Fiat - os próximos 5 anos

Sergio Marchionne apresentou enfim o seu plano para os próximos 5 anos da Fiat, Chrysler, Alfa Romeo, Lancia, Maserati, Dodge e Jeep. Um plano muito esperado pelos fãs da Alfa Romeo, mas é preciso manter em mente que os planos de Marchionne não têm propriamente "conforme o planeado" e a Fiat acumula uma dívida incrivel que coloca em sério risco a marca italiana.

Com este novo plano Marchionne tenta (novamente) fazer da Fiat-Chrysler um rival capaz da Toyota, General Motors e Volkswagen. Será que desta consegue?

A estratégia de Sergio Marchionne para os próximos 5 anos assenta em 5 pontos chave:
- Expandir a oferta Premium com objectivo de duplicar ganhos até 2018, só na Alfa Romeo, Maserati e Jeep vão ser investidos 55 mil milhões de euros;
- Recuperar a marca Fiat fora da Europa, principalmente América latina e China;
- Triplicar as vendas da Jeep;
- Economias de escala graças a apenas 3 arquiteturas automóveis;
- Eliminar a divida de 9.7 mil milhões de euros.

Objectivos e novos modelos por marca:
Fiat - dupla personalidade
A Fiat ira, segundo a apresentação, dividir a sua gama em 2 categorias - uma "racional" constituída pelo Panda e outra "Emocional" constituída pelo 500.

Mas isso não significa que a Fiat terá apenas variantes destes 2 modelos - estão previstos novos modelos para cada "personalidade": um novo compacto para substituir o Bravo (sedan no fim de 2015, carrinha e hatchback em 2016) e outro derivado de comercial. O Punto será substituído em 2016, seguido em 2017 por um SUV compacto e um novo Panda em 2018.
O lado "Emocional" da Fiat deverá receber em breve (fim 2014) um CUV baseado no 500 (o 500X) e um modelo "especial" no final de 2015. Em principio deve ser o tal desportivo desenvolvido em parceria com a Mazda para substituir o MX-5 e Alfa Romeo Spider, mas que já corriam rumores que a Fiat tinha puxado para sí este modelo - o regresso do Fiat X1/9?

Objectivo de subir as vendas mundiais de 1,5 milhões em 2013 para 1,9 milhões em 2018 - na Europa as vendas devem continuar estagnadas até 2018 a 700.000 unidades e na America Latina (principalmente no Brasil) pretendem manter o 1º lugar nas vendas.


Alfa Romeo
Sinceramente não me recordo de quantos planos de recuperação já existiram para a Alfa Romeo.
A expansão da Fiat depende muito da reconstrução da Alfa Romeo onde planeia investir 5 mil milhões de euros até 2018 para desenvolver 8 novos modelos e multiplicar o atual volume de vendas por 5. Marchionne sabe que a Alfa tem grande potencial financeiro, tal como a Mini está para a BMW ou a Audi para a VW. Mas para funcionar é preciso ter a "receita certa"- a Fiat pretende que a marca foque certos atributos chave nos seus futuros automóveis: novos motores, distribuição de peso 50/50, boa relação peso-potência e designe italiano.

Para assegurar que isto acontece a Alfa será separada da Fiat Chrysler, terá a sua equipa de engenheiros escolhidos a dedo e gerida por 2 directores da Ferrari. O primeiro Alfa Romeo desta nova geração será um novo sedan médio - o Giulia enfim? A seguir deveram vir 2 compactos, um modelo médio, um modelo de grande e 2 crossovers. Também deverá haver um modelo especial que ficará acima do 4C Spider - infelizmente não se sabe muito sobre o que será.
O objectivo é subir as vendas de 74.000 unidades em 2013 para 400.000 (com 150.000 nos EUA) em 2018, com 8 novos modelos previstos entre fim 2015 a 2018. Já que falamos de números, a Alfa disse alguns números sobre os seus futuros motores: os 4 cilindros a gasolina deveram debitar entre 110 a 330 cavalos e os 6 cilindros a gasolina deverão debitar entre 400 a 500 cavalos. A diesel devemos ter motores de 4 e 6 cilindros com potências até 350 cavalos.

Novos Alfa's a caminho:   
2014: 4C e 4C Spider   
2015: Novo sedan médio (Giulia?)   
2016-2018: 2 novos compactos, novo sedan médio e novo sedan de grande dimensão e 2 SUV's.


Jeep
Juntamente com a Alfa Romeo, a Jeep tem um papel fulcral nos objectivos da Fiat Chrysler Automobiles - satisfazer a febre mundial dos SUV, duplicando (ok, quase duplicando) as vendas mundiais de 1 milhão de unidades em 2013 para 1,9 milhões em 2018.

Assim, além dos novos modelos, a Jeep vai aumentar a produção anual para 1,9 milhões de unidades até 2018 e abrir (principalmente na região da Asia e Pacifico) 1.300 novos concessionários. O principal alvo é a China onde pretendem vender 850.000 unidades em 2018, quando em 2013 apenas venderam 130.000 unidades. É um grande salto, mas as vendas actuais são de veículos importados que são fortemente taxadas mas com a nova unidade que vai arrancar em breve esperam produzir 3 modelos localmente contornando os impostos.

Os actuais Compass e Patriot vão manter-se até 2016 até serem substituídos por um novo modelo "C SUV", que deverá ficar entre os Renegade e Cherokee. O Grand Cherokee deverá ser atualizado (novamente) no fim de 2015 e completamente substituído em 2017 e em 2018 regressa o Grand Wagoneer. O Cherokee deve receber um restyling em 2016, em 2017 é a vez do Renegade receber um restyling bem como um novo Wrangler.

Modelos a caminho:   
2014: Novo Renegade   
2015: Restyle do Grand Cherokee   
2016: Restyle do Cherokee; fim dos Compass e Patriot; novo SUV segmento C
2017: Restyle do Renegade; novo Wrangler e novo Grand Cherokee
2018: Novo Grand Wagoneer


Maserati
A grande noticia na Maserati, é que depois do espetacular sucesso no lançamento dos novos Ghibli e Quattroporte, a Maserati continua a crescer com novos modelos: o objectivo é subir as vendas de 15.400 unidades em 2013 para 75.000 em 2018, com lucros a passarem de 1,7 mil milhões para 6 mil milhões de euros. Só a Maserati vai receber 2 mil milhões de euros em investimentos.

Aproveitando a "febre dos SUVS", devemos ter em 2015 o Levante que terá tracção integral e poderá ter um V6 (350 e 425 cavalos), um V8 do GrandTurismo (acima dos 560 cavalos) e um diesel (com 250, 275 e 340 cavalos).

Em 2016 chegará (a versão de produção do concept) o Maserati Alfieri - Porsche 911 treme. Aproveitando a plataforma de futuros Alfa Romeo terá versões coupe e descapotavel, tracção traseira ou integral e apenas disponível com um V6 que terá vários niveis de potência (410, 450 e 520 cavalos - as 2 ultimas variantes têm tracção integral).
Como o Alfieri terá apenas um V6, chega em 2018 o novo GranTurismo. Será maior, terá 2+2 lugares e mais luxuoso que o modelo actual, com tracção traseira e motor V8 com mais de 560 cavalos. O GranCabrio parece que vai desaparecer.

Modelos a caminho:
2014: Fim dos GranTurismo e GranCabrio   
2015: Novo SUV Levante   
2016: Novo Alfieri
2017: Novo Alfieri Cabrio
2018: Novo GranTurismo

Chrysler
A marca americana vai ficar apenas nos EUA e tem o objectivo de atingir as 800.000 unidades anuais até 2018. A principal novidade é a introdução de um modelo acessivel em 2016 que deverá ser chamado Chrysler 100 - deverá concorrer com os Chevrolet Cruze, Ford Focus, Honda Civic, Toyota Corolla e similares.

Já em 2017 chego um "full-size" crossover (que deverá ter uma variante híbrida plug-in) e em 2018 um "mid-size" crossover. Pelo meio o 300 vai receber um restyling ainda este ano e em 2018 um modelo completamente novo. Em 2016 chega um novo monovolume Town & Country (alias a única monovolume a sobreviver) e em 2017 o refrescar do 200.

Modelos a caminho:
2014: Restyle do 300/300C
2016: Novo modelo 100 para o segmento C; novo monovolume Town & Country
2017: Restyle do 200; novo crossover de grande dimensão
2018: Novo 300/300C; novo crossover de média dimensão


Dodge/SRT
Depois de uma experiência de 3 anos, a Dodge absorve a SRT e prepara uma série de novos modelos nos próximos 4 anos - acima de tudo terá a face da performance nos EUA, perdendo as monovolumes Dodge Caravan pelo caminho. O objectivo é subir as vendas de 596.300 unidades em 2013 para 600.000 em 2018.
Já se conhecem os recentemente actualizados Charger e Challenger que devem em breve receber as versões SRT com o novo V8 Hellcat de 6.2 litros e compressor. Em 2015 o Viper regressa à Dodge com um restyling e em 2016 é a vez do Dart receber um restyling. Também em 2016 chega o novo Dodge Journey, mas não há qualquer indicação que venha para a Europa como Fiat Freemont. Em 2017 chega o novo Durango e em 2018 os novos Challenger e Charger, bem como um novo sub-compacto.

Modelos a caminho:
2014: restyle do Charger, Challenger e Challenger SRT; Avenger acaba
2015: restyle do Charger SRT e do Viper
2016: novo Dart e Dart SRT, novo Journey; fim do Grand Caravan
2017: novo Journey SRT; restyle do Durango
2018: novo modelo para segmento B; novos Challenger e Challenger SRT; novo Charger e Charger SRT

Ferrari
Os planos da Chrysler, Dodge, Jeep, Fiat, Alfa Romeo e Maserati estavam bastante detalhados - já o mesmo não se pode dizer dos planos futuros da Ferrari. Apenas disseram que vão apresentar 1 modelo por ano, com cada modelo a durar 4 anos recebendo um restyling para durarem mais 4 anos.



Estão previstos "séries especiais dirigidas a clientes mais endinheirados", aposta na personalização e licenciamento de material - tudo enquanto se limitando a produção a apenas 7.000 unidades anuais para assegurar exclusividade (leia-se maiores rendimentos).


Lancia - onde estás tu?
São capazes de ter notado que houve uma marca deixada de fora de toda a apresentação - a Lancia. A Fiat fex a análise de que marcas têm potencial global de vendas e a Lancia perdeu. A Lancia vai passar a ser comercializada apenas em Itália e o futuro da marca a longo prazo está decididamente muito negro - o Delta não vai ser substituido, ficando apenas o Ypsilon que deverá durar até 2018. O mais certo é que apartir de 2018 a Lancia deverá desaparecer.


Mostra-me o dinheiro!
A grande questão é se a FCA consegue financiar todos estes projetos/sonhos? Para quem não sabe a Fiat e Chrysler formaram uma aliança à coisa de 5 anos aquando da falência da Chrysler e recuperação pelo governo americano. Em Janeiro a "união" completou-se entre a Fiat SpA e Chrysler Group LLC criando o 7º maior construtor automóvel do mundo - com este plano todo Marchionne quer atacar os lugares do topo.

Para tornar este plano realidade esperam gastar mais de 60 mil milhões de dólares em pesquisa e desenvolvimentos, mas apertado entre a enorme dívida (que deverá ser de 10,3 mil milhões de euros até ao fim deste ano) e menos dinheiro em caixa que os restantes, de onde vem o dinheiro para financiar isto tudo?

Só a recuperação da Alfa deve custar, segundo analistas, mais de 5 mil milhões de euros e ainda planeiam desenvolver motorizações híbridas plug-in que nenhum deles tem experiência. Sergio diz que mantém todas as possibilidades em aberto, excepto vender qualquer unidade - algo ilustrado no ultimo slide da apresentação da Ferrari. Indirecta a alguém?

Mesmo assim, o CEO da Exor SpA (a empresa que detém 30% da Fiat) disse que Marchionne não quer mais dinheiro. Portanto a pergunta-chave a Sergio é - mostra-me o dinheiro?

2 comentários:

  • Zé Miguel says:
    8 de maio de 2014 às 23:26

    A minha opinião é que um grande problema que a Fiat tem é que a Alfa Romeo ganhou fama de não ter qualidade. E dar a volta a essa percepção é muito complicado principalmente quando a marca mãe é a Fiat...
    Se tivessem vendido ao grupo VAG provavelmente as vendas já tinham subido e bastante. (Eu sei que era um sacrilégio)
    Os Alfas são carros muito bonitos mas isso não chega.

  • Turbo-lento says:
    9 de maio de 2014 às 10:30

    A BMW conseguiu com a Mini - um nome associado com um pequeno carro simples, desconfortavel e com uma tedencia a parar quando a chuva atingia o distribuidor.
    Mas a BMW percebeu o potencial e além de criar um automovel, criou uma imagem, um estilo de vida. O mesmo que a Nestle fez com o Nespresso - não é apenas um café, é um clube onde vai o Cloney.
    Se os italianos fizerem o trabalho de casa como deve ser até pode correr bem...mas estamos a falar de italianos...