Renault Scenic e Grand Scenic no salão de Paris 2016

Confesso que estava curioso para ver a nova Renault Scenic e Grand Scenic - a renault criou o monovolume e trouxe o formato a todos os segmentos, da Espace ao Twingo passando pela Scenic. Mas numa altura em que os SUVs dominam o mercado e os monovolumes são os que mais perdem a Renault apostou em reinventar a monovolume na nova Scenic...infelizmente no processo matou o monovolume compacto.



No papel parece ter tudo para vencer - inspirada no concept R-Space de 2011 com uns pozinhos da actual Espace (especialmente na traseira da Grand Scenic) e o look bicolor do Captur. Tem um ar bastante dinâmico, fluido, parece inclinada para a frente que funciona muito bem com a traseira curta e com as grandes rodas de 20 polegadas de série - definitivamente tem presença.

Basicamente a Renault acrescentou um pouco de cross-over ao design da Scenic com novas cores às mistura - pessoalmente acho a versão longa mais proporcional que a versão curta. Mas o problema é no interior, onde parece que os designers ultrapassaram o budget e basicamente desistiram.

Desapareceu a instrumentação central e adoptaram o mesmo tablier de outros modelos - numa monovolume o tablier mais para a frente, dando espaço aos ocupantes mas na Scenic (provavelmente cortar custos) o tablier vem para cima dos ocupantes. A consola central deslizante para pouco serve já que rouba um lugar atrás quando puxada para trás e o porta-luvas tipo prateleira pode ser refrigerado mas bate nas canelas do passageiro.

E depois temos a questão da modularidade de uma monovolume - que desapareceu nesta geração. Seja na versão curta ou longa já não recebe os assentos individuais e na segunda fila recebe um assento 1/3-2/3 como num sedan normal. Que pode parecer um pormenor menor até tentar aceder à terceira fila de bancos.

Para aceder à ultima fila é preciso operar uma alavanca que solta a mola que dobra e puxa o banco para a frente - do lado esquerdo tem a parte mais pequena que é fácil de operar mas se tiver o azar de aceder pela direita não só é precisa muita força para operar a alavanca e como a mola tem que ter muita força para puxar aquele grande banco ele avança rapidamente e com muita força e se houver algo no caminho (como a sua cabeça) vai doer. E custa voltar a colocar o assento no lugar. Definitivamente quem achou este sistema uma boa ideia não tem filhos.


Para esfregar sal na ferida a abertura para trás não é muito grande e os assentos da ultima fila são definitivamente para crianças apenas. Testei recentemente a Volkswagen Touran bem como a Citroen Grand C4 Picasso e em ambos consegui sentar-me atrás se bem que com as pernas desconfortáveis. Na nova Grand Scenic houve alguém que teve a brilhante ideia de colocar imediatamente por cima da cabeça do lugar da direita os cintos de segurança - se for mais alto que 1.65 ou 1.70 vai esmagar a cabeça de encontro a uma peça de plástico duro e os encaixes dos cintos.

E sim, pode dobrar os bancos facilmente de um conjunto de botões na mala, mas não consegue uma superfície plana como...todos os rivais conseguem!
Resumindo, tal como o Twingo também a Scenic abandonou o "monovolume" e neste caso abraçou os crossovers - e aí reside o problema. Se por um lado poderá atrair alguma clientela nova que antes nem pensava numa monovolume, vai certamente afastar a grande clientela dos monovolumes: aqueles que compram mais com a cabeça que com o coração. Aqueles que apreciam espaço, funcionalidade e uma boa relação espaço/dimensão vão torcer o nariz à Scenic. A Touran e mesmo a mais velha Grand Picasso são muito mais praticas e utilizáveis, especialmente para famílias.

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