Como já aqui tínhamos postado, apartir de agora quando vamos trocar os pneus do nosso automóvel já não estamos limitados apenas à informação do preço, medidas permitidas e reputação do fabricante - agora temos mais informação graças à etiqueta europeia obrigatória. As etiquetas são praticas, mas é preciso saber ler nas entre-linhas e como se traduz as classificações de A a G na etiqueta para a vida real - a performance de um pneu pode ser avaliada em mais 50 parâmetros e esta etiqueta apenas tem 3.
Os pneus podem parecer apenas mais um consumível, mas é um produto muito complexo e extremamente importante, já que é a única coisa que liga o carro à estrada e tem que conseguir o melhor equilíbrio possível de uma infinidade de factores, alguns deles anulam-se entre si: aderência em piso seco ou molhado, em diferentes tipos de pisos, aquaplaning, durabilidade, atrito, etc.
Desde o dia 1 de Novembro que é obrigatória, na União Europeia, a presença de uma etiqueta nos pneus semelhante a que encontramos nos electrodomesticos e que contem 3 dados objectivos - impacto do pneu no consumo do automóvel, performance da travagem no molhado e o ruido emitido.
Curiosamente, esta etiqueta nasceu de mais uma ideia ecomentalista da União Europeia - chamar a atenção para os pneus que consomem menos combustível e são mais silenciosos.
Baixar os consumos é facil, como já falamos antes, basta reduzir a resistência ao rolamento sacrificando a aderência/segurança.
Ora desculpem a veia de "teoria de conspiração" mas seria fácil um fabricante de pneus com poucos escrúpulos (por exemplo na China) de conseguir a mesma nota de consumo que um construtor de renome mas sem serem seguros ou eficientes.
Foi preciso bastante discussão e insistência por parte de construtores de pneus para que surgisse o único critério de segurança - a travagem em molhado.
Esta etiqueta até parece uma boa ideia, uma fonte útil de informação, mas se estudarmos com atenção encontramos algumas "falhas" - por exemplo, a relação/diferença entre as classificações de A a G para cada um dos parâmetros de classificação. Na travagem em molhado a distancia de travagem é medida entre os 80 e 20km\h (acima desta velocidade estamos a medir mais a eficiência do sistema de ABS instalado do que a eficiência do pneu): a diferença entre um pneu A e um pneu F é de mais de 18 metros na distancia de travagem. Se equiparmos 2 automóveis iguais, um com pneus A e outro com pneus F (novamente, classificação de travagem de molhado) e ambos travarem a 80km\h o automóvel com pneus F circula a 30km\h quando o outro já parou!
Já em termos de economia é o oposto - a diferença entre um pneu A e um pneu G é de cerca 0.66l/100km, ou seja, mínima na vida real. Consegue mais economia adoptando um estilo mais calmo e suave de condução, sem sacrificar segurança.
Mas há um truque que alguns construtores já chamaram à atenção e que, novamente pessoal com poucos escrúpulos, já aplicou - colocar uma fina camada (pouco mais de 1 milímetro) de borracha muito eficaz para travar no molhado por cima de um pneu de baixo atrito. Ao fim de uns 2.000 quilómetros essa camada desaparece e a eficiência de travagem vai-se.
Como escolher então o seu pneu - primeiro vá para uma marca de confiança, uma que tenha meios técnicos e fundos para investigação cientifica e tenha muito a perder se tiver um produto defeituoso.
Depois escolha um pneu com nota A ou B na travagem em molhado - a diferença são de 3 metros na distancia de travagem de 80km\h. E só depois olhe para a questão da economia - a verdade é que consegue poupar mais combustivel alterando a sua condução que trocando os pneus.
Deixo também um desejo - que esta etiqueta seja uma fonte de informação de confiança e não um meio de impingir produtos de baixa qualidade incluindo mais dados importantes, como a travagem a seco, a resistência ao aquaplaning ou durabilidade útil do pneu. Ou então simplesmente impor testes de homologação com níveis mínimos de segurança para que possam chegar ao mercado. É que se a sua máquina da loiça gastar um pouco mais de energia paga mais na conta da luz, mas se os seus pneus falharem não fica ninguém para pagar a conta.
E nós perdemos leitores o que é chato já que não temos assim tantos...
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