GM sente o calor

Sim, alguém deixou a GM no fogão e continua a abrir o gás.

A General Motors pediu a um tribunal federal que proíba um grupo de clientes de juntar material sobre a forma como lidou com todo este debáculo da ignição defeituosa - neste caso trata-se de um conjunto de processos levantados por propriétarios que dizem ter perdido dinheiro porque os seus automóveis desvalorizaram. Ou seja, além de empurrar este conjunto de pessoas para o tribunal de falências para lidar com "a velha GM" quer ainda dificultar que estes sejam capazes de obter mais informação da GM - provavelmente porque poderá afectar os casos que envolvem mortes e feridos que podem resultar em alguém acabar com os costado na cadeia.
E temos as pessoas certas e as pessoas erradas à procura disso mesmo - erradas são os políticos americanos cada vez menos respeitados pelo seu próprio povo e numa tentativa de demonstrar que se preocupam com o "povinho" investigam e procuram saber quando é que a actual direcção de Mary Barra descobriu sobre este problema. Isto porque 2 colaboradores próximos de Barra trabalhavam com o engenheiro que investigou este problema de 2011 a 2013.
E quem são as pessoas certas para mandar alguém para a cadeia? Que tal os pais de jovem que morreu ao volante de um Chevrolet Cobalt que chegaram a acordo em tribunal com a GM, mas que agora se sabe mentiram em tribunal? Já aqui tínhamos falado de Brooke Melton que morreu aos 29 anos num acidente com o seu Chevrolet Cobalt, quando o motor se desligou e não foi capaz de evitar um embate no qual os airbags não se activaram. Este caso curiosamente não entra nas 13 mortes contabilizadas pela GM neste problema porque o embate foi mais de lateral e não de frente.
O problema é que foi neste caso que a GM negou ter autorizado ou conhecimento de qualquer alteração no designe da ignição do Chevrolet Cobalt - algo que o engenheiro da GM Ray DeGiorgio repetiu no congresso, e como sabemos agora afinal ele estava mentir tendo sido ele a concordar com a alteração do sistema e atribuir o mesmo número de peça (provavelmente para dar ideia que nunca houve uma alteração). Ora, em face destes factos é claro que o acordo feito no julgamento da morte de Brooke Melton foi feito com base em mentiras.
A família Melton quer denunciar o acordo, e até disseram que devolvem todo o dinheiro pago pela GM, já que este foi feito com base em falsidades. Algo a que a GM respondeu "Nem pensem" - não disseram isso mas mais valia, eis o copy-paste da resposta “As an initial matter, General Motors LLC (‘GM’) denies the assertion that GM fraudulently concealed relevant and critical facts in connection with the Melton matter. And GM denies it engaged in any improper behavior in that action.” Ou seja, segundo eles a GM não fez nada de errado logo não tem que aceitar refazer o julgamento.
A família Melton já apresentou queixa em tribunal e falta esperar - claro que em qualquer pais os juízes não gostam de voltar atrás nas suas decisões, mas também não gostam de ser enganados. A GM abriu aqui uma nova frente que pode vir a ser muito perigosa - se esta família conseguir que um acordo já feito seja revogado e novamente julgado vai haver uma longa fila de outros casos idênticos a quererem fazer o mesmo.
E para por sal na ferida - aparentemente não é só os consumidores, senadores e clientes chateados com a GM - até os fornecedores não gostam da GM! Segundo uma sondagem nos EUA da Planning Perspectives Inc aos fornecedores da industria automóvel a General Motors é a que a industria menos gosta - problemas de confiança, comunicação, respeito por direitos de propriedade e flexibilidade na alteração de preços por aumento de custos de matérias primas. Curiosamente, os mais apreciados pelos fornecedores são a Toyota e a Honda - os fornecedores americanos preferem trabalhar com os japoneses do que com as empresas nacionais!

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