CarlosGate - ponto de situação 11-04-2019

Mais um apanhado das noticias ligadas ao CarlosGate de 2019, e para seguir este tópico basta clicar na tag respetiva - ficam abaixo os principais desenvolvimentos como sempre sem tretas, conservantes ou adoçantes acrescentados.

Nissan começa a desmontar escolhas de Ghosn
Em Setembro de 2007 Carlos Ghosn tomou uma decisão que muitos estranharam: 2 dias antes do comité executivo da Nissan formalizar a escolha de um parceiro para as vendas e marketing na India Ghosn entra em cena e anuncia que escolhe uma outra empresa para esse fim. A decisão era estranha já que a escolha de Ghosn era para uma empresa sem experiência na área num mercado muito importante - deixa de ser estranho quando se descobre que o fundador e CEO dessa empresa é um grande amigo de longa data da família de Ghosn...

A noticia não surpreende - uma das acusações feitas a Carlos Ghosn é que este criou um emprego fictício para a irmã Claudine Bichara de Oliveira, tendo recebido de 2003 a 2016 quase 700.000 dólares.

E quando Ghosn decidia o comité baixava as orelhas - e assim continuou porque a escolha de Ghosn foi péssima e em 2012 até 2013 os protestos dos concessionários pela quebra de vendas atribuída a esta empresa caíram em ouvidos moucos. Apenas em 2014 é que enfim a escolha foi invertida - terá sido este episódio, juntamente com o episódio no médio oriente, que começou a levantar dúvidas entre os gestores da nissan acerca dos objectivos de Carlos Ghosn.
Mas só em 2017 é que um auditor interno da Nissan chamado Hidetoshi Imazu começou discretamente a investigar as decisões de Ghosn - e chegamos ao CarlosGate.


Comité auditor da Nissan indica provas de ilegalidades de Ghosn
Depois de uma auditoria de 3 meses um comité externo esteve a rever a governancia da Nissan Motor Co e conclui existirem factos suficientes para suspeitar violação da lei, regras internas e uso de fundos da empresa para fins privados por parte de Carlos Ghosn.

O comité acusa claramente Ghosn e a sua concentração de poder, mas também reconhece o papel do CEO da Nissan Hiroto Saikawa no mascarar do salário de Ghosn que despoletou todo este escândalo. Greg Kelly foi também apontado pelo comité por ter trabalhado ativamente para ocultar as acções de Ghosn de qualquer supervisão.

O grupo apresentou 38 recomendações para melhorar a governancia da Nissan, incluindo que executivos de topo na marca japonesa não devem ser ocupados por executivos da Renault ou Mitsubishi. Propôs também que a maioria dos diretores, incluindo o diretor da direção, sejam independentes e até externos.


Ghosn preso...de novo
É verdade, Carlos Ghosn voltou a ser preso - da primeira vez foram 108 dias e só após pagar uma caução de 9 milhões é que foi deixado sair em fiança. Aparentemente foram confirmadas novas acusações, e curiosamente se antes a Renault mantinha a sua distancia agora parece ter lhe virado as costas completamente.

A primeira vez que foi preso foi por ocultar o seu salário e benesses até 2018 e por transferir perdas pessoais durante a crise financeira de 2008 para a Nissan - e se condenado pode receber até 10 anos de cadeia, mais multas. Agora terá sido preso por suspeita de desvio de 5 milhões de dólares de pagamentos feitos de uma subsidiaria da Nissan para uma entidade terceira (segundo a Nissan será o distribuidor da marca em Oman) para beneficio próprio e a Renault também está a investigar pagamentos de Ghosn a mesma empresa em Oman feitos do seu lado - a Nissan disse que do seu lado os pagamentos ultrapassam os 30 milhões de dólares enquanto do lado da Renault não há números oficiais mas a Reuters cita uma fonte interna ao dizer que também estamos a falar de uma quantia de 2 dígitos nos milhões.

Quanto esta nova acusação acrescenta à anterior é uma boa pergunta - o julgamento deve começar no final de 2019.

Os advogados recorreram da nova detenção mas os tribunais aceitaram a nova detenção.


Ghosn diz que não será quebrado e pede ajuda ao governo francês
Segundo uma declaração emitida aos média Ghosn diz que a sua detenção é uma tentativa por parte da Nissan de o silenciarem e dos investigadores públicos para o fazerem confessar. Diz-se inocente, que ira lutar e pede ajuda ao governo francês. Acrescenta também que a detenção seria uma tentativa de evitar que este fizesse uma anunciada conferencia de imprensa a 11 de Abril para provar a sua inocência.
A defesa de Carlos Ghosn publicou um video em que este defende a sua inocência e basicamente acusa os executivos da Nissan de jogos sujos ao invés de tentarem reparar os problemas da Nissan e tentam frustrar a integração da marca japonesa com os outros parceiros da aliança.

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