DieselGate - ponto de situação 08-08-2017

Mais um apanhado das notícias ligadas ao dieselgate e há bastantes novidades interessantes - ficam abaixo os principais desenvolvimentos como sempre sem tretas, conservantes ou adoçantes acrescentados.


Tribunal alemão safa Volkswagen de si própria
Em março referi a ideia maquiavélica da procuradoria alemã de revistar e confiscar documentação da investigação interna do grupo VW diretamente da empresa de advogados Jones Day - afinal a Volkswagen nunca publicou o relatório completo da investigação interna e apenas disponibilizou um resumo aos americanos. Na altura ficou no ar so privilégio advogado-cliente se aplicava: a empresa de advocacia não foi contratada para representar o grupo alemão em tribunal, foi contratada para fazer uma auditoria e investigação interna.

A VW recorreu aos tribunais para não permitir o uso dessa informação e inicialmente só levou negas - até agora: o tribunal constitucional federal acabou de dar razão ao grupo VW e não permite que a procuradoria use qualquer informação recolhida da "visita" à Jondes Day.


Diesel VWs não corrigidos perdem homologação - rumor
Para já é apenas rumor, e apesar de ser na Alemanha pode ter implicações em Portugal - mas vamos por parte. Segundo a revista Focus os automóveis VW, Audi, Skoda e Seat que não sejam corrigidos podem perder a sua homologação. Como nós sabemos a Volkswagen está a recolher e corrigir 11 milhões de automóveis (8.5 milhões deles na Europa) por causa do tal software que falseia as emissões, mas quase 2 anos depois e apenas 5.5 milhões dos 8.5 milhões de automóveis foram atualizados - há muitos proprietários que, por várias razões, não estão a levar os seus veículos à marca para reparação.

Aí entra a possibilidade da KBA retirar a homologação dos automóveis não corrigidos - e ai entra a possibilidade de afetar toda a Europa. É que os automóveis são homologados no pais de fabrico pela autoridade nacional (na Alemanha é a KBA) e na União Europeia essa homologação é valida para toda a Europa. Ora se a KBA retirar a homologação aos automóveis da VW fabricados na Alemanha isso pode (digo pode porque ainda estamos a falar de um rumor) destilar para toda a União Europeia - seria ilegal conduzir esse veiculo na estrada podendo ser apreendido.


Governo e construtores alemães reúnem-se para salvar diesel
O governo alemão marcou uma reunião de emergência com os CEOs da VW, Daimler e BMW para que estes tentem convencer ministros e governos locais a não enveredarem por proibir automóveis diesel nas suas cidades. 

Como já tinha dito antes os motores diesel são muito importantes para os construtores alemães, representando grande parte das vendas - um corte a frio nas vendas roubaria receitas necessárias para desenvolver novas tecnologias, incluindo automóveis eléctricos. Há também o problema que os motores diesel produzem 1/5 do CO2 do equivalente a gasolina e para cumprir os limites de emissões de CO2 previstos apartir de 2020 sem diesel não dá para os alemães. O governo alemão até ajudaria mas com eleições à porta Angela Merkel tem que acalmar os críticos não parecendo que está a facilitar a vida aos construtores mas ao mesmo tempo não prejudicar os muitos empregos da industria automóvel alemã.


Construtores atulizam 5 milhões de automóveis diesel na Alemanha
Os construtores automóveis alemães (Mercedes, BMW e grupo VW) aceitaram atualizar o software de 5.3 milhões de automóveis para melhorar as emissões de óxidos de azoto e assim tentar evitar as proibições de circulação de automóveis diesel que poderiam afectar as vendas. Segunda a VDA (associação da industria automóvel alemã) a atualização (a aplicar a automóveis diesel Euro5 e Euro 6 - modelos mais antigos precisariam de novos catalizadores) tornará os sistemas de filtragem mais eficazes reduzindo as emissões do oxido de azoto em 25 a 30%.

Concordaram também em contribuir para um fundo de mobilidade sustentável que ajudará a pagar a poluição nos centros urbanos. Este acordo irá custar cerca de 500 milhões de euros e evitam mais dispendiosas modificações mecânicas aos motores e sistemas de tratamento de emissões.

Baseada na Alemanha, a Ford discorda deste acordo que considera ineficaz, que a atualização de software terá beneficio negligenciavel para o consumidor e nenhum impacto real na qualidade do ar.

Além da reprogramação, os construtores vão também oferecer incentivos para retirar automóveis mais antigos da estrada. A BMW irá oferecer um incentivo de 2.000 euros pela troca de um automóvel Euro4 por um modelo mais moderno (i3, híbrido plug-in ou Euro6). A Toyota irá oferecer até 4.000 euros pela troca de um automóvel diesel por qualquer modelo híbrido. O grupo VW irá oferecer incentivos pela troca de qualquer modelo Euro1 a Euro4 de todas as marcas do grupo incluindo comerciais - não especificou os modelos. A Ford vai oferecer incentivos de 2.000 a 8.000 euros a clientes que troquem os seus diesel Euro1, Euro2 ou Euro3 registados até 2003 por um Ford novo. E o mais importante é que está a considerar oferecer este incentivo em toda a Europa - os incentivos da Volkswagen, BMW e Toyota são apenas para alemão ver infelizmente.

Quem pelos vistos também não concorda com esta atualização são os restantes construtores - algo que não deixou o governo alemão muito feliz.

O ministro alemão da justiça Heiko Maas disse que este acordo é apenas um primeiro passo, mas que não tira as proibições de circulação de cima da mesa já que os requisitos legais para a poluição ambiental mantêm-se. Já o pessoal do grupo ambientalista DUH diz que a atualização de software apenas reduzirá as emissões de óxidos de azoto entre 2 e 3%, continuando decidida a exigir proibições de automóveis diesel em 16 cidades via os tribunais.

O presidente da câmara de Munique Dieter Reiter também expressou as suas duvidas sobre o acordo entre o governo e os construtores, não acredita (quer a reprogramação quer os incentivos oferecidos) que fará o suficiente para evitar as proibições de circulação de automóveis diesel. O presidente da camara de Estugarda também contempla a proibição de circulação e diz-e desapontado sobre o acordo conseguido - espera que seja o primeiro passo de outros que se sigam. Já o ministro dos transportes Alexander Dobrindt espera que as proibições de circulação possam ser evitadas. Mas algo é certo - vão ter que fazer testes na vida real. Atualizar os veículos e verificar quem tem razão.


Tribunal alemão abre caminho para banir diesel em Estugarda
Nos entretantos enquanto tudo isto decorre um tribunal alemão declarou que é legalmente permitido e aceitável restrições ao transito para melhorar os níveis de poluição no ar. Traduzindo à letra "a protecção da saúde é mais importante que o direita da propriedade e liberdade geral dos condutores afetados por esta possível proibição".


Porsche Cayenne sob recolha
O governo alemão ordenou a recolha de 22.000 Porsche Cayenne equipados com o V6 TDI diesel de 3 litros devido à presença do mesmo sistema de falseamento de emissões. O ministro dos transportes Alexander Dobrindt disse que a certificação seria retirada e que estão a estudar o VW Touareg que deve ter o mesmo problema. A situação terá sido reportada pela Porsche depois de uma investigação interna. A Porsche já concordou na necessidade da recolha.


"Antigos" Diesels VW já tem reparação aprovada
Quando o dieselgate explodiu em toda a sua gloria nos EUA a Volkswagen viu-se obrigada a reparar os automóveis afetados ou compra-los de volta dependendo da escolha do consumidor - mas havia 2 gerações do 2 litros TDI afetados e se a mais recente (2005 em diante) era fácil de reparar (já há uma reparação aprovada) mas os 326.000 TDIs mais antigos (2009 a 2014) não havia forma de reparar. Até agora - a EPA e CARB já a aceitaram e ilustra bem o quanto diferentes são os padrões nas emissões diesel entre a Europa e os EUA: além da atualização do software, o catalizador NOx será substituído bem como outros elementos do sistema de controlo de emissões.


Áustria investiga 2 empresas
2 empresas Austríacas e suas direcções estão sob investigação por suspeita de fraude, crimes económicos e danos ambientais por cumplicidade no falseamento das emissões do grupo VW. Infelizmente não há mais detalhes disponíveis - será a Magna?

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