bateria para a rede o que significa mais ciclos de carga e descarga. É este desgaste que esta universidade alemã tentou estudar.
Os investigadores dizem ter simulado 10 anos de uso de uma bateria automóvel de 53 kWh composto pelos 3 formatos de células (células prismáticas, cilíndricas ou bolsa). Todas as cargas foram feitas a 11 kW AC e testaram 3 formas de carregamento: "Carga inteligente" (unidirecional e no estudo usam o acrônimo V1G; graças à comunicação entre automóvel e rede elétrica permite ajuste dinâmico da taxa de carregamento de um veículo elétrico para otimizar o consumo de energia e reduzir custos), carregamento bidirecional (estudo usam o acrônimo V2G) e carga sem programação imediata (ligar diretamente ao carregador e carregar à velocidade máxima possível neste caso 11 kW).
Deste estudo podem tirar-se algumas conclusões.
Financeiramente o V2G é interessante, porque o que ganha monetariamente da venda da energia compensa em grande parte as perdas na autonomia da bateria calculada em custos por célula. Mas isto é um modelo para a rede elétrica alemã e é "o custa da célula" e não o custo de reparar uma célula instalada dentro da bateria de um automóvel.
Na degradação da bateria é claro que há uma maior degradação se usar o V2G, mas a diferença é muito pequena relativamente à degradação na tradicional carga simples.
Degradação calculada após 10 anos:
Carga direta: 18%;
Carga inteligente: 12%;
Carga e V2G: 21%;
Autonomia máxima calculada após 10 anos:
Carga direta: 274 quilômetros;
Carga inteligente: 292 quilômetros;
Carga e V2G: 264 quilômetros;
Trata-se de um estudo interessante que parece indicar que as baterias de tração dos automóveis elétricos são mais resilientes que esperado. Mas deixa de fora muitos fatores que podem afetar a performance - são precisos mais estudos e analises na vida real. E antes de pensarem em vender energia e fazer dinheiro pensem antes em ter uma bateria capaz de alimentar a vossa casa no próximo apagão ou se foram fãs do campismo podem alimentar o o vosso acampamento.
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