Como devem ter visto nas noticias a União Europeia abriu uma investigação aos apoios estatais do governo chinês aos automóveis elétricos com a possibilidade de aplicação de tarifas adicionais aos automóveis produzidos na China aumentando o seu preço - que inclui os Tesla Model 3, Dacia Spring, MG4 e por diante. O relatório e recomendação final devem ser apresentados daqui a 12 meses.
Para ser claro os automóveis chineses já levam com uma taxa aduaneira de 10%, mas agora podem (segundo a União Europeia) levar com mais 10 ou mesmo 20%. Os EUA atualmente aplicam uma taxa de 30% nos automóveis elétricos produzidos na China.
Como é que os chineses produzem elétricos mais baratos que os europeus?
Segundo dados oficiais as importações de automóveis híbridos e elétricos fabricados na China para a Europa aumentaram 112% nos primeiros 7 meses de 2023 e 361% relativamente ao ano de 2021. E como é que a China é capaz de produzir tantos automóveis elétricos a tão baixo preço? Duas razões: sobre capacidade industrial e apoios do estado.
-Segundo a Auto News em 2021 a China deu 15 mil milhões de euros para a produção de elétricos (subsídios que arrancaram em 2009) e em Junho de 2023 o governo chinês anunciou mais 72 mil milhões de apoios aos EVs até 2027;- Segundo a Automobility a China tem uma sobre capacidade de produção (produzem mais do que o mercado interno consegue absorver) de 10 milhões de unidades por ano; O excesso de produção e a subsidiação da produção pelo estado chinês faz que, segundo a comissão europeia, os elétricos chineses sejam 1/5 mais baratos que os equivalente europeus.
Porque nós?!
O mercado europeu é um alvo que faz sentido aos chineses - com as regras de emissões apertadas e possível proibição de venda de automóveis com motores de combustão no futuro próximo faz os elétricos fáceis de vender. E como americanos impuseram taxas à importação de automóveis made in china (durante a era de Trump os EUA aplicaram uma tarifa de 25% a automóveis produzidos na China que ainda hoje se mantem) somos um alvo obvio.
Seguir a mesma receita dos americanos?
A União Europeia tem que ter cuidado porque a possibilidade de retaliação de Pequim é real. É importante não esquecer que grande parte das matérias primas para a construção de automóveis elétrico veem da China - se querem mesmo fazer frente aos automóveis elétricos fabricados na China a Europa tem que arranjar outra fonte para os metais e a sua refinação, produção de células e mais. A China é também um grande mercado para as marcas europeias (particularmente a BMW, Renault e VW que produzem automóveis na China para o mercado local e para exportar para o mercado europeu).
Posições na Europa
É um tema que divide os intervenientes. A Comissão Europeia não está feliz com o mercado ser inundado pelos EVs chineses e apesar de serem uma opção mais barata que facilitaria a adoção dos elétricos os lideres políticos estão mais interessados em proteger a industria automóvel europeia e empregos dos eleitores.
Curiosamente o ministro alemão dos transportes Volker Wissing disse recentemente que rejeita a possibilidade de tarifas nos automóveis fabricados na China por recear escalada de barreiras para outros produtos, mas o colega de governo com a pasta da economia Robert Habeck está a favor das tarifas.
Ser verdadeiramente verde
Pode argumentar que automóveis elétricos mais baratos permitem uma redução de emissões e melhorias do ambiente, algo que tarifas iriam prejudicar. Mas não esquecer o transporte da china até cá em grandes navios de transporte - segundo a AIC Shipping eles esperam, para o período de 2024 a 2026, ter 12 cargueiros para o transporte de automóveis (aproximadamente 500.000 unidades por ano) e cada um dos automóveis que sair desses barcos terá essa poluição a compensar.
É fundamental apostar em produção local, ou pelo menos no mesmo continente! Curiosamente durante este verão a SAIC Motors (que detém marcas como a IM, Maxus e MG) anunciou uma fábrica na Europa - provavelmente já estão a contar com as tarifas.
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