Auf wiedersehen Herbert Diess

Algo que definitivamente não estava a ver acontecer - o grupo Volkswagen correu com o seu CEO Herbert Diess substituindo-o pelo diretor da Porsche Oliver Blume. Segundo ambas as partes foi "de mutuo acordo" e acerca disso digo...TRETA! Despedir um CEO que conseguiu recuperar a marca do dieselgate, reformulou a oferta, acelerou a transição para a eletrificação e transformar o grupo menos de 2 anos depois de renovar-lhe o contrato...há mais acerca desta historia.


Quem é Diess?
Herbert Diess veio da BMW e aterrou na Volkswagen num dos seus períodos mais negros, tomando o lugar do anterior CEO Martin Winterkorn que se demitiu no seguimento do Dieselgate. E a verdade é que desde o primeiro dia na Volkswagen a estadia de Herbert Diess foi tensa: ele mudou/modernizou a forma de gestão do grupo, acelerou a eletrificação de todas as marcas e gamas, reestruturou e redefiniu a imagem de algumas marcas e criou uma entidade dedicada ao desenvolvimento de software. E tanta mudança numa empresa tão rígida como a VW era inevitável chatear...bem, toda a gente.


Quem ele chateou
As famílias Porsche e Piech principalmente - nunca gostaram da sua forma de falar o que lhe ia na alma, achavam que não era sério suficiente, que não era um líder nato e o retorno dos investimentos feitos parecia cada vez mais distante. Segundo uma fonte citada as famílias achavam que Diess "tinha uma forma de comunicação miserável". A ultima gota, segundo o Automobilwoche, para as famílias dominadoras terá sido os problemas com a unidade interna de desenvolvimento de software Cariad: já excedeu o seu orçamento e está a anos de apresentar a nova plataforma de software.

Os sindicatos também torceram o nariz. Diess herdou o plano de cortar 5 mil milhões de euros de custos por ano e conseguiu chegar a acordo para cortar 30.000 empregos por atrito/reformas sem substituição. Conseguiu simultaneamente chatear a direção porque não foi suficientemente rápido, e os sindicatos por envolver despedimentos.

Diess também causou uns quantos embaraços à marca. Em 2019 Diess usou o slogan "EBIT macht Frei" para descrever o potencial de lucros da marca muito próximo ao slogan Nazi que estava inscrito nos portões do campo de concentração de Auschwitz "Arbeit Macht Frei". Também conseguiu chatear a rede da VW norte-americana ao apresentar a nova marca Scout com vendas apenas online, sem passar pelos concessionários - algo que ele admitiu ter-se esquecido de avisar.

A direção e sindicatos também não apreciaram a espécie de "bromance" entre Diess e Elon Musk.


Sai Herbert Diess, entra Oliver Blume
O CEO da Porsche Oliver Blume vai acumular a direção do grupo Volkswagen com o da Porsche. Blume chegou ao grupo VW em 1994 e à direção da Porsche em 2015, mas esta situação será sem duvida temporária porque ele próprio tem os seus problemas. Está a tentar cotar a Porsche em bolsa (para financiar a eletrificação mas está a ser complicado por problemas com a valorização da marca) e está envolvido num "pequeno escândalo" politico (aparentemente anunciou numa reunião interna que tinha tido um grande papel no acordo da coligação politica alemã para a utilização de combustíveis sintéticos - ou seja, confessou que a Porsche estava a influenciar/corromper a decisão do governo).

Mas se Diess sai e Blume vem já tremido para uma posição temporária arrisca a complicar ainda mais a vida do grupo numa altura em que a industria automóvel está a atravessar um período de mudança acelerada.

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