2011 - Ano negro para o condutor português

Segundo os mais recentes indicadores económicos e dados internacionais, nomeadamente de alguns recados vindos de Bruxelas (excepto dados do Governo pois parece estar tudo bem), o ano de 2011 será um dos mais difíceis para o povo português, afectando todos os quadrantes da sociedade portuguesa. Da economia à cultura, do emprego à saúde. Todos serão afectados, inevitavelmente.


É uma dura realidade esta. Esta realidade de ser português e vermos o nosso país, a nossa sociedade, a afundar-se em défices intermináveis e aparentemente descontrolados, sem que para isso haja uma justificação clara, objectiva e concreta, défice esse associado a crises morais e a um período económico difícil. No fundo, uma sociedade abalada nas suas raízes. O 4r1v sempre evitou ser reinvindicativo, ou fomentador de ambientes hostis derivados de opiniões revoltadas, mas chegou a hora de também "nós por cá" abordarmos alguns temas, originarmos algumas discussões saudáveis e contribuir para, todos juntos, partilharmos formas e ideias tendo em vista uma preparação mais eficaz face aos tempos negros que aí vêm, com particular focus no panorama automóvel.

Será uma tarefa para super heróis entender esta medida. Na sua maioria, a construção, conservação e manutenção das estradas portuguesas é financiada com o dinheiro dos impostos dos contribuintes, havendo também comparticipação de fundos comunitários. No caso das auto-estradas, no modelo de portagem, para além de uma ajuda do Estado no custo da construção, é o utilizador da mesma que através do pagamento da portagem sustenta a construção, financiamento, manutenção e exploração da auto-estrada.

As antigas SCUT - A4 (Matosinhos - Águas Santas), A17, A28, A29, A41 e A42 deixaram o regime SCUT e passaram a ser pagas às 00h00 de 15 de Outubro de 2010, dando assim inicio ao plano do Governo de eliminação das SCUT - passarão agora a CCUT - Com Custo para o Utilizador, ou simplesmente Auto Estradas. E se por um lado assegura uma receita estimada de cerca de 165 milhões de euros em 2011, o que ajudará as Estradas de Portugal a equilibrar as contas, é certo que prejudica o orçamento das pessoas que por lá têm que passar obrigatoriamente, já que as alternativas nacionais por este andar, ficarão completamente congestionadas.

Para quem não optar pelo pagamento electrónico, a alternativa é o pós-pagamento mediante identificação do veículo por fotografia. O utilizador tem cinco dias para liquidar cada transacção, mas terá de pagar os custos administrativos desta opção - até dois euros. Os estrangeiros e utilizadores pontuais das Scut poderão alugar um dispositivo temporário com pré-carregamento numa estação de serviço, em troca de uma caução de 50 euros para ligeiro e de 100 euros para veículo pesado.

As tarifas são as seguintes:

Apesar de o Governo admitir a isenção para o trãnsito local em determinados locais, segundo Rui Ferreira do Movimento de Contestação às Portagens nas SCUT, considera que "as isenções locais não são mais do que uma tentativa de dar uma coisa com uma mão e, com a outra, desmobilizar o descontentamento. As isenções são o reconhecimento implícito que não há alternativas de percurso. No entanto, isenções locais em vias regionais de pouco servem".

A título de exemplo, um automobilista que se desloque, diariamente, entre o Porto e Viana do Castelo, pagará, em 22 dias úteis, 178,20€...

Por outro lado, o Secretário de Estado das Obras Públicas diz que "A cobrança é efectuada aos utentes que passam nos pontos previamente determinados, existindo trajectos que permitem a utilização da auto-estrada sem passar por qualquer ponto de cobrança. Os troços não são isentos de portagem mas há utilizadores locais que a podem utilizar sem incorrer em qualquer pagamento", explica Paulo Campos. Retirem as vossas conclusões...

Para dar continuidade a esta bela prenda, o Governo como entidade generosa que é, irá aumentar o IVA para 23%. Se conjugarmos o IVA a 23%, o Imposto Único de Circulação e o Imposto Sobre Veículos, os impostos directamente aplicados na compra de veículos novos (mais económicos, fiáveis, seguros), assumem proporções difíceis de gerir por um sector já de si afectado pelo menor consumo das famílias, associado ao preço dos combustíveis. O sector de usados também não escapa obviamente, tal como as reparações, revisões...

Quando comparados os preços em Abril com os valores médios dos preços de 2009, os preços médios dos combustíveis rodoviários em Portugal sofreram um aumento de
13,3% para a gasolina 95,e de 15,9% para o gasóleo (rodoviários). Só de Janeiro a Agosto, a gasolina aumentou 4% e o gasóleo 8%.

Portugal está no ranking dos países europeus com combustíveis mais caros, e este aumento do IVA só vai agravar ainda mais um panorama que se avizinha dramático para o orçamento das famílias. Claro que o Governo tem de equilibrar as contas públicas, tem de cortar no desperdício, tem de cumprir os compromissos com Bruxelas, mas não levando os portugueses à ruína financeira com um dos Pack's de impostos mais elevados para os seus cidadãos a nível europeu e mundial, sem que daí advenha uma contrapartida reconhecidamente justa e coerente para o contribuinte.

Como referimos no início, e evitando uma incursão por dados mais políticos já que não é esse o objectivo deste blog, já o 4r1v não quer contribuir para o alarmismo, pessimismo, ou para um aumento do desânimo dos seus leitores, mas sendo que este assunto está na ordem do dia, e são já milhões os artigos publicados na imprensa sobre este assunto, decidimos dar um pequeno contributo nesta matéria, fomentando a partilha de opiniões, abrindo o nosso espaço de comentários para as vossas ideias, experiências, alternativas e rumos a seguir face a este cenário que, na falta de melhor palavra, se apresenta negro para o condutor português.

2 comentários:

  • Anónimo says:
    7 de novembro de 2010 às 02:56

    170€??? é muito dinheiro assim do nada, não tinha ideia que seria tanto.

  • Besedaeste says:
    7 de novembro de 2010 às 20:13

    Um amigo meu, que toca bateria na minha banda, dá aulas na Univ em Aveiro e desde que as portagens foram obrigatórias na A29, passou a ter de pagar 120.00€ por mês... assim do nada! Ou seja, imagine passar a ter de gastar mais 120€ por mês... isto, claro, se quiser ir trabalhar... (fd$%&#"ta/)