Novo Dacia Sandero com 2 estrelas EuroNCAP

O EuroNCAP voltou a partir loiça e submeteu os mais recentes Dacia Sandero, VW ID.4 e Skoda Enyaq iV à sua bateria de testes. Se os primos ID.4 e Enyaq iV ficaram bem na fotografia com 5 estrelas o mesmo não pode ser dito do Dacia Sandero que conseguiu apenas 2 estrelas. É definitivamente um mau resultado mas contexto importa.


A anterior geração do Dacia Sandero foi testada em 2013 e conseguiu 4 estrelas, mas desde então os testes tornaram-se mais exigentes. Nos testes de impacto o novo Sandero até se portou bem:
- Proteção de adultos: 70%;
- Proteção de crianças: 72%;
Para referencia o mais pequeno Hyundai i10 conseguiu 3 estrelas em 2020 com resultados ligeiramente melhores (69 e 75% respetivamente) . Em embates dianteiros o Sandero consegue proteger os ocupantes adultos melhor que o novo Yaris: 12,1 pontos de 16 possíveis contra 12 em 16. Mas o atual Clio, com o qual partilha uma versão da mesma plataforma, conseguiu as 5 estrelas com 96 e 89% respetivamente. Mais acerca disto mais à frente.

O problema do novo Sandero são os sistema de segurança ativa, ou a sua ausência para ser exato - eis as pontuações completas:
Proteção de adultos: 70%
Proteção de crianças: 72%
Proteção de peões/ciclistas: 41%
Ajudas à segurança: 42%

E se muitos dizem que é injusto dizer que um carro é menos seguro simplesmente porque não tem "estas modernices" lembrem-se do mantra do senhor Miyagi no Karate Kid 2 - "a melhor defesa para qualquer ataque é não estar lá".
Ou seja, a melhor proteção contra acidentes é não ter um acidente e é aí que as tecnologias entram. O sistema de travagem de emergência é básico e a única coisa que reconhece são outros automóveis, não há manutenção de faixa de rodagem, não há aviso de saída de faixa, vigilância de ângulos mortos, tem apenas 2 airbags e segundo o EuroNCAP os materiais usados no interior não são propriamente os mais agradáveis para ter um encontro direto em caso de acidente.

A pontuação baixa deve-se também outras economias "necessárias": como referi antes há uma grande diferença nos resultados do EuroNCAP entre o novo Sandero e o atual Clio que supostamente usam a mesma plataforma CMF-B. A verdade é que para conseguir um preço mais acessível para o Dacia a plataforma foi simplificada e recorre a materiais menos rígidos - sim, construir um automóvel seguro sai caro.


Concluindo
O resultado não é bom mas não significa que o novo Dacia Sandero seja perigoso - é definitivamente mais seguro que a geração que substitui. Mas quando é que o preço de tecnologias que podem salvar vidas ficou "elevado demais"? Onde estão as economias de escala? 

Tecnologias de segurança, ativas e passivas, são importantes e graças a elas os automóveis modernos (ok, pelo menos os que podemos comprar na Europa) nunca foram tão seguros - seja a evitar um acidente seja a sobreviver um acidente. Espero que este resultado embarace a Renault o suficiente para mandar os contabilistas dar uma volta ao bilhar grande e deem ao Sandero o que ele precisa para melhor proteger os seus ocupantes. 

Afinal quanto tempo e dinheiro investiram naquele sistema de barras de tejadilho para o Sandero Stepway e não seria melhor investido num sistema de travagem de emergência que reconhecesse os peões nas passadeiras?! Não sei onde é que os engenheiros da Renault vivem mas por estes lados pessoal distraído a atravessar a estrada a olhar para o telemóvel estão por todo o lado. E eu não quero atropelar nenhum porque depois dá muita papelada na esquadra da policia...

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