Ensaio Alfa Romeo Giuletta 1.6 JTDM

Regressam os ensaios do 4rodas1volante, hoje ensaiamos o novo Alfa Romeo Giulleta, um modelo critico para a sobrevivencia da Alfa Romeo. Como me dirigi ao stand como interessado em comprar, não tive hipótese de tirar fotografias tendo que usar o que conseguir tirar da net, por isso peço desculpa.


O Alfa Romeo Giuletta é o meu primeiro Alfa de a muito tempo (conduzi os 33, 75, 164 turbo, 156 e 159) - estive para conduzir o Mito quando saiu em Portugal mas antes disso soube dos problemas de afinação do Mito e do "Mea Culpa" da Alfa em como tinham posto o carro no mercado sem que as afinações estivessem todas feitas e como admirador da marca recusei-me a conduzi-lo. Mas o Giullleta é importante logo tenho que o conduzir. Normalmente pergunto-me se é um bom carro, se eu gastava o meu dinheiro neste carro - hoje há que responder ainda a outra questão: ainda é um Alfa Romeo?

Exterior
Enquanto esperava para que o vendedor encontra-se a chave tive hipótese de observar em detalhe o novo Alfa Romeo Giuletta e posso dizer o seguinte: há aqueles carros que não nos importamos de deixar na rua (coreanos normalmente), há aqueles carros que nos afeiçoamos ao ponto de quererer-mos traze-lo para dentro de casa à noite, dar-lhe um pratinho de leite e deixa-lo dormir ao fundo da cama. O Alfa Romeo Giulleta queremos leva-lo para cama connosco - é assim tão belo e desejável.
Continuando à volta do Giuletta, passo à traseira que é extremamente bela e proporcionada. Mantêm-se os puxadores das portas traseiras ocultas no pilar C que dá, com as linhas marcadas, um aspecto de coupé.

Se quisermos ser picuinhas, notei que a mala fica muito alta sendo difícil de carregar objectos pesados - algo que não é muito mal, uma vez que segundo o catálogo a mala tem cerca de 260 litros quando a média do segmento é acima dos 300 litros.

Interior
Ao surgir enfim as chaves sentei-me logo no lugar de privilégio num Alfa Romeo, o lugar do condutor com este combinado a olhar directamente para mim...
Os assentos eram confortáveis e consegui encaixar os meus 1,84 metros costas largas sem problemas - mas ao olhar à minha volta, havia algo de errado que não conseguia identificar.

E enquanto ignorava a conversa do vendedor encontrei: o tablier é bonito, agradável mas ao contrário dos últimos Alfa (o ultimo foi um 159) o tablier não esta voltado para o condutor e é plano, escuro - alemão.

Onde esta o estilo, a cor? E porque usar plásticos que parecem tirados de um Toyota - duros. Onde estão os plásticos moussados modernos tão agradáveis ao toque?

Passando aos lugares traseiros, posso dizer que são mais confortáveis que o habitual...tirando a parte de que para aceder ou sair dos lugares traseiros é preciso dobrar a espinha devido à linha do tejadilho e aos pilares traseiros grossos. Os mais altos vão ficar com a cabeça no tejadilho. Mas é um pequeno sacrifico para ter linhas tão belas. Basta escolher amigos com menos de 1,70 metros.

Condução
Mas de certeza que a condução vai compensar o interior tirado do eixo - esta na hora de fazer à estrada. Debaixo do capot esta o 1,6 litros JTDm com 105 cavalos e à minha frente um bom pedaço de alcatrão. Posso dizer que anda como um Alfa e que a direcção, apesar da assistência eléctrica, até é comunicativa. Durante o passeio meti em modo Dinamic que faz passar o binário de 280 para 320Nm e melhora a resposta da direcção e acelerador.
Mas algo era fácil de perceber, estava confortável - a suspensão era bastante confortável, um pouco até demais para fazer algumas curvas mais rápidas e decididamente mole, confortável demais para os alfistas (algures nas opções deve estar o chassis e suspensão desportivo) e para quem aprecie uma condução dinâmica. Mas o verniz estala ao entrar em cidade. O modo Dinamic torna-se impossível - a direcção é dura demais, mas esse não é o pior problema: o motor é completamente mudo abaixo das 1850rpm. O turbo não gira e simplesmente não tem força obrigando a um constante usa da caixa de velocidades. É simplesmente desgastante.

Não tive muita hipótese de tirar números ou consumos, mas calculo que os consumos devem ser altos: o Alfa Giuletta pesa cerca de 1440kg. Peso semelhante ao novo Opel Astra mas igualmente mais pesado que a concorrencia directa: um Golf pesa em média 1300kg. São mais 140kg que pesam nos consumos e no Cuore Sportivo. Dito isto, o actual Megane e Golf são actualizações dos modelos anteriores e daí a diferença de peso - vamos ver se as próximas gerações também engordam...


Resumindo
Comecei com 2 perguntas, sendo a primeira: é um Alfa Romeo? Este em particular não - a suspensão é confortável (mole) demais para quem goste de condução dinâmica e o motor pode ter força mas em cidade é completamente desesperante. Mas há solução para os Alfistas - creio que vi na lista de opcionais a opção de chassis dinâmico e trocar este motor diesel pelo gasolina. Ao regressar ao stand queixei-me do motor e eles deixaram-me dar uma volta num 1.4 TB que ainda não tinha sido entregue ao cliente e posso dizer que é um animal completamente diferente - é mais leve e mais...Alfa!

Se é um bom carro...definitivamente é um melhor Alfa Romeo. Creio que é um bom carro, se bem que merecia melhores plásticos e cores no interior. Mas creio que o meu maior receio é a fiabilidade - terá a Fiat feito o seu trabalho de casa? Só tempo dirá. Mas como não existe tal coisa como um carro perfeito (e se existisse duvido que o compraria), digo apenas isto: este Alfa merece saltar dos seus sonhos para o seu leito.  E se recentemente recebeu um Giuletta bordeaux a gasolina com um pacote fechado de Fishermans friend...não sei a quem possam pertencer.

5 comentários:

  • Marco C. says:
    23 de novembro de 2010 às 15:04

    Não sabia essa parte dos bancos de trás não permitirem pessoas com altura normal. 1,81 que tenho para mim é normal... Por isso é um ponto grande negativo.

    Bom deve ser o de 235cv... isso sim. Ainda não vi nenhum na estrada, mas já devem haver alguns, poucos claro...

    Bom Ensaio :)

  • Miguel says:
    24 de novembro de 2010 às 01:04

    pelos vistos este fim-se-semana foi dia de ir ver o Giulietta,porque a minha namorada também foi vê-lo! Eu já o conhecia desde a apresentação em Portugal e adorei o carro, e também já o tinha tido conduzido no Estoril,onde até houve tempo para uma pequena corrida com um Ceed`s Coupé, nesse dia desesperei com o diesel do alfa, mas aguentei as investidas.Mas no geral fiquei com uma óptima impressão, deu logo para perceber que era um carro que merecia outro motor, mas nos tempos que correm é a opção mais sensata este 1.6.Portanto, a minha namorada adorou o carro, e logo na segunda feira o pai comprou... um volvo C30 ;)

  • Alminhas Tunning Club says:
    23 de abril de 2011 às 13:23

    Diz o que conduzes e dir-te-ei quem és...

    És um típico alemão invejando aquilo que vocês se gabam de ter e que mais ninguém tem: qualidade de contrução.

    Agora, pergunto-te:

    OS alemães não fazem obras de arte com as carrocerias (feios), não têm a desportividade dos italianos, e tão a ser igualados em termos de fiabilidade pelos italianos. O que vos leva a comprar vw's?

  • Turbo-lento says:
    23 de abril de 2011 às 21:22

    Não conduzo alemão e muito menos sou alemão...nem gosto do David hasseloff!

    E se leres com atenção, para mim, o Giuletta é belo ao ponto de o querer levar para a cama comigo. E apesar dos seus vários defeitos, eu compraria mais depressa o alfa que o opel astra que conduzi antes.
    Mas a verdade é que a Fiat teve tempo e obrigação de acompanhar com a qualidade da concorrencia e não o fizeram o que é uma pena.

    A vida é feita de compromissos, é uma equação em que é necessário equilibrar ambos os lados. Um belo automovel não serve se nos deixa na berma da estrada quando precisamos dele. Mas se não é belo, de que serve gastar os nossos euros que custaram tanto a ganhar...

  • Herege says:
    24 de abril de 2011 às 20:49

    "estão a ser igualados em termos de fiabilidade pelos italianos"

    !?(discordo)

    Tentei rápidamente vêr o significado desta palavra, no entanto a primeira resposta que me aparece depois de uma pesquisa em relação ao que está palavra significava, descobri que seria o seguinte:

    "Fiabilidade é a característica da confiança. É a qualidade de algo que tem extrema confiança. Se algo ou alguém passa segurança e confiança, então temos a fiabilidade."

    Pensava eu que estaria a vêr um artigo de coluniária, se calhar mais própriamente a falar de Pizzas :), mas de repente vi que estavamos a falar de automóveis, ah bom! então O significado aqui muda, um pouco...

    É que em pizzas e design os italinanos são bons ninguem lhes tira o mérito, agora como estou a vêr um artigo sobre carros, e no tocante a fiabilidade, desculpem, mas não concordo.

    Se é coisa que os italianos nunca tiveram foi no seu contexto global, a palavra "Fiabilidade" no que produzem. Pelo menos assim reza a história, mais para além de história, ou histórias, falo por experiência própria. Tive carros italianos e jurei para nunca mais, na verdade, ou na minha opinião carros bonitos e feios todas as marcas os tem. A Alfa, tem carros muito bonitos (subjectivo), mas isto só não chega.

    Como costumo dizer, os italianos fazem uns embrulhos mais bonitos do que a prenda em si possa valer.

    Se eu gostava de ter um Alfa, sim gostava, um ou outro modelo, mas não investia o meu dinheiro neles muito francamente. Sou apaixonado pelo design em termos gerais de um Alfa, sim. Mas só queria este carro para "Amante", nunca para minha mulher e casar com ela ;)

    E os Italianos estarem a chegar ao nivel de qualidade de os alemães ou japoneses, ainda tem de comer muita pizza :) andar bem, fazer um som excitante e design não é de todo sinónimo de fiabilidade na minha opinião.