Regras de emissões relaxadas

Temos falado várias vezes das cada vez mais apertados limites de emissões, algo que aplaudo mas que nesta altura pode ser contra-produtivo: com a crise os consumidores não compram automóveis novos e sem o lucro de vendas como suportar o desenvolvimento de novas tecnologias?

Parece que a União Europeia propôs aos construtores automóveis uma forma de contornar estas exigências: basicamente mantem os limites mas introduzem "super-créditos" que os construtores ganham ao construírem automóveis de emissões muito baixas, como eléctricos. Ou seja, vão ter que construir e vender estes automóveis, muito provavelmente com prejuízo, para que recebam créditos a abater às emissões médias da sua frota.

Isto ainda tem que passar pelo parlamento europeu, mas esta proposta vem aliviar a pressão sobre os construtores, colocar automóveis verdes na estrada e salvar a face do parlamento mantendo os limites de emissões para 2020 em 95 g/km e entre 68 a 78 g/km em 2025.

5 comentários:

  • Anónimo says:
    30 de abril de 2013 às 08:09

    Também aplaudiria se o limite tivesse como alvo as emissões poluentes... POLUENTES! Mas não, estes limites têm como objectivo limitar as emissões de dióxido de carbono (CO2) e isso não faz sentido! Não faz mesmo nenhum sentido do ponto de vista ambiental.

    O CO2 não é um poluente, não afecta de modo negativo a ecologia nem a nível local nem a nível global. Bem pelo contrário!

    O CO2 não é tóxico, não envenena nem animais nem plantas seja a curto, médio ou longo prazo. Aliás, quanto mais CO2 houver na atmosfera mais as plantas se desenvolvem e proliferam. Óptimo para aumentar a produção de alimentos.

    E não contribui para qualquer aquecimento global real ou imaginário... assunto que eu já abordei num comentário há algumas semanas pois isto está tudo interligado: aquecimento global... emissões de CO2 dos motores... proibição e invenção de novos e mais caros gases refrigerantes para o ar condicionado... buraco de ozono... custo de fabrico de automóveis que se reflecte no consumidor final quando adquire o seu veículo... custo de manutenção dos veículos... segurança na estrada quando nos querem impingir pneus supostamente amigos do ambiente mas potencialmente menos seguros para os condutores... etc....

    O que o CO2 é... é negócio puro e duro desde que alguém (de certeza um qualquer génio financeiro) inventou os créditos de carbono.
    É informação pública que, Al Gore, o vencedor de um Prémio Nobel da Paz pelo seu activismo climático e personagem quase idolatrada por tantos activistas climáticos, é um dos fundadores e presidente da Generation Investment Management, um empresa que retira lucros do comércio de créditos de carbono.

    A grande (e única) vantagem de limitar as emissões de CO2 nos automóveis é que isso poderia levar a que os motores ficassem mais eficientes e consequentemente ficassem mais económicos na altura de abastecer os depósitos mas como se vê tem também o nefasto efeito de obrigar os fabricantes a construir e vender automóveis de "zero emissões", sim talvez com prejuízo mas não total pois o custo destes automóveis acabará, na melhor das hipóteses, por se reflectir no preço de todos os outros veículos de tecnologia "tradicional" e na pior das hipóteses acabará por se reflectir em todos os cidadãos, possuam ou não veículo automóvel.

    Não, decididamente não é uma medida que eu possa aplaudir.

    Humberto

  • Turbo-lento says:
    30 de abril de 2013 às 10:12

    Creio que faz um ponto interessante - na altura que se começou a penalizar os automóveis com base no CO2 emitido também achei errado porque iria empurrar (e empurrou) muita gente para os pequenos motores diesel que só agora começaram a ser obrigados a ter filtros de partículas e emitem partículas muito perigosas (das quais CO2 não é uma delas) - para todos os efeitos a gasolina ainda é mais limpa que o diesel. Mas tem razão quando a pressão sobre as emissões é também econômica - ao reduzir o CO2 reduz-se o consumo logo reduz-se as importações/dependência de petróleo.
    Mas se queremos reduzir todas as emissões automóveis perigosas é uma questão de obrigar/legislar o tempo de vida dos automóveis: ainda temos muitos automóveis com 20 anos a rodar nas estradas diariamente e ao tira-los da estrada teríamos uma maior redução e mais rápida que qualquer legislação.
    Já sobre a construção de automóveis verdes como forma de créditos...estou a escrever acerca disso e a ver se consigo postar em breve.

  • Anónimo says:
    30 de abril de 2013 às 12:54

    Na minha opinião a pressão em reduzir as emissões (neste caso de CO2) ser também económica, no sentido de levar a uma economia do combustível com motores mais eficientes, é mais um efeito secundário da política ambiental do que propriamente um objectivo. O objectivo principal parece-me ser a redução de emissões de CO2 a todo o custo de modo a impedir um aquecimento global que, na verdade, foi bastante fraco, durou menos de 20 anos e que acabou há 15 ou 16 anos.

    A ser também uma pressão económica sê-lo-á se tivermos em conta o comércio de créditos de carbono (política ambiental) que obriga ao pagamento de uma quantidade maior desses créditos quando maior for a emissão de CO2 do país.

    (Se os políticos que andam pelo parlamento europeu fossem inteligentes, e não apenas espertos, acabavam de uma vez por todas com esta "mina de ouro" que o comércio de créditos de carbono é para alguns poucos e que tanto tem atrasado o desenvolvimento dos países mais pobres (até mesmo do nosso país).)

    É que um aparente objectivo de redução das importações/dependência de petróleo... parece-me já ser outro assunto...
    Com a desculpa de reduzir as importações/dependência de petróleo já estamos nós a pagar bem cara a electricidade produzida em Portugal que é vendida frequentemente a custo zero para Espanha, ou seja, oferecida a Espanha.

    Realmente a questão mais importante, talvez a única que será consensual (ou que deveria ser consensual) é a redução das emissões poluentes, que, essas sim, fazem mal à nossa querida saúdinha, mas, diria eu, há outros métodos para as reduzir sem se recorrer a uma obsolescência programada e ainda por cima por decreto que iria interferir de modo irreparável com a propriedade privada das pessoas (felizmente não vivemos numa ditadura (de esquerda, ou outra)).

    Há outros métodos bem conhecidos que podem ser utilizados para reduzir a poluição dos veículos automóveis mais velhos ou antigos e ainda não considerados veículos automóveis clássicos:
    - catalisadores;
    - filtros;
    - conversão dos motores para combustíveis alternativos (alguns bastante mais baratos que a gasolina ou gasóleo)
    - e outros de que não me lembro neste momento...

    Como por exemplos de combustíveis alternativos temos o GPL, o gás natural e (por que não?) o hidrogénio... Por que não incentivar financeiramente, a nível europeu, a investigação ou até a adopção de tecnologias já existentes para a produção, transporte e armazenamento do hidrogénio para acelerar a mudança para este combustível alternativo em vez de insistirem em alimentar interesses instalados?

    Humberto

  • Anónimo says:
    6 de maio de 2013 às 12:27

    Boa pergunta Humberto. E os carros GPL, não são uma alternativa viável?

    "O GPL é considerado um combustível limpo, pois não necessita de aditivos para melhorar as suas propriedades, sofrendo a combustão quase na sua totalidade dentro do motor enquanto que nos outros combustíveis o mesmo não acontece.", fonte www.fiatgplbifuel.pt.

    A mudança de mentalidades é que é difícil. Obviamente que quer esta quer outras medidas devem ser avaliadas com cautela, porque muitas vezes utilizam-se argumentos pouco crediveis. Infelizmente,neste jogo entre o dever e o ser existem demasiados interesses.

    Não obstante, é importante premiar as marcas que mais apostam em combustiveis alternativos e soluções ecologicamente amigáveis.

  • Anónimo says:
    6 de maio de 2013 às 19:08

    A mim, o GPL parece-me uma alternativa perfeitamente viável.

    O GPL polui menos, já é distribuído por muitos dos postos de abastecimento, tem um custo de cerca de 83 cêntimos, há muitos anos que existem oficinas que fazem a reconversão... só falta mesmo que a mentalidade das pessoas mude.

    Mas, apesar de lentos, felizmente têm sido dados pequenos passos na direcção certa e a grande notícia é que APARENTEMENTE (http://dre.pt/pdf1sdip/2013/01/02200/0061000612.pdf) a partir deste mês já se pode estacionar em parques fechados e subterrâneos.

    O dístico, no entanto, continua obrigatório.

    Humberto