[update videos]Jaguar XJ220 - História sobre rodas

A Jaguar é um construtor automóvel histórico que já produziu inúmeros desportivos, na maioria adaptações de modelos de competição para fins de homologação, mas nunca tinham fabricado um hiper-carro - até produzirem o Jaguar XJ220.
Esta é a historia de como um construtor tinha os ingredientes e receita certa mas ao permitir os contabilistas meter o nariz estraga tudo relegando o XJ220 a um canto obscuro da historia - também não ajudou o timing da crise financeira da altura.
O XJ220 nasceu em Dezembro de 1984 na mente de Jim Randle que com o seu filho Stephen desenharam o que seria o Jaguar de topo. Mas como não havia "espaço" para o XJ220 na produção da Jaguar ele tinha que ser desenvolvido fora dos projectos oficiais, sem grande orçamento e nunca no horário normal de trabalho. Durante 1985 vários fornecedores ofereceram componentes e trabalho de prototipagem e um pequeno grupo de 12 engenheiros e designers juntaram-se para trabalhar fora de horas e aos fins de semana - dai chamarem-se o "Saturday Club". Jim Randle tinha a visão de um carro com um versão menos potente do V12 do Jaguar XJR-9 que venceu Le Mans com a tecnologia necessária para o tornar um estradista capaz - tracção integral, ABS, controlo de tracção, suspensão activa e direcção as 4 rodas. Claramente inspirados pelo o lançamento do Porsche 959.
Para tal colocaram um V12 de 6.2 litros fornecido pela Tom Walkinshaw Racing em posição central de um chassis de alumínio e um tracção integral para melhor colocar a potencia na estrada. A carroçaria foi desenhada por Keith Helfet com inspiração no XJ-13 que nunca correu. Outros detalhes importantes foi a especial atenção à aerodinamica a alta velocidade, portas tipo tesoura e faróis cobertos.
O primeiro prototipo foi completado sem grande influencia da direcção da jaguar e só uma semana antes da sua estreia no salão automóvel inglês de 1988 é que recebeu a bênção da direcção para ser apresentado a potenciais clientes. A recepção foi tão boa que foi decidida a produção em serie limitada com um preço de, na altura, £361,000 (420.000 euros).


A Jaguar conseguiu os depósitos suficiente para financiar o desenvolvimento final do XJ220, que infelizmente demorou 2 anos antes de chegarem à especificação final. Para passar do prototipo à produção a Jaguar contactou Tom Walkinshaw, o responsável pelos XJR-9LM vencedores de Le Mans. Tom Walkinshaw disse que o XJ220 podia ser produzido e ter retorno financeiro mas não na forma inicialmente prevista - seria necessário redesenhar o automóvel mantendo a forma original mas com um V6 bi-turbo e tracção traseira para assegurar um comportamento desportivo.
Não podia ter um V12, nem ter 4 rodas motrizes com toda a tecnologia - com o peso todo não havia garantias de que os pneus aguentassem. As alterações eram para permitir um carro mais pequeno e mais leve mas mantendo o design inicial. Os beneficios da tracção integral eram pequenos e podiam ser conseguidos trabalhando o efeito de solo sem a complexidade, peso e custo da tracção integral.
Relativamente ao motor V12, o seu tamanho e peso não o permitiam - e mesmo se o pusessem, se debitasse os previstos 500 cavalos não seria possível cumprir os limites de emissões. Dai a troca do V12 para o V6 biturbo da TWR com 3.5 litros desenvolvia 542 cavalos e 644.0 nm de binário às 4.500 rpm.
O XJ220 foi o primeiro automóvel de estrada de produção a usar efeito de solo para gerar apoio aerodinamico em velocidade. A frente reduzia a quantidade de ar que passava por debaixo do carro e o pouco ar que passava era acelerado pelos 2 túneis venturi criando uma depressão debaixo do XJ220 e a diferença de pressão entre a parte de cima e o fundo do carro empurravam o carro para a estrada.
O primeiro protótipo de produção iniciou os testes de estrada no dia 1 de Junho. Os testes decorreram em pistas como o Nürburgring, Nardo e a pista da Ford em Fort Stockton em que o XJ220 era capaz de médias de 334km\h tendo atingido 341 km\h em Julho de 1991 - o carro de estrada mais rápido da época, Martin Brundle conseguiu atingir na oval de Nardo (depois de tirar os catalisadores que roubavam cerca de 60 cavalos) 351km\h o que equivale a 359km\h em estrada plana.
Tinha mais potencia que o V12 inicialmente previsto mas passou a alimentar apenas o eixo traseiro, turbo lag era caracterizado como desesperante e travões que não conseguiam parar o carro. As portas em tesoura foram também abandonadas por portas clássicas e muitos elementos interiores foram substituídos por material tirado de Fords da altura.
Mesmo assim, era capaz de atingir os 349km\h e ir dos 0 aos 100km\h em apenas 3,9 segundos e ainda faz suar muitos dos supercarros modernos.
Ao serem confrontados com as alterações de características, aumento de preço e a chegada de uma grave crise económica muitos clientes tentaram cancelar as encomendas, algo que chegou à barra do tribunal mas a Jaguar venceu e a única maneira de se livrarem da encomenda era pagar uma multa elevada. Mesmo com estes precalços, a produção do Jaguar XJ220 arrancou numa fabrica dedicada em Bloxham e os primeiros clientes incluíam o Sultão do Brunei e Elton John.
Entre 1992 e 1994 foram produzidos 208 unidades, ligeiramente abaixo das 220 previstas.

Competição
Desde a fase de conceito que Jim Randle queria que o XJ220 participasse em corridas para criar um pedigree e não apenas uma ligação de marketing ao protótipos do Grupo C que a TWR corria - queria uma ligação directa entre o carro de competição e o carro de estrada. Em Janeiro de 1993 a Tom Walkinshaw Racing (TWR) e a Jaguar Sport lançaram o Jaguar XJ220C para competir na classe GT da FIA. E em simultâneo anunciaram o XJ220S que era uma versão de estrada desse XJ200c para cumprir as normas de homologação.
3 XJ220 participaram nas 24 horas de Le Mans em 1993 tendo apenas um conduzido por John Nielsen, David Brabham e David Coulthard terminado no topo da sua classe conduzido...apenas para perder essa vitoria algumas semanas depois devido a incumprimento de regras técnicas.
Todos os painéis de alumínio da carroçaria foram substituídos por painéis de fibra de carbono (excepto as portas) e acrescentaram vários apêndices aerodinâmicos incluindo um aileron traseiro regulável. O motor foi puxado ao máximo até debitar 680 cavalos e 714 nm de binário, tornando o XJ220S capaz de ir dos 0 aos 100km\h em 3,3 segundos e atingir 370km\h.
Foram fabricados apenas 9 TWR XJ220C e apenas 6 na versão de estrada S - a maioria foram parar, infelizmente, aos Estados Unidos.

Videos vários
Record Não oficial do Nurburgring em Setembro 1991 com o prototipo do XJ220 conduzido por John Nielsen

Prototipo original do XJ220 de 1988 com o V12 inicialmente previsto

Top Gear ensaia o Jaguar XJ220


Vídeo promocional do Jaguar XJ220


Clip de "Jaguar - Victory By Design"

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