Dieselgate - novo ponto de situação 12/10

Novo apanhado das mais recentes noticias relacionadas com o dieselgate by Volkswagen.

Winterkorn de saída - de vez?
Segundo o jornal Sueddeutsche Zeitung, que cita fontes internas, Winterkorn ira em breve abandonar os restantes postos que ocupa na Volkswagen. A questão é que das 4 posições que ainda ocupa uma delas é "exterior" a Volkswagen e talvez a mais importante: Winterkorn é o CEO da Porsche SE, a holding familiar que controla a maioria das acções do grupo VW e aí poderá ser complicado de tira-lo se ele não quiser sair.

Individuos culpados, não a empresa
O CEO da VW Group of America Michael Horn foi prestar declarações ao congresso americano e talvez o mais interessante que disse foi que foi uma decisão de alguns individuos, provavelmente engenheiros de software e não da empresa falsear os resultados dos testes de emissões. Citando directamente Michael Horn: "To my understanding, this was not a corporate decision; this was something individuals did. This was a couple of software engineers who put this in for whatever reason."
Horn confirmou que só na primavera de 2014 é que foi informado que a VW poderia estar em incumprimento dos limites de emissão devido ao tal estudo da universidade da West Virginia, mas só a 3 de Setembro deste ano é que descobriu acerca do software que alterava as emissões durante os testes de homologação.
Só um comentário pessoal - isto de culpar os informáticos esta a ficar velho muito rapidamente...

França planeia cortar incentivos ao diesel
Como muitos países na Europa, a França dava incentivos ou penalizava veículos com base apenas na quantidade de CO2 produzida, e quem vai a Paris consegue ver o impacto que isso teve. Agora, aproveitando o DieselGate o governo francês prepara-se para cortar nos incentivos a estes veiculos. Segundo a ministra do ambiente Segolene Royal o orçamento para 2016 os impostos vão subir para os diesel e baixar para os a gasolina para equilibrar a diferença.

E será uma posição que provavelmente vamos ver em muitos países europeus, mas no caso francês trata-se de aproveitamento da situação para melhorar as receitas fiscais porque além de cortar nos incentivos dos diesel também cortaram nos incentivos dos híbridos plug-in: antes tinham uma ajuda de 4.000 euros, mas apartir de Janeiro 2016 passa para 1.000 euros. Ora estes híbridos funcionam a gasolina, poluem menos graças ao hibrido e a França produz quase toda a sua eletricidade do nuclear que é limpa de emissões...porque prejudicar as vendas dos automóveis que podem ajudar? Mas não só só estes - os híbridos clássicos passam de um incentivo 2.000 euros para apenas 750 euros. Mas os elétricos recebem uma ajuda extra - mantém o subsidio de 6.300 euros e pode passar a 10.000 euros se der um veiculo diesel com 10 ou mais anos para o abate (antes era apenas para diesel com mais de 15 anos).

Banco Europeu de Investimento pode querer o seu dinheiro de volta
Segundo o chefe do European Investment Bank (EIB) Werner Hoyer ao Sueddeutsche Zeitung, o EIB vai avaliar se algum dos fundos emprestados ao construor foram usados em automóveis afetados pelo DieselGate e se assim for pode exigir o seu dinheiro de volta. É que o EIB já emprestou à VW desde 1990 cerca de 4.6 biliões de euros e alguns desses fundos foram para o desenvolvimento de motores de baixas emissões.

Treta do dia
É incrível a quantidade de histórias que tentam de uma forma ou de outra aproveitar o dieselgate para atrair leitores - verdade que escrevo sobre o assunto, mas faça-o revendo cuidadosamente o material e não apenas gerar confusão. Mas se a maior parte apenas publica o que encontra ou fala de 2 assuntos em nada relacionados com o dieselgate no meio, o Económico resolveu passar logo directamente à mentira
Logo à partida temos o titulo sonante de "Mercedes, Honda, Mazda e Mitsubishi com níveis de poluição ilegais" que faz logo parecer que há mais construtores a falsearem as emissões. Mas ao ler o artigo e investigar um pouco vemos que não é nada disso - trata-se da velha questão da diferença entre as emissões em laboratório e "na vida real e isso é claro na noticia do Guardian, mas o Económico torceu completamente a noticia (se por erro ou propositado quem sabe) e reforça a mentira no fim: "Todos estes automóveis passam nos testes de laboratório impostos pela legislação europeia mas depois de vendidos as emissões disparam e são superiores aos limites legais." Ou seja, os construtores mandam uns automóveis para homologação mas vende outros completamente diferentes...

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