Dieselgate : ponto de situação 29-01-2016

O dieselgate continua a desenrolar-se que nem uma telenovela, se bem que mais interessante que as portuguesas. E sempre sem tretas, conservantes ou adoçantes acrescentados aqui no 4Rodas1Volante.
Volkswagen sabia do Dieselgate desde 2006?
Isto é um rumor publicado pelo jornal Sueddeutsche Zeitung com base em informação que diz ter sido tirado do relatório interno da VW não ainda tornado público - segundo este jornal o software de falseamento das emissões era "um segredo conhecido" de vários gestores e diretores desde 2006.
O jornal diz que um membro sénior que não sabia do falseamento nos diesel foi informado em 2011 por um funcionário, mas o gestor resolveu ignorá-lo e não tomou qualquer medida para resolver a situação. Haveria um clima de "desespero" para conseguir que os TDI cumprissem as normas de emissões americanas e na impossibilidade de o conseguir e não querendo-o admitir isso à direção optaram pela falseamento das emissões.
Este relatório que o jornal cita (e que até agora ninguém fora da VW viu) só será tornado público em Abril na reunião anual dos acionistas. Será interessante de ver exatamente o número de pessoas que sabiam desta situação - a Volkswagen falava "num pequeno grupo de pessoas".


Sindicato da Volkswagen não surpreende
O líder laboral do grupo Volkswagen rejeita uma proposta da direção do grupo para aumento da produtividade e disse que as mudanças estruturais planeadas estão a causar desconforto entre os trabalhadores. Segundo Bernd Osterloh o objectivo de aumentar a produtividade em 10% em 2016 é irrealista e pode levar a despedimentos.
Já era algo previsível - a estrutura do grupo VW precisa de uma reforma para que algo como o dieselgate não volte a acontecer e melhorar a rentabilidade dos seus produtos especialmente para pagar a conta crescente do dieselgate. As margens de lucro na marca VW são pequenas devido aos elevados custos laborais e produção interna de motores e componentes - e claro que os lideres laborais, que detém posição de relevo na direção do grupo, mais cedo ou mais tarde iriam opor-se. Em particular porque a nova organização dá mais poder às operações regionais e isso significa dispersar o poder.


Matthias Mueller pede novas metodologias de teste
Seguindo quase o mesmo texto de todos os outros CEO's da industria automóvel, Matthias Mueller urgiu os políticos europeus para que rapidamente sejam criados e implementados metodologias de teste de emissões que aproximem os resultados de laboratório à realidade.
Infelizmente não passa de uma farsa - se por um lado os CEOs pedem que medidas sejam tomadas medidas para melhorar os testes de homologação, nos bastidores pressionam os seus governos para impedir e desmontar qualquer tentativa de melhoria. No inicio do Dieselgate a comissão europeia afirmou que iria implementar testes mais apertados e exigentes - o resultado foram testes e limites ainda mais diluídos que antes. E como esses não foram aceites pelo parlamento europeu as atuais metodologias desatualizada continuam em vigor - de uma forma ou de outra os construtores ganham e nós continuamos a ser sacrificados.


Grande accionista dá ultimato
O segundo maior accionista do grupo da Volkswagen, o estado da Baixa Saxónia que detém 20% do grupo, deu 3 meses ao grupo Volkswagen para chegar ao fundo do debáculo do dieselgate e apresentar todas as conclusões da investigação externa que iniciou. 

A verdade é que tirando o despedimento de Winterkorn e alguns engenheiros a verdade é que mais nada de concreto saiu da Volkswagen - especialmente para os clientes. Esta pressão do Estado da Baixa Saxónia soa apenas a "bater no peito político" - a Volkswagen disse que vai apresentar em Abril o relatório sobre a investigação interna na reunião anual dos acionistas ora se estamos em Janeiro e adicionar-mos os 3 meses de ultimato temos Abril. 

 Infelizmente parece que a Volkswagen esta a jogar a mesma estratégia de todos os outros construtores quando tem este género de problemas: adiar, protelar e negar quando possível. E negando continuam - segundo um porta-voz da Volkswagen aceitar a recolha ordenada pela KBA não significa que admitem que fizeram algo de errado, muito pelo contrário, a VW não fez nada de errado mas discutir com a KBA seria moroso demais sendo mais fácil simplesmente fazer-lhes a vontade. Sim, a VW acredita que na Europa não fez nada de errado - segundo a VW, pela lei europeia o tal software que falseia as emissões não é ilegal.


Primeiras reparações recebem luz verde na Europa
Depois da aprovação preliminar à reparação proposta para os motores de 1.2, 1.6 e 2 litros diesel a Autoridade Federal Alemã de transportes aceitou e deu a luz verde para a reparação dos primeiros automóveis com o 2 litros diesel - neste caso a pick-up Amarok. Aseguir deverá ser recolhido o Passat com o mesmo motor que deve ser recolhido entre Fevereiro e Março - a reparação da variante de 2 litros deve demorar cerca de 1 ano.

No segundo trimestre devem ser recolhidos os 1.2 litros (cerca de 300.000 unidades também para uma atualização de software) e o 1.6 litros no 3º trimestre (cerca de 3 milhões de unidades e além da actualização de software bem como o tal estabilizador de admissão de ar). A atualização de software demora 30 minutos nos 1.2 e 2 litros, já o 1.6 litros demora cerca de 1 hora.
Os automóveis da Audi, Skoda e Seat ainda não comunicaram a sua agenda de recolhas.


Volkswagen poderá comprar nos EUA automóveis não reparáveis
Segundo o New York Times um advogado da Volkswagen disse em tribunal que o construtor poderá comprar nos EUA automóveis que não é possível (ou caro demais) reparar. Não indicaram quais mas parece que a carta continua em cima da mesa - no fim de 2015 estimava-se que 115.000 automóveis diesel nos EUA não conseguem ser corrigidos.

Devem ser os automóveis com as primeiras versões do EA189 que o responsável da Volkswagen America Michael Horn disse em Outubro de 2015 que precisariam de grandes alterações mecânicas para cumprirem as regras de emissões americanas.

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