Dieselgate - ponto de situação 12/11/2015

Novo resumo dos últimos desenvolvimentos sobre o dieselgate, sem tretas adicionadas.

Alemanha vai reavaliar emissões de CO2
A autoridade alemã de transportes (KBA) anunciou que vai reavaliar as emissões de CO2 dos automóveis do grupo Volkswagen, não só os tais 800.000 que a marca alemã indicou não estarem conformes, mas todos os automóveis da gama. Isto além do reavaliar as emissões de NOx de outros construtores não alemães...


Volkswagen o único batoteiro aparentemente
A revista alemã Wirtschaftswoche publicou uma entrevista com a responsável da California Air Resources Board (CARB) Mary Nichols em que diz que até agora só a Volkswagen parece estar a fazer batota nas emissões de motores diesel via "dispositivos" externos nos EUA. Nichols também disse que os automóveis diesel continuaram sobre apertado escrutínio e que com a recente admissão de por parte da VW relativamente aos níveis de CO2 produzidos a CARB também prepara (como a Alemanha) testar novamente estes veículos.


Winterkorn deixa a direção da Audi
Como tínhamos escrito antes apesar de Martin Winterkorn se ter demitido do lugar de CEO da Volkswagen ele não tinha propriamente "deixado a Volkswagen" - é que alem de CEO do grupo ele era CEO da Porsche SE (empresa que detém grande parte das acções da VW), chairman da Audi, da Scania e do recentemente criado grupo de camiões e autocarros. Recentemente ele anunciou que iria abandonar a direção da Porsche Automobil Holding SE e agora vem anunciar a demissão da direção da Audi. 

Ou seja, Winterkorn "ainda está de saída" - apesar de toda esta confusão a VW ainda não conseguiu ver-se livre dele, já que ainda ocupa 2 posições de liderança dentro do grupo. A sua continuada presença vai ser arma de arremesso dos críticos e prejudicial para a imagem da Volkswagen. Pode haver uma razão mais simples - a elevada pensão (28.6 milhões de euros) e indemnização de Winterkorn ainda não foi aprovada pela supervisão da VW, será que Winterkorn quer primeiro assegurar o seu futuro antes de sair de cena?


Acordo da Comissão Europeia pode levar chumbo
No outro dia escrevi, com igual nível de revolta com o que sinto pela esquerda política portuguesa, de como a comissão europeia cedeu à pressão dos governos de países com grandes industrias automóveis e fez marcha-atrás na proposta de para testes mais rigorosos. A comissária responsável pela industria Bienkowska concordou em deixar que as emissões reais de NOx excedam em 110% o regulamentado por 27 meses até 2020, abandonando a proposta inicial de uma tolerância de apenas 60% até o Outono de 2019. Ela também aceitou que uma tolerância permanente de 50% do limite actual de 80mg/km apartir de Janeiro de 2020 quando o plano original era não haver tolerância. Ou seja, na proposta original um automóvel novo em 2019 só poderia emitir 95mg/km de NOx, mas agora com estas novas tolerâncias um diesel Euro6 pode emitir 160mg/km até 2019 e apartir dai pode emitir 120mg/km de NOx.

Este acordo foi feito para que não tivessem que ser os governos individuais a decidir, que seria uma dor de cabeça política para os governos - terem que escolher entre a saúde dos seus votantes ou das empresas que os financiam. Só que isto ainda tem que passar pelo Parlamento Europeu e parece que a coisa não está fácil com a possibilidade de um veto cada vez mais realista.

O comité ambiental do Parlamento Europeu "sinalizou" que ira recomendar o veto deste acordo e se isso acontecer ira para o Parlamento Europeu em si onde terá que conseguir 376 votos para vetar a proposta da Comissão Europeia. Pessoalmente, espero que seja vetado porque é uma anedota ter limites para algo e depois uma margem de tolerância tão alargada.

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