A importância do ESP

Não sou um grande fã dos SUVs: mais caros na compra e manutenção, menos aerodinâmicos e económicos, menos práticos e mais importante para este post - mais instáveis devido à maior distância ao solo, maior percurso da suspensão e centro de gravidade mais elevado. Este fatores comprometem o comportamento em estrada, particularmente em estradas mais exigentes e em manobras de evasão em que a rápida transferência de peso pode ter resultados desastrosos. Não é um preconceito contra SUVs - é física pura e simples, e ela vence sempre.
Aí entra o ESP (ou Electronic Stability Program) que manipulando o acelerador e travando rodas individualmente tenta manter o seu carro na estrada. Há aquela pergunta que se faz muito atualmente acerca se os condutores estão prontos para "largar" o controlo do seu automóvel à electrónica - nós já fizemos isso desde a introdução do ABS em todos os automóveis e agora mais com o ESP de série...excepto que o ESP não é de série noutros mercados - em muitos ou é um opcional ou nem sequer é possível ter ESP (e o mesmo se aplica a airbags ou mesmo ABS).

A melhor forma de testar a estabilidade de qualquer automóvel é o famoso teste do alce - sim, aquele em que o 1º Mercedes Classe A falhou espectacularmente e uma das soluções foi equipar toada a gama com ESP! Neste caso temos um video do ensaio da revista mexicana Autologia em que testou o Nissan Kicks.

Ora no mercado mexicano o Nissan Kicks o ESP é opcional em toda a gama excepto no modelo mais caro - como é que este se comporta nesta manobra de evasão rápida? O teste ao Kicks começa no minuto 9 do video e quando fizeram o teste a 60 km\h o Kicks assustou o condutor ao levantar uma roda traseira não conseguindo manter a trajectória mas quando repetem o teste a 70 km\h (era o objectivo mas determinaram que afinal o teste foi efectuado a 65 km\h) o Kicks ficou em 2 rodas e só graças a perícia do condutor é que não tombou (minuto 10:25). Quando fizeram o mesmo teste com um Kicks equipado com ESP e um piloto profissional ao volante este manteve-se controlado a 65 km\h completando o teste de forma satisfatória, mas a 69km\h apesar de se manter estável o Kicks não conseguiu completar o teste do alce com sucesso.

Com esta historia a Nissan do México decidiu que todos os Kicks nesse mercado passaram a receber de série o ESP - mas este problema não devia existir logo à partida: o caramelo (um contabilista de certeza) que na reunião da Nissan sugeriu não equipar o ESP em certos modelos devia ter sido despedido na hora. Estamos a falar da vida de pessoas - nada de bom pode vir de uma decisão de dinheiro versus a vida de um ser humano.

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