Porque é que a gasolina está tão baixa

Desde que escrevi sobre o aumento do imposto dos combustíveis e impostos sobre automóveis recebi alguns emails menos agradáveis com algumas ilusões à mistura. Não vou debater se comparar Joao Galamba a cão de colo de Estaline é ir "longe demais" (pista: é uma metáfora inspirada no Octávio Machado) mas que o preço dos combustíveis vai continuar baixo decididamente vale a pena abordar - porque não vai ficar assim muito tempo. 
Em junho de 2014 o preço do barril de petróleo andava nos 110 dólares e mais ou menos nessa altura países fora da OPEC começaram a injetar petróleo no mercado puxando o preço para os valores que temos atualmente. E as consequências são conhecidas - em Dezembro de 2014 10 dos 12 países da OPEC confirmaram que não podiam contar com as vendas de petróleo para manter os seus orçamentos nacionais.

Esperava-se que a OPEC cortasse a produção para subir o preço e alguns países da OPEC pediram isso mesmo, mas na reunião ministerial da OPEC em Novembro de 2014 (e sobre forte influencia da Arábia Saudita) decidiram manter os níveis de produção até empurrarem para fora do mercado os novos produtores que utilizavam tecnologia mais cara de produção de petróleo. Este plano foi a ideia do ministro saudita do petróleo Ali al-Naimi teve algum sucesso levando ao encerramento de varias extrações nos EUA e Canada por exemplo. 

Mas o custo está a ser grande demais para alguns países da OPEC como a Venezuela, Angola e o Irão mas agora está a começar a ser grande demais para o principal defensor desta abordagem e maior produtor mundial: a Arábia Saudita.
O preço do petróleo está tão baixo que a Arábia Saudita tem um buraco no seu orçamento de 15% ou 98 biliões de dólares e teve que introduzir novos impostos e reduzir ajudas estatais na água, eletricidade e combustíveis para compensar. Verdade que além do baixo preço do petróleo a Arábia Saudita também está a ajudar militarmente os opositores ao regime de Bashar al-Assad na Síria e também no Yemen. 

A pergunta é até quando é que a Arábia Saudita consegue aguentar este défice e a pressão dos restantes países (OPEC e não OPEC) bem como dos seus próprios cidadãos para cortar a produção para que o preço volte a subir - nessa altura duvido que o governo português corte no imposto sobre os combustíveis.

Portanto, se está a contar com o preço baixo dos combustíveis saiba que não vai durar muito.

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