Medidas de (in) segurança

Sei que desde que tive uma queda e arranjei uma ruptura do menisco andei um pouco em cima do tema da segurança. Pensei que tinha enterrado o tema...até que recentemente jantei com um engenheiro de estradas.
Falamos de muitos temas, mas o que mais me marcou foi quando me disse que os pisos auto-drenantes causavam mais acidentes que os pisos normais - segundo ele os condutores abusam da velocidade confiantes que o piso esta seco causando mais (e piores) acidentes.

Verdade que na Europa estamos longe dos números de sinistralidade de países como a Índia em que morrem 105.000 pessoas por ano, mas temo que os números europeus vão piorar. E a culpa é das medidas de segurança.
Os vários equipamentos de segurança, como o airbag, foram surgindo no mercado mas sem grande afirmação até ter chegado o Mercedes Serie S. A regra é simples, tudo o que o actual Serie S tem é que vamos ter nos nossos carros em 10 anos. E assim começou a corrida ao armamento de segurança.

Começou então o investimento brutal, com todos os fabricantes a tentarem criar as suas soluções. A Volvo desenvolveu e democratizou em toda a sua gama o SIPS que transfere a energia do embate para o tejadilho e fundo do carro, protegendo os ocupantes.




Seguiu-se a Audi com o Procon Ten que esticava os cintos e recolhia o volante na eventualidade de um embate frontal.O procon-ten era daqueles sistemas mesmo alemães - simples e eficaz: usava cabos presos a parte detrás do motor. No caso de embate frontal o motor era empurrado para trás e esticava o cabo que por sua vez tirava o volante da frente do condutor e esticava os cintos - funcionava melhor que os airbags.


O problema era que mesmo em caso de acidentes a baixa de velocidade o motor era arrancado e isso significava que o carro ia direito para a sucata - o airbag sempre dá para reparar.

E o resto já sabemos - veio a inundação de airbags, controlo de tracção, visão nocturna e outros sistemas que nos protegeram a vida dos ocupantes do automóvel na eventualidade de um acidente. Já dizia Richard Hamond - "Um Volvo é uma caixa para transportar os airbags". Eu digo mais, são castelos insufláveis.

E ai reside o problema - atingimos um ponto em que as pessoas estão convencidas que podem ter grandes acidentes (contra edifícios, carros ou pessoas) e saírem perfeitamente ilesas.

Vai ficar pior porque a Comissão Europeia e o nosso cherne quer que em breve todos os carros novos venham equipados com controlo de tracção! O EuroNCAP já avisou que segundo as novas regras, se o construtor não instalar o controlo de estabilidade em toda a gama, o modelo em testado não poderá receber as 5 estrelas.
O único efeito que esta medida vai ter é que as pessoas vão acreditar serem capazes de quebrar as leis da física e vão perder!

Mas tenho a solução! Alias Jeremy Clarkson tem a solução e apresentou-o há algum tempo no Top Gear.

Fazer a estrutura do carro em explosivos, que na eventualidade de um acidente seriam deflagrados!
Ainda recentemente assisti a um "animal" (única palavra simpática que encontro para caracterizar esta pessoa) a ultrapassar na auto-estrada pela berma apenas para parar na área de serviço 2 km mais a frente - aposto que todos conduziriam mais devagar se todos os carros fossem armadilhas mortais. Seria como jogar aos carrinhos de choque mas ao contrário.

Ok, esqueçam os explosivos - tirem os airbags e ponham espetos de aço! Imaginem - deixa de ser necessário gastar dinheiro em radares de velocidade, na Brigada de Transito - podemos pôr os oficiais da policia a balear ladrões!

Mas infelizmente nada vai ser feito - indirectamente, o governo quer que eu e você conduza o mais depressa possível: ou nos passa uma multa ou fica com a sua reforma na eventualidade de morrer num acidente de automóvel. Nós morremos na estrada e Sócrates agradece.
Porreiro pá!

4 comentários:

  • anarquista_duval says:
    3 de abril de 2009 às 18:45

    Epá, a única coisa que concordo aqui é com o facto de se ganhar muito dinheiro com as multas, o que infelizmente, é a única coisa que é feita para "diminuir a sinistralidade".

    Não é por um carro ter ESP que vai causar mais mortes: se, hipotéticamente, se trocasse o parque automóvel cá pelo parque dos anos 70, com o mesmo nº de carros e condutores de hoje, o nº de mortes subia de forma exponencial!! A malta morria mto mais nessa altura do que agora!!

    O problema é falta de consciencialização dos condutores, especialmente dos tótós, falta de formação (devia ser 2 anos para tirar a carta). As pessoas n sabem que, os crash tests são feitos a 60 km/h, e que o ESP só funciona até 80 km/h, mais coisa menos coisa, o coeficiente de atrito diminui de forma considerável com piso molhado e por aí fora...

  • Turbo-lento says:
    5 de abril de 2009 às 17:21

    não percebes-te. Eu não duvido que os carros sejam mais seguros, mas eu estava a referir-me as pessoas que conduzem os carros - que cada vez mais estão convencidas que as medidas de segurança incluidas nos automoveis vão por magia evitar acidentes. Óu seja, os carros são mais seguros mas as pessoas muito mais perigosas.

    Para ilustrar o que eu quero dizer cito uma experiencia que vi na TV´há algum tempo.
    Pegaram num grupo de pessoas e disseram-lhes para conduzir por uma estrada e evitarem o obstaculo que estava mais à frente.
    Quando foi fornecido um carro sem ABS 50% acertou no obstaculo. Deram em seguida um carro igual com ABS mas não lhes disseram - ninguem acertou no obstaculo.
    Em seguida, deram-lhes um carro com ABS e disseram-lhes que tinha ABS - quase todos acertaram.
    Porque? Porque achavam que conseguiam travar mais tarde e falhavam completamente.

    Os carros são mais seguros, mas ter (ou não) um acidente ainda depende de quem esta atrás do volante...e de quanto bom senso ele tem

  • Peter J says:
    16 de abril de 2009 às 12:31

    Estou a 120% com o Turbo, visto que a mensagem pretende transmitir que os carros estão mais seguros actualmente, mas na mentalidade dos condutores estão imunes a qualquer acidente e consequências que possam surgir deles...
    No passado os carros eram umas "latas", mas não se andava com o rei na barriga a conduzir como se Deus fosse no lugar do pendura!
    Hoje ao conduzir um carro com um conjunto de letras (ESP, ABS, JLL, AC, GPS) que o sr. do standER nos impingiu e no fundo nem sabemos para que servem julgamos que o sr do fiat uno vai ter um acidente mais facilmente do que nós (pensamento ididota)!
    Na maior parte dos casos os acidentes devem-se ao condutor e não aos outros factor....

    A titulo de exemplo:
    em Braga há uma curva na qual foi colocada este dito piso drenante porque era uma curva na qual haviam muitos acidentes quando chovia...
    adivinhem o que aconteceu após mudar o piso!
    Acidentes e mais acidentes e estou a falar de carros virados so contrário, rodas arrancadas e tudo mais que possam imaginar e já vi muitos BMW completamente desfeitos nesta curva, a tracção traseira não ajuda, mas lá porque tenho um carro melhor, não sou o rei da estrada!
    Uma dica para quem ler este comentário e passar nesta curva da Av. Padre Júlio Fragata; É favor não exceder os 80 km/h principalmente se o piso estiver molhado...

  • Nelson Cruz says:
    22 de abril de 2009 às 21:36

    Já não sei quem disse q se os carros tivessem uma faca no volante apontada à cara do condutor é que era seguro. Ninguém passava dos 20kmh! :D