Esticar autonomia do seu automóvel elétrico

Todos nós já ouvimos várias dicas em como poupar combustível no nosso automóvel com motor de combustão - verificar a pressão dos pneus, não carregar peso desnecessário e por diante. Com os automóveis elétricos também há várias coisas que pode fazer para reduzir o consumo de eletrões e esticar um pouco mais a autonomia - muitas são iguais ou semelhantes às de um automóvel com motor de combustão, outras nem tanto.


Encher os pneus corretamente
Relativamente aos automóveis de combustão estudos indicam que uma queda de 0,5 bar na pressão de ar dos pneus relativamente ao valor do construtor causa um aumento de combustível entre 0,3 e 0,5 l/100 km devido ao maior atrito. Os elétricos recebem pneus específicos de baixa resistência e se não os mantiver à pressão correta não vão funcionar corretamente. Num estudo da Geely e Exxon sobre o impacto da normal permeabilidade (perda normal de ar dos pneus, IPLR - Inflation Pressure Loss Rate) dos pneus usados em automóveis elétricos concluiu que pode ter um impacto até 4% da carga elétrica durante a vida do carro.
Neste estudo, a perda de autonomia em pneus mais permeáveis (IPLR - Inflation Pressure Loss Rate) podem perder em média num período de 6 meses 16 quilómetros de autonomia, enquanto os pneus menos permeáveis (perdem menos ar) perdem apenas 7 quilómetros de autonomia. Eles estimam (e isto fazendo um calculo para vários modelos) que um automóvel elétrico sem perdas de ar nos pneus com 360 quilómetros de autonomia possível tenha realmente 353 quilómetros de autonomia com pneus menos permeáveis (IPLR < 1,73 %) e apenas 344 quilómetros se usar pneus mais permeáveis/com mais perdas de pressão (IPLR > 3.16 %).
Verifique a pressão dos seus pneus uma vez por mês para assegurar que cumpre os valores recomendados. Se quiser poupar um pouco mais use as pressões recomendadas para auto-estrada, mas atenção que é capaz de notar algum desconforto adicional - se é aceitável ou não só experimentando.


Escolha bem os pneus
Pneus para elétricos são concebidos e construídos de forma diferente - têm que lidar com maior peso, oferecer menos resistência, etc. Na tentativa de poupar algum dinheiro pode sentir-se tentado a usar pneus "normais" em automóveis elétricos, mas vão degradar-se mais rapidamente, a autonomia vai ser reduzida e como não foram desenhados para lidar com o peso adicional (com paredes laterais reforçadas) de uma bateria podem até falhar rebentar. Use os pneus adequados para o seu veiculo.


Aerodinâmica
Acima dos 80 km\h o efeito de travagem do ar começa a ser significativo e aumenta ao quadrado com a velocidade - se passa muito tempo em vias rápidas então é um problema. Escolha um sedan e esqueça os SUV, nada de barras ou outros acessórios no tejadilho, nem defletores de vento nos vidros e use o ar condicionado.


Conduzir suavemente
A mais conhecida - consome mais a acelerar o carro do que a manter a velocidade, e quanto mais acelerar maior consumo. Sim, apertar o acelerador de um elétrico é o mais próximo da sensação de entrar no hiperespaço, mas paga em eletrões. Tente ser o mais suave e gradual possível a atingir a sua velocidade de cruzeiro tentado manter o indicador de consumo que todos incluem atualmente. Depois de estar em movimento o importante é manter o movimento - é ao reacelerar que gasta mais energia, especialmente se parar completamente. Logo trava o mínimo e tente gerir o transito à sua volta.


Menos velocidade
Altas velocidades têm grande impacto no consumo de energia - mais ou menos acima dos 50 quilómetros/hora qualquer quer que seja o seu carro passa a gastar mais energia a empurrar o ar que está a frente do seu automóvel que acelerar o carro propriamente dito. Como vou referir física e matemática, coloquei uma foto ao lado para se entreterem enquanto faço a minha explicação aborrecida.
A fricção aerodinâmica é proporcional ao quadrado da velocidade. Ou seja, para qualquer distância, o motor tem que ter 4 vezes mais potência. Mas para ir ao dobro da velocidade, o motor tem que fazer essa mesma força em metade do tempo. Ou seja, para duplicar a velocidade, o motor necessita de 8 vezes mais potência e alimentar essa potência. Ou seja, se for a 110 km\h no autoestrada não perde muito tempo relativamente a ir a 120 km\h mas poupa bastante energia.


Usar navegação/GPS
Alguns sistemas de navegação já dispõem de uma opção de oferecer uma rota mais económica em termos de consumo de energia, além das habituais opções "mais rápida" e a "mais curta". Uso regularmente o Google Maps para essa opção.


Usar a travagem regenerativa em cidade
Graças aos sistemas de travagem regenerativa é possível recuperar alguma energia durante a desaceleração - assim que o condutor levante o pé do acelerador o motor elétrico passa a funcionar como gerador desacelerando o veiculo carregando a bateria. Alguns EVs têm um sistema que permite selecionar diferentes os níveis de regeneração ou função "conduzir apenas com 1 pedal" - em transito de cidade ou suburbano usar a definição máxima ou usar a "condução de 1 pedal" para aproveitar o máximo de energia. Estes sistemas de recuperação também funcionam quando o condutor usa os travões, mas apenas em travagens suaves - se travar com força passa automaticamente para a travagem mecânica e não recupera nenhuma energia. Claro que isso significa treinar a sua condução e atenção para conseguir prever o vai acontecer.


Desligue a travagem regenerativa
Em alguns elétricos é possível desativar completamente a travagem regenerativa que permite deslizar como se tivesse num automóvel comum em ponto morto. Noutros terá que encontrar, com o acelerador, o ponto entre a aceleração e travagem regenerativa para conseguir o mesmo efeito. Como os elétricos modernos foram construídos para resistência mínima consegue-se percorrer, em algumas situações, uma distancia bastante longa sem perder velocidade. Claro que não é recomendável fazer isto ao circular na cidade e arredores, mas em estradas nacionais e vias rápidas sem muito trânsito pode dar jeito.


Use o cruise control
Em autoestrada use o cruise control. Os automóveis elétricos são extremamente sofisticados com mais software que hardware...um exagero eu sei mas percebem o que quero dizer: são capazes de me fazer milhares de acertos mais depressa que consegue mexer o seu pé, portanto mais vale deixa-lo trabalhar. Em certos modelos já têm o cruise control ligado ao GPS e informações de trânsito capaz de ajustar velocidade de acordo com transito, geografia e outras situações.


Use o Eco Mode
Atualmente quase todos os automóveis, incluindo alguns a combustão, tem um modo Eco: geralmente reduz o consumo limitando a velocidade máxima, reduzindo o ar condicionado, reduz a taxa de aceleração e a resposta do acelerador. Varia muito conforme as marcas e modelos, alguns até têm um modo Eco+ ou EcoPro mas esses muitas vezes não são realistas porque alguns desligam a ventilação completamente. Teste no seu veiculo para verificar se a variação de autonomia vale o que perde dinamicamente.


Climatização
A climatização é a seguir ao motor elétrico o maior consumidor de energia do automóvel elétrico, consome mais que todos os outros equipamentos somados - nos automóveis de combustão roubava mais de 10 cavalos de potência. Quem se lembra desligar o ar condicionado quando tinha que fazer uma subida bastante inclinada? Então como reduzir esse consumo?

- Alguns elétricos têm uma função para direcionar o fluxo de ar apenas para o condutor: se estiver sozinho vire as saídas de ventilação viradas para si e use esta função. O ganho é pequeno mas é algum.

- Se for escolher um automóvel verifique se pode incluir assentos ou volante aquecidos. É que os sistemas de aquecimento clássicos gastam energia a aquecer o ar que depois aquece as pessoas e o ar é um péssimo condutor térmico. É mais eficiente aquecer diretamente o corpo usando os assentos ou o volante e não ligar a climatização. Se for para um automóvel com tejadilho de vidro assegure-se que tem uma cobertura para reduzir a entrada do sol no habitáculo. Escolha um automóvel de cor clara (branco, cinzentos claros, etc) e vidros escurecidos ajudam a reduzir a temperatura interior - segundos testes em automóveis estacionados ao sol a diferença pode ser de 15ºC.

- Se por exemplo no verão ao arrancar o automóvel estiver muito quente desligue a climatização, abrar todas as janelas (e o tejadilho se tiver) e circule assim por um pouco (algumas centenas de metros) para baixar a temperatura mais rapidamente se usar o ar condicionado que teria de trabalhar no máximo. Assim que a temperatura baixar feche os vidros e ligue o ar condicionado. Em cidade a baixa velocidade se estiver fresco mais vale circular com as janelas abertas e desligar o ar condicionado, mas fora da cidade a perda aerodinâmica é maior que o que perde por usar a climatização.

- seja brando com as temperaturas, temperaturas entre 21 e 23°C bastam para criar um ambiente confortável.

- Precondicione o habitáculo. Se sai de casa regularmente à mesma hora ou tem uma viagem planeada utilize a função de precondicionar/climatizar o automóvel enquanto está ligado à tomada - assim usa corrente da tomada para ter o veiculo à temperatura desejada. Dependendo do veiculo é possível efetuar esta programação nos sistemas multimédia ou aplicações de smartphone dos veículos. E não é só o habitáculo que pode ser condicionado: em certos veiculo é possível climatizar a bateria para que quando arrancar ela esteja à temperatura ótima de funcionamento.

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