Baterias da Tesla frageis demais?

Quando esta historia das baterias explodiu pela internet tive que me resistir à tentação de a abordar porque quando envolve um construtor automóvel tão querido aos ecologistas e americanos há sempre algo mais para a acrescentar à história. Especialmente quando palavras como baterias facilmente inutilizadas, controlo via GPS não autorizado, contas de reparações de 40.000 euros fazem parte da historia. Mas vale a pena falar no tema porque a acreditar na historia, o famoso sistema de baterias da Tesla é extremamente frágil e fácil de inutilizar.
Antes de mais creio que é importante dizer que o sistema de baterias do Tesla Roadster é completamente diferente dos restantes tipos de automóveis eléctricos no mercado - usa aquilo que se chama de “consumer commodity cells”, ou seja, o mesmo tipo de baterias que temos nos nossos telemóveis e portáteis. Usa Dióxido de Cobalto que tem uma elevada densidade energética mas também tem uma maior tendência a degradarem-se com o tempo. Creio que todos nós já passamos por isso com telemóveis ou portáteis.
Um detalhe que tenho tentado chamar à atenção é que os automóveis eléctricos não usam a totalidade da capacidade da bateria para aumentar o tempo de vida da mesma (mas quando se faz os cálculos da autonomia usam 100% da bateria...) - aparentemente para maximizar a autonomia o Tesla Roadster só anuncia 0 km de autonomia quando só resta 5% da capacidade da bateria (os Chevy Volt guarda cerca de 1/3 da bateria).
O problema é que mesmo desligados, os automóveis eléctricos consomem sempre alguma corrente (algo como deixar a televisão em Sleep) e dependendo das condições pode drenar completamente a bateria e inutilizar completamente a bateria do Tesla. A Tesla admitiu publicamente que isto é possível.
Esta historia começa com o post de um senhor chamado Michael DeGusta no seu blog "The Understatement" dedicado à tecnologia em que afirma que 5 Tesla Roadsters ficaram com as baterias inutilizadas após terem sido completamente esvaziadas. E que a única solução era passar um cheque de 40.000 dólares à Tesla. E tendo em conta que o mesmo sistema de baterias entra no Model S e Model X será que os clientes devem estar preocupados?
Segundo este artigo dos 2.200 Roadsters vendidos há 5 casos conhecidos de baterias inutilizadas. Alem do caso citado em detalhe, noto que um levou um Roadster para o Japão apenas para descobrir que as voltagens não eram compatíveis e outro que teve o seu roadster ligado durante bastante tempo mas ao usar uma extensão muito comprida a resistência à condução da electricidade não permitia a passagem de corrente suficiente e descarregou completamente a bateria.
Mas esta historia roda em torno do Tesla Roadster nº340, um dos primeiros clientes, que enquanto tinha a sua casa em obras deixou o seu roadster parado e desligado da corrente (por ausência de carregador ou tomada capaz de lidar com a tarefa) durante 6 semanas. Acabou por descobrir que a bateria estava inutilizada. A única solução - trocar por uma nova à conta do cliente por cerca de 40.000 dólares.
Claro que da mesma forma que um automóvel "normal" precisa de manutenção para evitar danos, os Tesla (e todos os automóveis eléctricos) devem estar sempre ligados à corrente quando não estão a ser usados para manter a melhor performance - mesmo assim, a Tesla afirma que é possível manter a bateria desligada durante várias semanas já que o consumo parado é baixo (isto claro se a bateria for desligada quando estiver a 100% de carga). Um sistema semelhante ao do Nissan Leaf esta disponível apartir do Roadster 2.0 e seguintes (ou seja, os primeiros 500 Roadsters não o tinham) que alerta a Tesla se a carga da bateria cair abaixo de um valor muito baixo e esta tenta contactar o cliente. Surgem também varios avisos sonoros e visuais dessa situação... o que seria óptimo se o condutor estiver sentado atrás do volante!
Ao consultar online o manual de um Tesla Roadster (Roadster S e Roadster 2.5) é possível ver em vários sítios que os proprietários não devem deixar os veículos fora de carga durante longos períodos de tempo ou deixar descarregar completamente a bateria. O manual diz claramente que isso danifica de forma permanente a bateria e que não é coberto pela garantia. Além disso os clientes devem assinar um documento em que confirmam saber sobre esta limitação (curiosamente esse documento assinado por Druker não foi publicado ao contrario dos emails que nada dizem).
O artigo continua longamente falando sobre que a Tesla é capaz de localizar os Roadster prestes a ficarem sem bateria e enviar pessoal para evitar o arruinar da bateria mas não surgem provas deste tipo de comportamento em lado nenhum. Basicamente, Degusta acusa a Tesla de não informar de forma clara repetida sobre a gravidade das consequencias de não ter o Roadster sempre ligado e coloca em dúvida a fiabilidade do sistema e a sua aplicação na futura gama.
Mas perguntam voçes - "a bateria faz parte do automóvel logo deve ser coberta pela garantia". Excepto que a Tesla meteu uma frase muito importante na garantia que basicamente diz que o propriétario é responsável por "Failure to maintain the Battery at a proper charge level at all times" - o que significa "proper charge" é que fica no ar. Mas basicamente a Tesla não se responsabiliza pelo arruinar das baterias, o que seria até compreensivel se houvesse uma forma de completamente evitar o problema, por exemplo, o Nissan Leaf não sofre deste problema. E depois de uma conversa com um corrector de seguros meu vizinho, na Europa tambem não é coberto por um seguro.
A Tesla oferece uma possibilidade de trocar a bateria ao fim de 7 anos (já que elas vão se degradando naturalmente com o tempo) por 12.000 dólares, mas só se a troca for necessária pela degradação natural, não por erro do cliente.
E então no que ficamos, quem será que tem razão? O cliente ou a Tesla?
Segunda Parte - o império contra-ataca
E como esta historia denigre algo muito querido aos ambientalistas, alguem tinha que vir atacar o denunciador da situação. Este contra-ataque vem de alguem da Tesla ou proximo da Tesla porque divulga emails confidenciais e tenta insinuar que Max Drucker esta a tentar sacar dinheiro. Tendo lido os tais emails no site GreenCarReports não encontrei tal insinuação (devo precisar de ir ao oculista mas enfim). Ele nem parece pedir tratamento especial, só queria que lhe trocassem a bateria.
E com o bonus acrescido de que se Drucker trocou emails com a Tesla e com Musk directamente, como é que foram parar no GreenCarReports? É que para todos os fins, legalmente um email tem o mesmo estatuto legal que uma carta e se foi endereçada a alguem, esse alguem não pode publica-la a não ser se com autorização de quem envia - gostava de poder publicar certos emails que recebemos mas não o podemos fazer. Ora como será que chegou ao GreenCarReports? É que pela cronologia, o nome de Druker não foi divulgado pelo artigo do senhor DeGusta, mas sim como resposta a esse artigo pela GreenCarReports.
E o que sabe então deste senhor Druker - foi um dos primeiros apoiantes da Tesla e esperou 2 anos pelo seu Roadster (tendo que dar um deposito de 50.000 dólares) e sempre teve o carro assistido na propria Tesla. Ele afirma que nunca o avisaram sobre o perigo do descarregar da bateria e das suas consequencias.
A sua casa esteve em obras e teve que alugar uma outra temperariamente onde guardou o Roadster. Mas como esta não tinha a capacidade para carregar o Tesla deixou-o parado durante 2 meses e que quando tentou arranca-lo verificou que não era possível.
E estamos a falar de uma pessoa que já reservou (pagando os respectivos depósitos) um model S e um model X.
Mas, e há sempre um mas, quando se fala de ameicanos. Segundo parece Degusta e Drucker aparentemente foram parceiros em váriso negócios, algo que por si não significa que haja marosca mas dá que pensar. Especialmente quando se vê que Drucker tentou vender sem sucesso o seu Roadster no Craiglist em Dezembro de 2011 e eis que agora 3 meses depois ele aparece inutilizado. Coincidencia? Logo se descobrirá...
Concluindo
Se se trata de um caso criado por um cliente negligente que agora esta chateado por não lhe fazerem a vontade ou uma pessoa preocupado com algo que aprecia, é algo que pouco me preocupa. O que me preocupa é que, segunda a Tesla, é possível inutilizar as baterias e sendo baseada na mesma tecnologia de baterias, toda a gama da Tesla (Roadster, Model S e Model X) pode ter uma bomba relogio debaixo do capot que pode fazer perder todo o valor do automóvel. Se um propriétário de um Tesla o deixar descarregar completamente (e como falamos isso pode acontecer mesmo sem querer), não há outra opção se não comprar um nova bateria - a garantia ou seguro não cobre este problema, algo que não acontece com os automóveis "clássicos".
Tudo isto para acabar com uma dica - se vier a comprar um automóvel electrico e se a bateria morrer nas suas mãos atire o dito automovel por uma ribanceira abaixo, assim o seguro cobre.

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